AJT05
Aljustrel, excerto 5
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INF Isto está mu- um tempo muito triste, muito triste! As senhoras nem se apercebem o tempo que está aí. Eu cá, felizmente, ainda tenho para comer – não é? –, ainda vou ganhando para comer. Mas quantas pessoas há aí que não têm para comer? E eu dá-me pena [pausa] de ver aí as pessoas tristes, de ver o tempo que vai. O tempo está muito seco, está muito ruim.
INQ Claro.
INF Muito ruim mesmo! Isto só a providência divina é que salvará isto. [pausa] A gente tem em dizer que uma seca que tem emenda e uma molhada que não tem. Mas não é já no mês de Março. As chuvadas deviam ter vindo de Janeiro até Março. E até a gente, isto é, os ditados antigos diziam: "Águas de Abril, [vocalização] de mil". Mas é que ele não tem jeito nenhum de chover. Isto não tem jeito nenhum. O vento está na mesma. Olhe, eu regulo-me pelos ventos. Sou uma pessoa que quando me levanto da casa, tenho um galo duma chaminé, aí em frente da porta, olho, digo: "Olha, ai, o raio do vento ainda está na mesma". Está mesmo aqui voltado ao norte que não… É vendaval, não há peixe… Que os peixes, atrai, com este tempo não há, e os que vêm é caríssimos, e é mau para as searas e é mau para tudo. Porque a fartura vem do mar. Em não vindo do mar… [pausa] Porque ele o tempo estando mais morno, há mais peixes e há mais produção.
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