INF O pardal então é uma ave terrível. Porque vai fazer os ninhos… [pausa] Este Verão, os meus netos foram acima da casa desta, acima do tabique, por baixo da telha, e juntaram não sei se foram dois, se foram três baldes cheios de [pausa] de pardalitos, de pardais pequeninos, que elas foram para lá fazer os ninhos. E [vocalização] precisávamos de saber como é que elas conseguem levar tanta fo- erva – ervas secas, folhas de foliões folhas… Ervas secas! Por debaixo da telha, por cima do tecto da por cima do tabique, e lá vão fazer os seus ninhos para ter os pardais. Mas isso então é recente, é de poucos anos.
INQ Olhe, àquela ponta então do trigo, como é que chamam, que tem uma?
INF [vocalização] É o espigo do trigo, [pausa]
INQ Que tem lá o quê?
INF e que tem o grão e tem a pragana.
INQ Que é aquela mais fina?…
INF Aquela mais Aquela mais áspera que [vocalização] que tinha. E que cultivava-se também o ce- o centeio, [pausa] e aveia, e a cevada. [pausa] Porque quase toda a gente cultivava cevada para [pausa] fazer os seus cafés. Fazia-se O café era feito em casa. Por exemplo, fazia-se o café com ervilha seca, torrada, com fava torrada… [pausa] Alguns punham até milho torrado, que não era então o [vocalização] o café tão saboroso. O café bom, o que se fazia ele saboroso, era com cevada, ervilha e fava.
INQ E faziam naquele moinho que eu vi lá na Casa? Um moinho pequenino de mão?
INF Sim, era. Era com esse. E havia até pessoas que faziam maior percentagem e também até levavam à atafona das vacas e moíam na atafona das vacas. Mas, os primitivos, era naqueles moinhos é que se moía o m- o café. Era. Torrava-se o café e …
INQ Então quando o trigo estava maduro era a época da?…
INF Das ceifas.
INQ Dizia que se ia?…
INF Ceifar o trigo.
INQ Rhum-rhum. E o, com que, com que é que?…
INF Era uma foice. Havia Ceifava-se com uma foice de mão. [vocalização] Eram os homens a ceifar… Havia também senhoras que ceifavam, mas não muitas. Era normal era os homens a ceifar e as mulheres atrás a amarrar, a fazer os molhos para depois se levar para a eira. Que eu ainda apanhei [pausa] o começar a debulha com as debulhadoras. Era a [vocalização] Chamava-se um calcadoiro de trigo, debulhar o calcadoiro. [vocalização] Havia pessoas que [vocalização] tinham muita terra de trigo, pessoas mais abastadas e que [vocalização] se- [vocalização] debulhavam três, quatro dias no Verão. Se-, semeava-se o t- [vocalização] Ceifava-se o trigo e, muitas vezes, havi- também não havia muitas eiras… Havia pessoas que tinham… Havia mais trigo do que eiras. As pessoas faziam os relheiros do trigo; enrelheiravam o trigo e ficava na terra [pausa] à espera; muitas vezes, à espera que fizesse bom tempo, outras vezes à espera que tivesse lugar na eira para [vocalização] para debulhar o trigo. Portanto, o dia de ceifar o trigo, havia quem ceifava de manhã à noite e dava jantar – porque aqui jantar é a refeição do meio-dia. [vocalização] Mas também havia pessoas que só ceifavam da parte da tarde; da parte da tarde iam ceifar o trigo. Outras vezes, debulhava-se o trigo e, se era um dia de muito bom tempo e de muito bom vento, ainda dava tempo de se debulhar o calcadoiro e limpar e à tarde ir ceifar um bocadinho do trigo. [pausa] Mas [pausa] ceifa- debulhava-se o trigo na eira com dois, três dois trilhos. Normalmente era dois trilhos; quando era uma eira maior, era com três juntas de vacas e três trilhos. Aquilo era a festa da rapaziada, porque quando aquilo estava a correr bem, que já o trigo estava mais calcado, que se estava só ali a moer a palha, as crianças iam para cima dos trilhos, andar-se nos trilhos.