INQ1 Falou numa loisa. O que é uma loisa?
INF1 O que é uma loisa? Então uma loisa pode ser uma loisa de apanhar pássaros. É uma loisa, pronto!
INQ2 Que é o quê?
INQ1 Ah, que é o quê?
INF1 Uma loisa? Então, olhe, era aquilo que eu tenho… Eu v- Eu vou-lhe mostrar o que é uma loisa. É isto.
INQ2 Ah, é isso!
INQ1 Isso é uma loisa?
INF1 Isto é que é uma loisa.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 É. Isto chama-se mesmo uma loisa.
INQ1 Sim senhor. Portanto, é dessa forma que é o cepo, mais ou menos, parecido com isso, mas maior, em grande?
INF1 Não. O cepo é assim… [pausa] Portanto, o cepo é assim.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 É assim deste género.
INQ1 Pois.
INF1 Daqui [pausa] assim por aí fora para cá aqui.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Pois.
INQ1 Pois. Sim senhor.
INF1 E aqui tem um rabicho e vai aqui… [pausa] Pois. E isto depois abre assim e depois vem daqui, tem aqui… Há aqui [vocalização] um braço qualquer aqui que vai e fica aqui.
INQ1 Pois.
INF1 Aquilo vem dalém, aquela palhetazinha, e aquilo fica aqui.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Pois.
INQ1 Sim senhor.
INF1 E depois isto quando dispara, dispara assim. Isto tem aqui um prato.
INQ1 Pois.
INF1 Hum? Tem aqui um prato grande aqui.
INQ1 Pois.
INF1 Aqui, isto aqui de baixo tem uma coisa pegada ao prato, levanta-se o prato para cima, e aqui tem a coisa e fica aqui.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Pois. E conforme vem depois o p- o bicho, põe a pata aqui em cima, meu belo amigo!, isto dispara.
INQ2 Pronto!
INF1 Pois.
INQ2 Fica lá.
INF1 Isto é que é a loisa.
INQ2 Está bem.
INF1 Mas…
INQ2 Olhe…
INF1 A loisa…
INQ2 Diga.
INF1 Vou-lhe explicar Vou dexplicar o que era a loisa.
INQ2 Diga, diga.
INF1 Pois. A loisa é uma loisa é uma coisa feita em pau.
INQ2 Em pau?
INF1 Pois. Chama-se-lhe uma loisa de pedra. Isso é que é uma loisa. [pausa]
INF2 Não chama-se uma armadilha?
INF1 Não. É uma loisa. Isso é que é uma loisa. Isso é que é… Isso é Isso é que é mesmo uma loisa.
INF2 E isto E isso aí chama-se uma armadilha.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Pois. Portanto, são [pausa] três pauzinhos. Pois, três pauzinhos. Isso é que é a loisa. Se verem aquilo – é p- é pena não ter vagar, senão eu fazia-lhe uma para vomecês levarem, que era para ganharem lá um prémio com ela. A loisa, aquilo é feito assim: aquilo é feito aqui assim uma barbela, aqui assim outra, aqui aqui assim a barbela de trás, aqui, aqui assim é outra, aqui, e por baixo é em cunha. Pois. E depois aqui, é um [noun] assim grande, que é feito também em cunha assim, assim, que é para enfiar além na coisa. E depois tem então uma vareta, que é assim deste uma vareta grande, assim deste tamanho assim, com umas forquinhazinhas assim.
INQ1 Rhum-rhum.
INF Tem assim umas forquinhazinhas assim e é aqui a direito. Tem aqui assim umas forquinhas, que é para pôr assim no tanchão e depois aqui assim tem umas umas barbelazinhas. E depois aqui dentro dentro depois aquilo é assim assim rachado, que é para pôr ali o engodo. E depois a criação tem uma pedra, uma pedra dessas, uma pedra aí do campo, não é?
INQ1 Pois.
INF Quem diz uma pedra, diz uma tábua para pôr qualquer coisa. E então é aquilo que é uma que se chama uma loisa. Depois a gente pranta ali assim o loiseiro, o tanchão e a vareta. [pausa] Pois, aquilo é que é a loisa.
INQ1 E depois?
INF Então depois aquilo fica armado.
INQ1 Sim.
INF E depois aquilo pranta-se lá uma coisa qualquer e o bicho entra ali por debaixo, puxa por aquilo, aquilo cai…
INQ2 Pronto!
INQ1 Cai-lhe a pedra em cima?
INF Cai a pedra em cima, fica caçado. Isso é que é a loisa.
INQ2 Pois.
INQ1 Está bem.
INF Pois.
INQ2 Isso é, é para que bichos?
INF É para qualquer qualquer bicho.
INQ1 Coelhos?
INQ2 Coelhos?
INF Pode ser para coelhos, pode ser para perdizes, pode ser para…
INQ2 Para lebres?
INF Para Para lebres. Aquilo é o é o que lá prantarem, é conforme o engodo que lá prantarem [vocalização]…
INQ1 Pois, mas para zorras, por exemplo, já não dá?
INQ2 Já não dá.
INF Não, para zorras…
INQ1 Que as zorras fogem.
INF Fogem, fogem porque [vocalização] a pedra é fraca.
INQ1 Pois.
INQ2 Pois.
INF Pois. Mas se prantarem lá um bocado duma galinha lá dentro, aí, aí num sítio qualquer, vai lá um bicho qualquer para comer aquilo e cai-lhe a pedra em cima.
INQ2 Pois, pois, pois é.
INF É a loisa. Isso é que é uma loisa.
INQ1 Está bem.
INQ2 Pois.
INF Pois.
INQ1 Sim senhor.
INF Agora isto isto já se chama uma ratoeira.
INQ1 Rhum-rhum.
INQ2 Pois.
INF Pois, isto já é uma ratoeira.
INQ1 Mas é uma ratoeira para pássaros?
INF Isto é para pássaros, mas já é uma ratoeira. Uma ratoeira para apanhar ratos.
INQ2 Pois.
INQ1 Para ratos também serve isso?
INF Pois é, para apanhar ratos.
INQ2 Ah!
INQ1 Ah!
INF Pois. [pausa] Para apanhar ratos. A gente pranta-lhe ali um bocadinho de pão, armamos aquilo que até ainda até ainda um dia destes deu uma parte engraçada ali na minha casa. Eu estava ali ao pé do lar mais a minha patroa – hum? –, e ouvia lá… Isso então está gravando, não fale eu demais!
INQ1 Não, não faz mal.
INF E ouvia lá para dentro de ca-, para dentro para dentro do fogão: trr-trr-trr-trr-trr, trr-trr-trr-trr-trr-trr. E eu pensei assim: "Olha"… Disse assim: "Cloé, olha que está um rato dentro do fogão"! "Ai, valha-me Deus"! Disse-me ela. "Ai, valha-me Deus! Então o bicho estraga-me aí o o chauffage do fogão"! Bom, eu fui, abri aquilo: "Vê lá, que há-de estar lambido numa cestanita que está aí dentro". Uma cestinha com uns restinhos de gordura,
INQ1 Pois, pois, pois.
INF estava ali lambido. Onde digo eu: "Olha, está aqui lambido". "Então espera aí que já te digo".