INQ Olhe, quando se pede dinheiro emprestado ao banco, eles marcam um, um dia para…
INF Pois. Olhe, eu devo cem contos.
INQ Pu!
INF Cem contos, que eu ainda lhe devo. Cem contos. Ao Estado. Que foi o que me emprestaram para a minha, para fazer, para a minha para a ajuda da minha casinha, para fazer outra vez a casinha. E ainda não está acabada. E [vocalização] E depois eu ainda lhe devo cem contos. [vocalização] E ainda me não veio… Ainda agora nós fomos a Sernancelhe – agora [vocalização] não sei que dia foi que lá fomos – e fomos lá mais para falarmos com o senhor presidente a respeito disso. Que ainda não tivemos para pagarmos os juros, nem nada. E nós queríamos ir indo pagando. E E a gente vai recebendo e ia pagando. A gente vale mais pagar assim, ir pagando logo do, do que do que estar a ajuntar. E depois o senhor presidente e mais os cole- dois colegas dele – um que chamam o senhor Mariozinho e outro senhor Figueiredo – disseram assim: "Você não se aflija! Não, ó Justo, você não se aflija porque ainda não veio parte nenhuma. Quando a parte vier, se você cá não estiver, que esteja para Lisboa, nós pagamos do nosso bolso. E depois você dá-nos a nós".
INQ Pois. Mas o banco empresta como? A?…
INF [vocalização] Olhe a nós…
INQ Tem?…
INF A nós ainda foi a quatro por cento.
INQ Não estou a perguntar o juro. Estou a perguntar…
INF Por O tempo?
INQ Olhe, quem põe dinheiro no banco…
INF Pois.
INQ Pode pôr com conta aberta, não é?
INF Pode sim.
INQ Ou então pode pôr como?
INF Pois, nós tínhamos… Pode pôr a meio ano ou ao ano.
INQ E meio ano e esse ano, diz que é a quê?
INF É… Pagam os juros à gente. [pausa]
INQ Está bem.
INF Eu tinha lá cinquenta contos. Foi o que me valeu. Tinha lá cinquenta continhos. Levantei-os quando foi para a casinha.
INQ Olhe, o…
INF Nós gastámos ali muito dinheiro. Ainda estamos muito empenhados.
INQ Ai estão?
INF Ainda estamos muito empenhados.
INQ Ah, mas passa, vão pagando.
INF Imos Havemos de pagar, se Deus quiser, então. Se não morrermos. Se morrermos que paguem os filhos.