INQ Nos cachalotes, nos machos, aquilo que eles traziam dentro da barriga, que também era muito, que se aproveitava, não era?
INF É aquela [vocalização], aquela, isso é o [vocalização], isso não era o [vocalização] Isso não era o coiso, o [vocalização] cachalote. Era [vocalização] o [vocalização] [pausa] a fêmea.
INQ A fêmea é que tinha?
INF A fêmea é que tinha [vocalização] aquela coisa de [vocalização] ambre.
INQ Ambre.
INF Ambre. [pausa] A gente tirava [vocalização]… Cheguei a tirar-lhe [vocalização] quarenta quilos dum, dum, dum cachalo-, duma duma baleia – [pausa] pois, [pausa] de de ambre.
INQ E, portanto, entre o chegar aqui com o cachalote e parti-lo e ele derreter, quanto…? Era uma noite inteira, que era preciso para um animal, ou, ou, levava-se mais tempo?
INF Para [vocalização] Para, quer dizer, para [vocalização] [pausa]
INQ Para cortá-lo, para desmanchá-lo todo.
INF para cortar? Não [vocalização] . Aquilo era um [vocalização] [pausa] uma hora ou hora e meia de tempo, a gente cortava um [vocalização] um cachalote. Um cachalote de dez, doze metros [pausa] não demorava uma hora. [vocalização] Era s-, se-, sei- seis, sete pessoas em acima dum cachalote. Aquilo era um [vocalização] era um, era um [pausa] uma limpeza. Era um instante.
INQ Depois aquilo ia para umas caldeiras, era?
INF Depois aquilo era tudo cortado. E tinha-se os os tanques já [vocalização] ao [vocalização] mesmo ao lado… [pausa] Está-se a cortar e está aí os outros rapazes a puxar. . [pausa] Aquilo o que um cortou, já ele já vai pôr pondo no caldeiro. Cortou, vai pôr pondo no caldeiro: o toicinho para uma banda, carnes para outra.
INQ O que é que ia para uma banda que eu não percebi?
INF [vocalização] É [vocalização] as carnes… [pausa] As carnes [pausa] de da baleia [pausa] vai para um tanque; [pausa] ossos, para um tanque; [pausa] o [vocalização] o toicinho vai para outro; [pausa] o [vocalização] óleo, o, o toicinho, o [vocalização] coiso, o [vocalização] o óleo da cabeça vai para outro – [pausa] tudo tudo separado. [pausa] Porque o óleo d-, do toici- da cabeça é um óleo que gela. [pausa] Fica gelado. Depois de [vocalização] de ser cozido, gela. E o toicinho, [vocalização] fi- fica sempre líquido, [pausa] sempre líquido. [pausa] E então [vocalização], a gente pegava no [vocalização] nessas carnes [pausa] e nesses ossos [pausa] – aquilo era [vocalização] ele tinha-se uma imprensa [pausa] para imprensar aquilo – para espremer o [vocalização] aquelas águas. [pausa] Depois daquela, da da imprensa, ia para um secador, [pausa] secar. [pausa] Depois tinha-se o moinho. [pausa] Aquilo moía e já saía em cima no [vocalização], num [vocalização] num peneiro. Peneirava [pausa] fina para uma banda, grossa para outra. [pausa] Depois já tinha [vocalização] os rapazes todos a encher, já a ensacar aquela farinha – [pausa] que era para transportar para [vocalização] para o estrangeiro, para [pausa] para fazer ração para [vocalização] para gado: para vacas, porcos, galinhas. Pois.
INQ E esse óleo era embarcado aqui directamente ou ia para o Funchal?
INF Era. Era aqui. Aqui mesmo.
INQ Era aqui mesmo.
INF Era aqui mesmo. [pausa] Vinham barcos Vinha Vinham aqui barcos buscar.
INQ Dentro de barris?
INF Sim senhor.