INQ E aqui não era hábito haver pessoas que trabalhavam ao dia para outros, não?
INF Há. Havia. E até havia pessoas que [vocalização] [pausa] iam trabalhar para as casas das pessoas. Havia pessoas muito pobres – isto há, no tempo, há vin- há quarenta anos atrás.
INQ Rhum-rhum.
INF [vocalização] Havia pessoas que eram muito pobres e iam para as casas dos outros trabalhar, ganhando uma insignificância. Mas aliviavam a família em casa porque comiam fora, vestiam fora. Quase que iam para as casas trabalhar pela comida, e pela roupa, e pouco mais.
INQ Rhum-rhum.
INF [vocalização] Ficavam para lá anos! Eu conheço um rapaz que trabalhou em casa numa casa dum patrão [pausa] doze anos – ou dez, ou doze anos –, a pessoa já considerava-se pessoa de família.
INQ Rhum-rhum.
INF E [vocalização] O que ganhava era pouco! Mas já ajudava a… O pouco que ganhava ajudava a família e aliviava a família nas despesas que que lhe fazia na casa.
INQ Mas não dava nome nenhum a esses homens que trabalhavam a dias?
INF Criados.
INQ Criados.
INF "Está por Está por criado em casa de fulano".
INQ Mas esse ficava durante muito tempo lá?
INF Sim.
INQ Mas esses que iam assim só a um, a um dia ou dois?
INF "Está [vocalização] Ele está a trabalhar ao dia"! Trabalhava ao dia. Mas [vocalização] criadas aqui nos Cedros, muita gente foi servir de criada para a cidade. Raparigas novas, de famílias numerosas, iam servir de criadas para a cidade. Eu conheço uma senhora que esteve vinte e um ano para a trabalhar por criada numa casa. [pausa] Chamava-se criada, ao passo que hoje não se pode ouvir essa palavra.
INQ Pois.