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Fontinhas, excerto 34
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INF1 Os bailaricos folclóricos, [pausa] nós também os temos cá.
E isso é tradição do continente.
Embora a gente saiba que é do continente, pois a gente – não é? –, a gente é a nossa tradição.
Já não é o mesmo bailarico que é lá feito,
INF1 Portanto, herdámos de lá.
INF1 Mas depois foi adaptado [vocalização] ao meio açoreano.
[pausa] Isto não é tentar diferenciar uns dos outros.
O que eu estou a dizer é que…
INF1 Entre [vocalização] É que o [vocalização] açoreano [vocalização] realmente é um povo pacato.
Gosta de estar muito entre si.
INF1 [vocalização] Antes do terço, é, o bailarico.
INF1 Mesmo agora há muito.
INF2 [vocalização] Agora, agora é muito diferente daquilo que a gente…
INF2 Nesse, nesse Nesse ponto, nesse aspecto, então, está-se morrendo a tradição.
INF1 [vocalização] E morre.
INF2 [vocalização] Em que [vocalização] havia aquele género de baile que a gente chama cá o baile à antiga, que é um baile folclórico, mas sem preparação de ninguém, sem ensaios.
INF2 Porque nos grupos folclóricos, ensaiam-se;
e deitava-se a mão a quatro rapazes, quatro raparigas, ou oito raparigas, senão oito rapazes,
depois faziam coro, não é?
INF2 Isso praticamente está acabado.
Isso está acabado porque [vocalização] a juventude está toda dedicada a discos, gravações, cassetes [vocalização]…
Graças Graças à música pop.
INF1 Sim, é graças à música pop.
Está tudo a virar para a música pop.
A música pop, pois, isso é bom é para eles.
Lá para Moçambique, Angola, para esses lados, os gajos não fazem outra coisa:
no entanto, é, infelizmente…
Infelizmente para nós, a tradição nesse caso está morrendo.
Há muito pouquinho, muito pouquinho!
INF2 Ainda Ainda se vê ele é fazer as umas rodazitas, muito pouco…
INF1 Os cantadores aguentam-se
mas isto isto mais dia, menos dia, talvez daqui a dois, três anos já não há.
INF2 Bem, os cantadores aguentam-se
mas a gente não pode garantir que se aguentem.
INF1 Nunca mais é o mesmo.
INF2 [vocalização] Vamos lá.
[vocalização] Ora, ontem as provas foram dadas aqui
e é uma coisa que pode ser bem analisada através da gravação, em que nós os mais novos tentámos fazer o nosso possível, enquanto os outros, com a maior facilidade, com a maior naturalidade, fizeram o que quiseram e restou-lhe tempo para fazer mais ainda.
Portanto, além da grande prática que têm, têm um dom muito especial mesmo.
INF1 Ora, aquilo nasce com a pessoa!
INF2 Provavelmente os cantadores se vão manter.
Mas esses cantadores vão-se manter já mais [vocalização] a morrer mais um, um…
Quer dizer, nunca mais tivemos um [pausa] Luís de Camões,
[pausa] nunca mais tivemos um Guerra Junqueiro, [pausa] não é isso?
[pausa] Nunca mais tivemos um Bocage.
vamos tendo uns certos poetas por aí abaixo,
mas esses são simples Régios.
[pausa] Assim sucede com o improviso.
Aí, aí tem que meter uma coisa:
menciona o Vitorino Nemésio, não é?
INF2 O Vitorino Nemésio?…
INF1 Está lá, na nossa época.
INF2 E menciona o Antero de Quental!
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