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Fontinhas, excerto 19
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INF1 São seis semanas seguidas, tal e qual como isto é.
Ou seja, oito seguidas, que são oito oito semanas.
[pausa] Exa– [pausa] Exactamente.
Ele tem a distribuição do compromisso, não é?
É a distribuição do bodo,
Os úl- Os primeiros seis, não há bodo aqui [pausa] no arraial;
só há aquela festa em casa do imperador [pausa] que prometeu isso, não é?
INF1 E aqui há o bodo dos irmãos todos da freguesia.
INF1 O bodo é o [vocalização] é no [vocalização] domingo da Trindade, não é?
INF1 Um Espírito Santo e o outro [pausa] da Trindade.
INF1 O bodo No dia do bodo, então, o Senhor Espírito Santo quando sai daqui da igreja, que vem de casa do imperador
INF1 coroado, vem acompanhado com o senhor padre e a filarmónica
entra tudo aqui dentro, na despensa.
Depois de benzer o pão, o Senhor Espírito Santo vem para aqui.
E o senhor padre recebe ali uma uma rosquilha e um pão de bodo, que vem a ser um pão de água.
Os mordomos, depois então, e mais as pessoas que convidam [vocalização] fazem uma distribuição aqui neste largo a toda a gente que aparece aqui.
E há dois homens no caminho:
um naquela ponta, outro nesta;
todas as pessoas que passarem, de fora da freguesia, quer seja de carro, quer seja de camioneta – não é? –, toda a gente tem que parar e entrar aqui dentro.
[vocalização] comem massa,
Ninguém lhes chama para dar nada, não é?
Esse que quer dar alguma coisa, dá;
E [vocalização] há a distribuição em geral, para toda a gente.
Depois de essa distribuição feita, há uns foguetes, muitos foguetes, que se acabou o bodo.
As pessoas cada qual vai para sua casa.
[vocalização] O [vocalização] O imperador tem os seus convidados todos
e segue com o cortejo, com o império, para a sua casa;
e lá vai dar o mesmo jantar que se deu nas semanas de anterior, está a perceber?
Quando dá o jantar, volta para aqui [pausa] da parte da tarde.
e então aqui ele traz umas rodas de carne,
traz [vocalização] açafate com laranjas,
traz duas latas de queijadas,
traz duas latas de suspiros, ou seja, um cento de cada: um cento de laranjas, um cento de [vocalização] de suspiros e um cento de queijadas.
[pausa] Quando ele chega aqui, àquelas pessoas que foram na vereança – que a gente chama àquele que foi coroado, e ao que leva aquela insígnia, ao outro que leva a bandeira, e que vem a ser trinta pessoas –, ele dá um serviço a cada pessoa.
Serviço esse que a gente chama que é: uma laranja, uma lima e uma queijada, [pausa] e um suspiro – uma laranja, [pausa] uma queijada e um suspiro! – [pausa] que ele oferece a cada um.
E oferece o mesmo aos mordomos que estão ali, que são aqueles que tomam conta do pão e do vinho, está a perceber?
E depois disso, saem os rapazes…
Ele, nessa altura, a filarmónica está a tocar ali no adro, toda a tarde,
[vocalização] Saem uns rapazes com esses serviços – que a gente lhe chama, não é? – nuns pirezinhos,
e vão aí por esses rapazes que estão namorados, distribuírem um;
e depois o rapaz fica com aquele serviço – não é? –,
dá dois escudos e meio ou cinco escudos na bandejinha,
lá vai oferecer à sua namorada aquilo, como foram oferecer a ele.
INF Uma coisa que vem que eu sempre me lembra de isso se fazer.
E [vocalização] o bodo continua assim durante a tarde.
Quando é ali à tardinha, há muitas pessoas que oferecem uma galinha ao Senhor
Espírito Santo e, às vezes, junta-se aqui umas vinte, vinte cinco galinhas, não é?
Há uma arrematação, [pausa] aqui, onde essas pessoas que estão aqui presentes – que isto tem aqui muita gente, não é? – e [vocalização] dão em picar
e arremata-se as galinhas aqui.
INF Foram oferecidas em promessa, não é?
INF Depois [vocalização] Como também há pessoas que oferecem um leitão.
e a gente arremata-o aqui,
e o que mais dá é que fica.
Como também há muitos que oferecem um bezerro;
também há muitas pessoas que oferecem um bezerro.
INF Tudo isso é arrematado nessa altura.
É os rendimentos que esta casa tem são esses,
Depois a gente aí faz contas ao dinheiro.
Se a gente diz: "Olha, pois então este ano temos dinheiro que a gente talvez pudesse compensar aquilo que a gente tem em falta" – não é? –,
lá a gente utiliza o dinheiro logo naquela falta que temos, está a perceber?
A gente praticamente estamos sempre em dívida.
A gente entrega sempre dívida de um procurador ao outro.
Nunca entregamos dinheiro.
Porque [vocalização] – o senhor sabe? – [pausa] eu estou,
quero fazer o mais e o melhor possível – não é? –,
pois trato de fazer tudo por tudo,
ele chego ao fim não tenho dinheiro,
pois gasto algum da minha algibeira
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