INF Vai-se começar por a [vocalização] por a vinha [pausa] por a vinha.
INQ1 Exactamente. Como é que se começava desde o princípio?
INF A vinha no o princípio [vocalização] era uma relva que estava; a gente abria [vocalização] as mantas, metia-se o bacelo, botava-se adubo, e pronto, ficava plantado. E depois, ia-se cavando todos os anos para [vocalização] e coisa. Assim. Até [pausa] Até à vinha crescer. Depois a cabo de, [vocalização] de a cabo de dois anos, já começava a deitar uns [vocalização] cachinhos de uvas. E depois ia andando, ia andando até [pausa] até fazi- formar parreira e [pausa] e dar uvas. Era assim. Sim, sim. Nem tem outra.
INQ1 Sim, senhor. E não tinham que…
INF Enxofrar.
INQ1 Pois.
INF É. A primeira coisa era: [pausa] a vinha rebentava, enxofrava-se. Depois, [pausa] estacava-se.
INQ1 O que é estacar?
INF Estacar é levantar a vinha com as estacas. Vá; se, a gente [pausa] há há vinhas de [vocalização] aramadas, não é? Essas não são estacadas e a da nossa vinha é diferente. A gente… A vinha é assim rasteira e a gente arranja umas estacas mais ou menos deste t- assim, para ficarem [pausa] levantadas do chão, para a vinha não [vocalização], nãose es- a uva não se estragar no chão e o e o vento não [vocalização] não a sacudir. Pois.
INQ1 E portanto aqui assim, o bacelo que punham já era daquele que ficava definitivo ou ainda tinham que…
INF Pois, agora já é diferente. Agora vem um bacelo barbado, de fora, e a gente planta à mesma: abre-se os talhos, planta-se a vinha, [vocalização] cava-se – todos os anos, já se sabe –, cava-se, dá-lhe-se mimo, rega-se, e [vocalização] depois enxerta-se. Chega-se ali ao mês de [vocalização] ao mês de Fevereiro, enxerta-se a vinha. Pois. Uns pegam, outros não pegam. Sim É assim Assim.
INQ1 Pois. E enxerta como? Como é que é o enxerto?
INF Enxertado… Eu posso-lhe fazer um enxerto.
INQ1 Não, faça-me, diga-me, explique-me só com as mãos como é que fazia…
INQ2 Explique, explique…
INQ1 …ou é difícil?
INF Não, [pausa] não! Mas eu posso-lhe Eu posso trazer uma vide sic uma vide aqui, num instante
INQ1 Ah, está bem.
INF e eu faço-lhe um enxerto.
INQ1 Sim senhor.
INF Eu não me demoro aqui.
INQ1 Desculpe lá.
INF Faz de conta que este pé, [pausa] este é o barbado, está no chão e tem-o na terra tem uma terra.
INQ1 Sim, sim.
INF A gente vai a ele com a tesoura – nem é com a navalha, é com a tesoura – corta-se assim direitinho, [pausa] e depois, [pausa] faz-se assim: escala-se.
INQ1 Dá-se um golpe ao meio.
INF E isto é, [pausa] Isto é o enxerto que a gente vai meter que é para dar as uvas. Este, assim com dois olhos, mais ou menos. [pausa] Mais ou menos este. A gente faz agora. [vocalização] Há gente que faz assim, e assim. Mas ele ainda dizem que a gente, cortando por este lado, que corta a veia do do olho. A gente faz assim. Eu tenho uma navalha melhor, de enxertar, mas eu não tenho aqui. Mas eu tento. [pausa] A gente faz assim…
INQ1 Portanto, não se deve cortar por baixo do olho
INF Pois não.
INQ1 deve-se cortar do outro lado.
INF Por este lado não, porque corta a
INQ1 A raiz, com certeza.
INF a [vocalização] coisa da [vocalização] as veias [pausa] da vinha. Bom, fazem assim. Bom, este é a pa-, é o, é o é o pé, que é o barbado, e a gente…
INQ1 O barbado é a qualidade.
INF O barbado há de tantas qualidades.
INQ1 Ai, há barbados de várias qualidades?
INF De várias qualidades.
INQ1 Portanto, o barbado é aquele que está metido na terra, que foi plantado…
INF Na terra. E este, este é o Listrão – digamos assim – ou o boal, ou o verdelho ou [vocalização] o que a gente quer enxertar para dar. Pronto. Isto agora leva aqui [pausa] leva aqui uma palhinha, [pausa] uma palhinha destas de banana. De [vocalização] Sim, põe-se uma palha de banana ou uma palha de arroz. [pausa] Embrulha-se isto aqui bem embrulhado; dá-se-lhe aqui um [vocalização] uma coisinha de um [pausa] um o que que ele tem na junta uma [pausa] – como é que se diz? – uma pomada preta e tapa-se isto. Tapa-se aqui o corte para pegar. E é assim.
INQ1 Sim senhor. E como é que se chamava esse enxerto? Chamava-se enxertar como?
INF É enxertar, não tem outro nome. Enxertar.
INQ1 Enxertar. É a única maneira de enxertar é essa?
INF Enxertar é enxertar. Ne- Nem sei outro nome senão enxertar.
INQ1 Sim senhor. Nunca se chamou um garfo, a isso.
INF Sim, chama-se um garfo. Chama-se. Chama.
INQ1 Chama-se? A quê? Essa parte…
INF Mete- Meter um garfo.
INQ1 Meter um garfo.
INF Meter um garfo.
INQ1 Sim senhor. Olhe, e a, a vinha… Portanto, essa, as parreiras e isso, podem ser assim estacadas, como o senhor explicou há bocadinho…
INF Pode ser e pode e, e pode e pode subir e fazer em fazerem latadas à mesma. Deixa esta vara crescer, este olho, por exemplo, rebenta, deita uma vara comprida, sobe para cima o que a gente quiser. Se ela for corta este ano, para o ano sega-lhe o sega-se os [vocalização] ali de baixo, para ficar só as duas ou as três em cima na ponta. Por exemplo, este, este a [vocalização] ela rebenta e rebenta aqui em cima, os olhos. Mas se a gente quer [pausa] que ela dê latada, deixa-se-lhe estes olhos só. E logo no podar – como é que se poda – sen- não sendo para a latada, a gente poda mais ou menos [vocalização] assim neste comprimento, quand- – três olhos. Em sendo para a latada, deixa-se-a crescer, para cima a ser na altura que a gente quiser. E depois, [pausa] chegando ao tempo da poda, a gente sega-se esses olhos todos e deixa-se este só. Ela vai lá; rebenta a vara. Já não põe força aqui; põe a força aqui. Deita uma vara grande – tendo humidade e adubo. Deita- Deitou a vara que [vocalização] começa-se a fazer uma latada. No primeiro ano não fica, mas ao cabo de uns três anos, faz uma latada grande.
INQ1 Sim senhor. E, portanto, é costume fazerem latadas, aqui?
INF Fazem aqui, está latadas por aqui fora.
INQ1 E as latadas são ao pé das casas ou são mesmo no, no campo, no, no…
INF Não, é mais ao pé das casas.
INQ1 Mais ao pé das casas…
INF Fora das casas só é [vocalização] vinhas aramadas.
INQ1 Sim senhor. Olhe, e nunca havia uma maneira de criar uma, uma parreira nova, que era meter por baixo do chão e fazer para, por baixo da…
INF Sim, isso é mergulhias, que isto este faz. Por exemplo, tem-se uma uma parreira que tem uma vara comprida; a gente leva-lhe ao chão rente ao troço, abre-se uma vala e ela vai nascer acolá.