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Fontinhas, excerto 34

LocationFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Cálias Calígula Calvino
SurveyALEPG
Survey year1981
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Os bailaricos folclóricos, [pausa] nós também os temos .
[2]
E isso é tradição do continente.
[3]
Embora a gente saiba que é do continente, pois a gente não é? , a gente é a nossa tradição.
[4]
não é o mesmo bailarico que é feito,
[5]
INF1 mas é idêntico.
[6]
INF2 É.
[7]
INF1 Portanto, herdámos de .
[8]
INF1 Mas depois foi adaptado [vocalização] ao meio açoreano.
[9]
[pausa] Isto não é tentar diferenciar uns dos outros.
[10]
O que eu estou a dizer é que
[11]
INF1 Entre [vocalização] É que o [vocalização] açoreano [vocalização] realmente é um povo pacato.
[12]
Gosta de estar muito entre si.
[13]
É, é.
[14]
Gosta de ficar na casca.
[15]
São coisas
[16]
INF1 [vocalização] Antes do terço, é, o bailarico.
[17]
INF2 Antes do terço.
[18]
INF1 Mesmo agora muito.
[19]
INF2 [vocalização] Agora, agora é muito diferente daquilo que a gente
[20]
INF1 É,
[21]
ele é.
[22]
Eu costumava ver.
[23]
INF2 Nesse, nesse Nesse ponto, nesse aspecto, então, está-se morrendo a tradição.
[24]
INF1 [vocalização] E morre.
[25]
INF2 [vocalização] Em que [vocalização] havia aquele género de baile que a gente chama o baile à antiga, que é um baile folclórico, mas sem preparação de ninguém, sem ensaios.
[26]
INF1 Chegava ali
[27]
INF2 Porque nos grupos folclóricos, ensaiam-se;
[28]
eles não.
[29]
Ele chegava-se aqui
[30]
e deitava-se a mão a quatro rapazes, quatro raparigas, ou oito raparigas, senão oito rapazes,
[31]
não interessava,
[32]
faziam aquela rodazita,
[33]
iam andando,
[34]
depois começava um,
[35]
mandava:
[36]
desmancha,
[37]
ou ele quebra o baile,
[38]
vira para aqui,
[39]
vai para a direita,
[40]
e não sei quantos;
[41]
depois um cantava,
[42]
depois o outro cantava,
[43]
depois faziam coro, não é?
[44]
INF1 Pois is- Isso está
[45]
INF2 Isso praticamente está acabado.
[46]
Isso está acabado porque [vocalização] a juventude está toda dedicada a discos, gravações, cassetes [vocalização]
[47]
INF1 Não.
[48]
Graças Graças à música pop.
[49]
INF2 É música moderna.
[50]
INF1 Sim, é graças à música pop.
[51]
Está tudo a virar para a música pop.
[52]
A música pop, pois, isso é bom é para eles.
[53]
INF2 Faz barulho.
[54]
INF1 nada, homem!
[55]
para Moçambique, Angola, para esses lados, os gajos não fazem outra coisa:
[56]
batucam, não é?
[57]
Mas é,
[58]
no entanto, é, infelizmente
[59]
Infelizmente para nós, a tradição nesse caso está morrendo.
[60]
INF2 Está morrendo.
[61]
muito pouquinho, muito pouquinho!
[62]
INF1 E morre!
[63]
E vai mesmo.
[64]
INF2 Ainda Ainda se ele é fazer as umas rodazitas, muito pouco
[65]
INF1 Os cantadores aguentam-se
[66]
mas isto isto mais dia, menos dia, talvez daqui a dois, três anos não .
[67]
INF2 Bem, os cantadores aguentam-se
[68]
mas a gente não pode garantir que se aguentem.
[69]
INF1 Nunca mais é o mesmo.
[70]
INF2 [vocalização] Vamos .
[71]
[vocalização] Ora, ontem as provas foram dadas aqui
[72]
e é uma coisa que pode ser bem analisada através da gravação, em que nós os mais novos tentámos fazer o nosso possível, enquanto os outros, com a maior facilidade, com a maior naturalidade, fizeram o que quiseram e restou-lhe tempo para fazer mais ainda.
[73]
Portanto, além da grande prática que têm, têm um dom muito especial mesmo.
[74]
INF1 Ora, aquilo nasce com a pessoa!
[75]
INF2 Provavelmente os cantadores se vão manter.
[76]
Eu não digo que não.
[77]
Mas esses cantadores vão-se manter mais [vocalização] a morrer mais um, um
[78]
Quer dizer, nunca mais tivemos um [pausa] Luís de Camões,
[79]
[pausa] nunca mais tivemos um Guerra Junqueiro, [pausa] não é isso?
[80]
[pausa] Nunca mais tivemos um Bocage.
[81]
Vamos tendo,
[82]
vamos tendo uns certos poetas por abaixo,
[83]
aparecem muitos,
[84]
mas esses são simples Régios.
[85]
[pausa] Assim sucede com o improviso.
[86]
INF1 Eh, não!
[87]
Vão mudando vão
[88]
, tem que meter uma coisa:
[89]
menciona o Vitorino Nemésio, não é?
[90]
INF2 O Vitorino Nemésio?
[91]
INF1 Ah, não?!
[92]
O Vitorino Nemésio!
[93]
Menciona-o,
[94]
menciona-o .
[95]
INF2 Sim senhor.
[96]
Sim senhor.
[97]
INF1 Está , na nossa época.
[98]
INF2 E menciona o Antero de Quental!
[99]
INF1 Não, não.
[100]
Na nossa época

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