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Unhais da Serra, excerto 39

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Dimas Diodoro

Text: -

[1]
INF1 Se quer plantar uma videira…
[2]
Mas é para enxertar?
[3]
INF1 Abre uma covazinha aí com [vocalização] quarenta de fundo.
[4]
Abre uma covazinha aí com quarenta de fundo,
[5]
[pausa] mete-lhe um bocado de estrume no fundo, aí [vocalização] uma pequena porção de estrume no fundo,
[6]
e depois bota-lhe uma porçãozinha de terra de cima do estrume, [pausa] aí [vocalização] três dedos [vocalização] de terra de cima do estrume;
[7]
e depois pega na planta brava, na videira brava,
[8]
abre-lhe a raiz assim para o lado, assim muito abertas,
[9]
dá-lhe então um jeito de escangalhá-la assim,
[10]
planta de cima daquela terra.
[11]
E depois segura a planta assim
[12]
e bota-lhe mais terra aqui de cima.E depois
[13]
INF1 A plantação.
[14]
INF1 A plantação.
[15]
INF1 E depois bota-lhe uma porção de terra de cima;
[16]
[pausa] e depois a faltar a faltar aí [vocalização] cinco centímetros [vocalização] para encher a poça, faz aquela plantação,
[17]
deita a terra de cima – raiz escangalhada!
[18]
INF1 Que é para cada uma cada uma ir para o seu termo.
[19]
INF1 Não é juntas, toda a ir para o mesmo lado.
[20]
Assim, para todas perguntarem a vida!
[21]
Umas para um lado, outras para o outro.
[22]
Mas já está o estrume por baixo.
[23]
E põe um bocado de terra em cima, aí [vocalização] cinco ou sete centímetros de terra em cima,
[24]
e fica ma- e fica a poça mal cheia.
[25]
Ainda há terra para para lá ir.
[26]
E depois pegam num balde de água – mesmo que seja de Inverno,
[27]
seja em que tempo for –,
[28]
INF1 pegam num balde de água
[29]
e enche a poça.
[30]
INF1 Enche a poça
[31]
e depois a água vai-se sumindo para baixo.
[32]
Depois de a água estar chupada, bota o resto da terra [pausa] para de cima.
[33]
Bota o resto da terra que está fora para de cima.
[34]
E se o tempo vai seco…
[35]
Depois faz uma caldeirazinha em volta, uma pocinha.
[36]
INF1 E se o tempo vai seco,
[37]
INF1 depois aí de oito em oito dias, um baldezinho de água.
[38]
INF1 O bravo.
[39]
INF1 Depois ao, e depois ao ano a seguir [pausa] E depois ao ano a seguir, o bravo já está plantado,
[40]
já está crescido,
[41]
já está a querer crescer…
[42]
Oh, num ano não dá para isso!
[43]
INF1 É preciso dois anos.
[44]
INF2 Dois anos.
[45]
INF1 É preciso dois anos.
[46]
E depois o bravo já está talvez aí da grossura do meu dedo,
[47]
e depois vai então buscar uma qualidade que a senhora entende, de boa qualidade.
[48]
Vai buscar aonde sente que haja,
[49]
onde saiba que haja, vai buscar um garfozinho.
[50]
Vai buscar um garfozinho.
[51]
[pausa] Vai buscar um garfozinho e depois [vocalização]…
[52]
Bem, isso a senhora não é capaz de saber fazer.
[53]
INF1 Fazer uma coisa assim aguçada,
[54]
INF1 assim uma coisinha aguçada, e deixa aqui um olhozinho.
[55]
INF1 Pois, na p– na parte aguçada.
[56]
Fica um olhozinho,
[57]
INF1 aguça assim, um corte todo certinho,
[58]
INF1 todo assim bem certinho, bem aguçadinho.
[59]
E depois chega [pausa] chega à [vocalização] figueira brava,
[60]
INF1 ata-lhe um bocadinho de de ráfia, aqui ao fundo, ou seja um baraço,
[61]
INF1 um baraço maleável,
[62]
ata-o aqui ao fundo,
[63]
e abre assim aqui.
[64]
INF1 Uma racha.
[65]
Mas já aqui tem uma, uma [vocalização] um travão para não deixar alargar.
[66]
INF2 Para não ir mais para baixo.
[67]
INF1 Para não abrir muito.
[68]
INF2 Para não abrir mais.
[69]
INF1 Para não abrir muito.
[70]
Abre então aqui
[71]
e depois pega então na cunhazinha que fez com já com um olho…
[72]
Porque fica com dois olhos, [pausa] um no cimo e outro quase no fundo.
[73]
INF1 Mete aqui assim muito justozinho.
[74]
Mete Ele arranja até uma cunhazinha de madeira para aqui alargar um bocadinho,
[75]
e vai metendo sem ferir [vocalização] sem ferir nada, nem dum lado nem do outro.
[76]
Por isso tem aquela cunhazinha para para não deixar ferir.
[77]
INF1 E depois mete para baixo, onde até que fica bem justozinho, [pausa] a casca bem unida uma com a outra, e depois aqui mais um bocadinho de ráfia – dessa ráfia das videiras…
[78]
INF1 Aqui, um bocadinho de ráfia aqui, tal, tal [vocalização], tudo bem atabicadinho[pausa] e depois lá
[79]
INF1 e depois ele põe-lhe terra [pausa] bem bem apertadinha.
[80]
INF2 Tem que tapar.
[81]
INF1 Mas podendo ser, podendo ficar debaixo de terra é melhor do que ficar fora.
[82]
INF1 Podendo ficar debaixo de terra é melhor do que ficar fora.
[83]
Porque debaixo de terra, a própria terra está a ajudar a soldar;
[84]
e se ficar fora, se ficar fora da terra, já não é tão bem.
[85]
INF2 Nem pega tão bem.
[86]
INF1 Se calhar [vocalização]…
[87]
INF1 Um enxerto.
[88]
INF1 Um enxerto.
[89]
INF1 Se calha Se calha a pegar…
[90]
[vocalização] Isso falha muito.
[91]
INF1 Isso falha muito.
[92]
Isto é…
[93]
Ele lá tem o nome:
[94]
é um enxerto.
[95]
INF1 Lá tem Lá tem o nome:
[96]
é um enxerto.
[97]
INF1 [vocalização] Isso falha muito.

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