INQ1 Olhe, e como é que se chama aquele ovo pequenino, quando elas estão para acabar de pôr ou para começar a pôr?
INF1 Hã?
INQ1 Há um ovo muito pequenino…
INF1 Há! Elas punham aqueles ovos pequeninos [vocalização].
INF2 [vocalização] Ah, as minhas também punham.
INF1 Diz que havia…
INQ1 Isso é…
INF2 Eu sei lá! Um ovo pequenino!
INF1 É um ovo pequenino! Pronto!
INQ1 E aproveita-se para alguma coisa ou não presta?
INF2 Nada!
INF1 Não.
INF2 Aquilo não tem… É só a clara.
INF1 É só a clara. Aventava-se .
INF2 É só a clara; não tem gema; a gente aventava aquilo; não aproveitava aquilo.
INF1 Não se aproveitava nada.
INQ1 Sim senhor. Olhe, e nunca diziam também que lá tinha dentro uma coisa má? Dentro daqueles ovos? Tinha lá bichos ou que nascia bichos daquilo?
INF1 Ouvia dizer. Até ouvi dizer isso, mas eu nunca sei… Quer dizer, eu tive experiências…
INF2 Ah, há quem diz disse. Há quem diga isso, mas eu aí já os vejo partidos e não vejo lá nada disso.
INF1 Eu com experiências de de saber, não. O que acontece…
INQ1 Mas ouviu dizer?…
INF1 Oh! Então não ouvia dizer que tinha lá uma lagarta dentro, um lagartozito, uma lagartixa, qualquer uma coisa?! [vocalização] Pronto! Tinha lá qualquer bicho.
INF2 Ah! Não tem nada!
INF1 A gente partia assim esses ovos, nunca achámos lá nada; a não ser que tenha um certo tempo para criar aquilo.
INQ1 Claro.
INF1 Vamos lá. Até que a galinha pode pôr ali um ovo daqueles e ele estar ali, por exemplos, uns dias e ao fim duns dias já aparecer isso.
INQ1 Pois.
INF1 Nunca aconteceu com a gente, mas não sei. Pois.
INQ1 Não. Não, mas isso é uma… São coisas que se contam.
INF1 É ditados que se dizem.
INQ1 É ditados que se dizem. Era só para saber se aqui também se dizia?
INF1 E às vezes até podem Às vezes, até pode ser verdade mesmo.
INQ2 Pois.
INF1 Às vezes, até pode ser verdade. Que há coisas que a gente [pausa] diz e que ouve-as contar e depois diz assim: "Ah, isso não pode ser"! E mais tarde [pausa] acredita nelas.
INQ1 Pois.
INF1 Que eu ainda [pausa] aqui há uns anos ouvi uma, uma uma conversa, [pausa] e depois vim para casa, vim experimentar – ele ninguém me era capaz de abrir a cabeça para meter aquilo cá na cabeça dentro, dentro da cabeça – e eu: [pausa] "Não pode ser! Isto é impossível"! E vim experimentar e deu resultado. É, [pausa] por exemplos – as senhoras podem até pensar que isso que é mentira também –, [pausa] aqui temos plástico, plástico, ponho uma pouca de água dentro, ato, depois ponho-o em cima dumas brasas, aquece a água e não queima o plástico.
INQ1 Ah!
INQ2 Ah!
INF2 É verdade, é!
INF1 Aquece a água, pronto! Põe a água ali a ferver se for preciso!
INQ2 Ah!
INF1 Dentro do plástico e e não queima. Então eu alguém me era capaz de fazer uma conversa dessas?! Alguém me era capaz de meter na cabeça que o, que o, as que o plástico aguentava ali? Não pode ser!
INQ1 Que engraçado!
INF1 Não pode! Que eu vim para casa, vim fazer isso…
INQ1 Mas nas brasas, mesmo da braseira?
INF1 Mesmo de cima das brasas. A gente vai…
INQ2 Em cima? Deixa-se lá em cima?
