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PST11

Camacha, excerto 11

LocationCamacha (Porto Santo, Funchal)
SubjectO porco e a matança
Informant(s) Acidália Aarão Hipérides
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Chega-se ao Natal, oito dias antes do Natal, quinze dias antes do Natal

INQ É o dia de quê?

INF1 É o dia da morte do porco.

INQ Sim senhor.

INF1 Amassa-se o nosso pão. Quem tem pão, farinha de casa. Amassa-se o nosso pão, põe-se o nosso pão, dum dia para outro, preparado. Ti- Quem tem vinho tira dois, três garrafões de vinho, põe ali

INQ E o que é que se faz?

INF1 E o que é que se faz? Às vezes

INQ um homem que vem para

INF1 Vem matar o porco, se sabe

INQ Como é que se chama esse?

INF2 Matador.

INF1 É o matador [pausa] é o matador. Faz-se, olhe, faz-se o nosso comer, ou o nosso almoço Quando o porco é morto de manhã, [pausa] faz-se almoço de [vocalização] às vezes de peixe, que é por causa de na parte da tarde ser o sarapatel, [pausa] da fressura do porco. E quando é na parte da tarde, é espera-se que eles abram o porco e tire tirem a fressura como a gente lhe chama , temos o sangue a escaldar, [pausa] para [vocalização] esfarelar, para deitar naquele guisado e depois está o guisado pronto. [pausa] Põe-se tudo na mesa, com semilha, com cenoura, com a

INQ Sim senhor. Então mas pronto. Mas o matador? O que é, o que é que se tem que fazer ao porco antes, quando está, quando chega o matador? Tem que se agarrar o porco e pô-lo aonde?

INF1 Abre-se o curral, eles pegam com uma cordinha, uns quatro ou cinco homens deitam o porco no chão e [vocalização] [pausa] E vai, ele vai. O matador mata.

INF3 E pronto e mata-se.

INF2 Mas até é engraçado.

INQ E então não, e quem é que agarra, onde é que, como é que se agarra o sangue?

INF1 Agarram nas pernas, agarram no rabo e

INQ Não, o sangue?

INF1 O sangue? É qualquer uma rapariga que [vocalização] não tenha [vocalização] , ou rapaz, que não tenha medo!

INF2 Rapariga ou rapaz!

INQ Sim senhor. E leva o quê?

INF2 Uma vasilhinha qualquer.

INF3 Uma banheira.

INF1 Leva uma banheirinha. E chega a dentro de casa, a gente faz-lhe uma cruz, naquele sangue, aquilo faz um

INQ Portanto, é uma banheira sem nada dentro?

INF1 Uma banheira sem nada dentro.

INQ Nem sal, nem nada?

INF1 Nada. chega-se a dentro de casa, faz-se [pausa] uma cruz naquele sangue, aquele sangue parte, fica em quatro quartos e depois descansa um pedacinho; deita-se, aquece-se a água na panela e deita-se a água dentro da panela , [pausa] deita-se aquilo dentro da panela, aquilo coze; depois esfarela-se, noutra vasilhinha [vocalização], fora, noutra banheirinha e depois quando [vocalização] a fressura [vocalização] também [vocalização] vem do porco [pausa] é deitada dentro da panela para escaldar. Depois é tirada, dá-se-lhe um banho em água fria para arrefecer, para a gente cortar tudo aos bocadinhos e [vocalização] cozer com cenoura, com semilha ou com tomate ou

INQ Sim, sim. Isso E isso é que é o sarapatel?

INF1 Isso é que é o sarapatel. [pausa] É um jantar.


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