INQ1 Se eu quiser pôr uma videira nova, o que é que eu ponho na terra? Como é que se chama aquilo que eu ponho na terra, novo? Em bravo?
INF1 Se quer plantar uma videira… Mas é para enxertar?
INQ1 Para enxertar depois.
INF1 Abre uma covazinha aí com [vocalização] quarenta de fundo. Abre uma covazinha aí com quarenta de fundo, [pausa] mete-lhe um bocado de estrume no fundo, aí [vocalização] uma pequena porção de estrume no fundo, e depois bota-lhe uma porçãozinha de terra de cima do estrume, [pausa] aí [vocalização] três dedos [vocalização] de terra de cima do estrume; e depois pega na planta brava, na videira brava, abre-lhe a raiz assim para o lado, assim muito abertas, dá-lhe então um jeito de escangalhá-la assim, planta de cima daquela terra. E depois segura a planta assim e bota-lhe mais terra aqui de cima.E depois
INQ1 E chamo-lhe a isso o quê? Essa, isso que ficou lá na terra chama-lhe o quê?
INF1 A plantação.
INQ1 A plantação?
INF1 A plantação.
INQ1 Rhum.
INF1 E depois bota-lhe uma porção de terra de cima; [pausa] e depois a faltar a faltar aí [vocalização] cinco centímetros [vocalização] para encher a poça, faz aquela plantação, deita a terra de cima – raiz escangalhada!
INQ1 Pois, toda aberta.
INF1 Que é para cada uma cada uma ir para o seu termo.
INQ1 Rhum.
INF1 Não é juntas, toda a ir para o mesmo lado. Assim, para todas perguntarem a vida! Umas para um lado, outras para o outro. Mas já está o estrume por baixo. E põe um bocado de terra em cima, aí [vocalização] cinco ou sete centímetros de terra em cima, e fica ma- e fica a poça mal cheia. Ainda há terra para para lá ir. E depois pegam num balde de água – mesmo que seja de Inverno, seja em que tempo for –,
INQ1 Deita-se para lá.
INF1 pegam num balde de água e enche a poça.
INQ1 Rhum.
INF1 Enche a poça e depois a água vai-se sumindo para baixo. Depois de a água estar chupada, bota o resto da terra [pausa] para de cima. Bota o resto da terra que está fora para de cima. E se o tempo vai seco… Depois faz uma caldeirazinha em volta, uma pocinha.
INQ1 Pois.
INF1 E se o tempo vai seco,
INQ1 Tenho que ir regando.
INF1 depois aí de oito em oito dias, um baldezinho de água.
INQ1 Sim senhor. Isto é o bravo, que eu lá pus.
INF1 O bravo.
INQ1 Ao fim de quanto tempo é que eu o enxerto?
INF1 Depois ao, e depois ao ano a seguir [pausa] E depois ao ano a seguir, o bravo já está plantado, já está crescido, já está a querer crescer… Oh, num ano não dá para isso!
INQ1 Tem que ser mais tempo?
INF1 É preciso dois anos.
INF2 Dois anos.
INF1 É preciso dois anos. E depois o bravo já está talvez aí da grossura do meu dedo, e depois vai então buscar uma qualidade que a senhora entende, de boa qualidade. Vai buscar aonde sente que haja, onde saiba que haja, vai buscar um garfozinho. Vai buscar um garfozinho. [pausa] Vai buscar um garfozinho e depois [vocalização]… Bem, isso a senhora não é capaz de saber fazer.
INQ1 É, é fazer uma coisa assim, não é? Afilado?
INF1 Fazer uma coisa assim aguçada,
INQ1 Sim.
INF1 assim uma coisinha aguçada, e deixa aqui um olhozinho.
INQ1 Fica o olho naquela parte que não está aguçada, fica lá?
INF1 Pois, na p– na parte aguçada. Fica um olhozinho,
INQ1 Sim.
INF1 aguça assim, um corte todo certinho,
INQ1 Rhum.
INF1 todo assim bem certinho, bem aguçadinho. E depois chega [pausa] chega à [vocalização] figueira brava,
INQ1 À bravo.
INF1 ata-lhe um bocadinho de de ráfia, aqui ao fundo, ou seja um baraço,
INQ1 Sim.
INF1 um baraço maleável, ata-o aqui ao fundo, e abre assim aqui.
INQ1 Uma racha. Racho aí ao meio?
INF1 Uma racha. Mas já aqui tem uma, uma [vocalização] um travão para não deixar alargar.
INF2 Para não ir mais para baixo.
INQ1 Ah, para não abrir, para não…
INF1 Para não abrir muito.
INF2 Para não abrir mais.
INF1 Para não abrir muito. Abre então aqui e depois pega então na cunhazinha que fez com já com um olho… Porque fica com dois olhos, [pausa] um no cimo e outro quase no fundo.
INQ1 Rhum.
INF1 Mete aqui assim muito justozinho. Mete Ele arranja até uma cunhazinha de madeira para aqui alargar um bocadinho, e vai metendo sem ferir [vocalização] sem ferir nada, nem dum lado nem do outro. Por isso tem aquela cunhazinha para para não deixar ferir.
INQ1 Pois.
INF1 E depois mete para baixo, onde até que fica bem justozinho, [pausa] a casca bem unida uma com a outra, e depois aqui mais um bocadinho de ráfia – dessa ráfia das videiras…
INQ1 Volto a pôr ráfia?
INF1 Aqui, um bocadinho de ráfia aqui, tal, tal [vocalização], tudo bem atabicadinho[pausa] e depois lá
INQ1 E não preciso de pôr terra nenhuma aí? Barro, nem nada?
INF1 e depois ele põe-lhe terra [pausa] bem bem apertadinha.
INF2 Tem que tapar.
INQ1 Ai, tenho que tapar aquilo?
INF1 Mas podendo ser, podendo ficar debaixo de terra é melhor do que ficar fora.
INQ1 Ah, está bem.
INF1 Podendo ficar debaixo de terra é melhor do que ficar fora. Porque debaixo de terra, a própria terra está a ajudar a soldar; e se ficar fora, se ficar fora da terra, já não é tão bem.
INQ1 Pois.
INF2 Nem pega tão bem.
INF1 Se calhar [vocalização]…
INQ1 E chama-se a isso o quê?
INF1 Um enxerto.
INQ1 Um enxerto.
INF1 Um enxerto.
INQ1 Olhe…
INF1 Se calha Se calha a pegar… [vocalização] Isso falha muito.
INQ1 Pois.
INF1 Isso falha muito. Isto é… Ele lá tem o nome: é um enxerto.
INQ1 Não se sabe se é certo.
INF1 Lá tem Lá tem o nome: é um enxerto.
INQ2 Enxerto.
INF1 [vocalização] Isso falha muito.