INF1 Sim senhora. Põe [pausa] o coiso da água, ata aquilo assim – a água que quer, ou um plástico grande, ou um plástico pequeno, o plástico que quiser; ata-o; atou vai – ali onde ali donde haja lavareda não; onde esteja brasas, ou brasinhas, tudo ali muito bem –,
INQ1 Sim.
INF1 prega com aquilo em cima. Deixa estar, [pausa] daqui a bocado está a ferver! – Está quieto! – E depois puxa…
INF2 Até se vê a água a ferver!
INF1 Depois agarra no plástico, desata-o… [pausa] Pronto, está água quente!
INQ2 Ah!
INQ1 Olhe que eu também me custa a acreditar!
INF1 Pois! É isso é que é as tais coisas que a gente às vezes…
INF2 Acredite que é verdade! Experimente e vai a ver se é verdade ou não é.
INF1 É as tais coisas que eu digo, que é há coisas que a- que acontecem que a gente às vezes de maneira nenhuma…
INQ2 Que engraçado!
INF2 E a gente já experimentou!
INQ2 Não acredita!
INQ1 Claro!
INF1 De maneira nenhuma se convence! E só, só assim é que …
INQ1 Só vendo!
INF1 E eu, por acaso, é verdade. Que eu sei que é verdade que eu já fiz já isto.
INQ2 Porque já fez?
INF2 A gente já tem experimentado.
INF1 Eu digo: "Não pode ser! Eu tenho que experimentar"! Eu fui. Vá uma pouca de água dentro de um plástico para dentro das brasas…
INF2 O meu marido quando veio para casa e que foi fazer aquilo, dizia-lhe eu assim: "O homem está parvo! Então não vê que aquilo que se queima"?
INF1 Mas não se queimou! E aqueceu!
INF2 Mas não queimou! E aqueceu a água.
INF1 Foi Pois. E eu, alguém me era capaz de convencer disso!
INQ2 Pois, pois, pois.
INQ1 Eu também vou experimentar.
INQ2 Também. Pois é.
INF1 Um dia, arranje umas brasazinhas,
INQ1 Ai, arranjo, arranjo.
INF1 uma braseira, uma coisa qualquer, e agarre num plasticozinho, ponha lá em cima, vamos lá a ver se aquece a água ou não aquece – e não queima o plástico!
INF2 Não pode é deixá-la cinco minutos que a água lhe falte.
INQ1 Pois claro. Claro, claro.
INF2 Em tendo a água em cima, depois o plástico cheio de água não arde.
INQ1 Pois, pois, pois. Claro.
INF1 Se tiver Se tiver um bocado, por exemplos, haver um bocado de plástico
INQ1 Que não tenha água nenhuma, aí, claro…
INF1 que fique assim dobrado, assim – não é? –, não enche aqui de água…
INQ1 Pois, isso não pode ser.
INF1 Mas isso não acontece porque enchem-no…
INQ2 Pois.
INQ1 Pois. Num saco desses não acontece.
INF1 Pois. Não acontece. Mas se acontecesse, pois com certeza que queima.
INQ2 Pois, claro.
INF1 Ou, por exemplo, da parte de cima, se tombar e ficar, [vocalização] ele arde com certeza.
INQ2 Pois, claro.
INQ1 Claro.
INF Pois, mas com a água ali dentro, [pausa] pode fazer à vontade, que eu tenho essa certeza absoluta, mesmo,
INQ1 Ah! Vou experimentar. Vou experimentar.
INQ2 Que engraçado! Que engraçado!
INF1 que não, não… Pronto!
INQ1 Pois é.
INF1 São as tais coisas que lhe parecem completamente… Como o caso agora do ovo…
INQ1 Pois.
INF1 O caso agora do ovo! Até pode ser [pausa] de aparecer esses bichos lá dentro ao fim dum certo tempo; mas como eu, [vocalização] nunca se fez lá isso –
INQ1 Pois.
INF acabavam de [vocalização] elas pôr, a gente partia-os, deitava-os –, não sei. Portanto, pode até acontecer mas mas isso já eu…
INQ1 Já?…
INF1 São coisas…
INQ1 É outra coisa. É.
INQ2 Pois, pois, pois.
INF1 Podem acontecer.