INQ1 Olhe, diga-me uma coisa, no moinho, como é que, como é que desviam a água para o moinho?
INF1 Ah! Tem cãles. … [pausa] Tem assim caleira – cãles. E depois pomos-lhe na frente – chamam-lhe as comportas – uma tábua.
INQ1 Rhum-rhum. Sim.
INF1 Com dois paus para fechar.
INQ1 Portanto, não têm cubo, o moinho com cubo?
INF1 Com cubo só é aquele ali da de ao pé da ponte.
INQ1 Ah!
INF1 Do santuário, ali, da parte de cima.
INQ1 Pois.
INF1 Agora, o nosso não. O nosso é cãle e depois pomos-lhe uma tábua com uns paus.
INQ1 E no, no ribeiro, no rio, fazem alguma coisa para, para a água?…
INF1 Tem a presa, a presa para puxar a água para lá, e depois temos-lhe um golete assim.
INQ1 Um quê?
INF1 Um golete [vocalização] lá na frente. Que pomos-lhe as tábuas e depois temos um golete para a água ir … [pausa]
INQ1 Bater aonde?
INF1 Para sair do rio, da presa para baixo.
INQ2 O golete é assim também um sítio onde fica a água?
INF1 É. Depois é tapado.
INQ2 Sim.
INF1 Pomos-lhe lá uma tábua e depois vai para o vai para as pedras.
INQ1 Que é tal, que é a tal comporta?
INF1 É a [vocalização] tal comporta.
INQ2 E depois?
INQ1 E depois onde é que bate, a água?
INF1 No rodízio. No rodízio, e o rodízio é que faz andar a pedra.
INF2 Depois faz-lhe andar o rodízio [pausa] e a pedra é com o que mói o pão.
INF1 Porque…
INQ1 E o rodízio tem lá o quê? Como é que se chamam aquelas coisas?
INF1 Tem-lhe… Tem lá umas uma coisa de ferro [pausa] na ponta do rodízio, que o rodízio é de pau…
INQ2 Pois.
INF1 O rodízio é de pau, e por baixo é de ásperas. Assim no É um aro, largo, e depois tem aquilo ásperas. Para a água bater nas ásperas e ele rodar.
INQ1 As ásperas é onde bate a água?
INF1 É.
INF2 É sim.
INF1 Bate a água [pausa] ao redor.
INQ1 Olhe…
INF2 Olhe, a água até faz faz andar [pausa] o rodízio e o rodízio faz andar em cima a pedra.
INF1 O rodízio.
INQ1 E o que é que vai, como é que se chama aquela coisa que vai debaixo para cima, para a pedra? É assim uma espécie de um eixo?
INF1 Pois é um como sendo um eixo.
INF2 É.
INF1 Como nós agora, nós pomos-lhe um pau ou uma…
INF3 Eu disso já não lhe posso explicar, que eu disso não sei, isso não sei nada.
INF1 Não… Aí não posso… É que não lhe posso explicar bem o nome, o nome bem do pau.
INQ2 Esta senhora explica.
INF3 Posso-lhe mostrar o meu que tenho ali mas este é…
INQ1 É eléctrico.
INQ2 Não.
INF1 Não. Mas esse é diferente. Esse é eléctrico. É diferente.
INF3 Este é de… É a electricidade. Mas esse já conhecem, ele já?
INQ2 Gostávamos de saber os rodízios? Sim.
INQ1 Sim. Olhe, mas o rodízio, ele os rodízios têm uma pedrinha por baixo, onde gira?
INF1 Têm, uma joguinha. Uma joguinha que é donde é que ele se põe a boqueja e depois é que ele anda.
INF2 É onde tem o o, o…
INF3 Pois, isso…
INF1 A senhora também já sabe do moinho!
INQ2 Pois, eu… Já temos visto noutros sítios.
INQ1 Pois, já temos visto noutros sítios. Estou a ver se é igual.
INF1 Pois, em baixo. Agora assim no chão tem uma pedra assim, e depois ele trabalha ali como sendo uma porta.
INQ2 Rhum-rhum.
INF2 A água faz é rodar o rodízio sempre…
INF1 Como sendo uma porta. É. Depois a água…
INF3 Vá, além disso, eu não lhe sei explicar.
INF1 É o mesmo que sendo o vento, também.
INQ1 Pois mas aqui não há de vento?
INF1 Não senhor. De vento não. Não há por aí abaixo.
INQ2 Pois.
INF1 Para aqui não. Nem nunca…