INQ1 O senhor também andou com gado?
INF Também. Também andei com gado, andei. Andei com bois, andei com vacas, andei [vocalização] com bezerrinhos pequenos. Andei com essas com esses animaizinhos todos. Pois.
INQ1 Pois.
INF Mas [vocalização] aquilo tem tem… Sim, quer dizer que durante durante o Inverno, [pausa] eles iam para a arramada, tratavam-se deles à mão, pois, retraçava-se-lhe de cevada, caldeava-se com palha num retraçadouro, pois, e a gente chamava-se uma arramada. Fazia-se lá o…
INQ1 Esse é ao pé de casa, não é?
INF Pois, era mesmo ao pé de casa. Ao pé de casa?! Era dentro de casa, [pausa] vamos assim.
INQ1 Rhum-rhum.
INF Pois. As arramadas são são ao pé de casa e outras até são pegadas às casas, portanto, uma casinha à parte, que é as arramadas.
INQ1 Rhum-rhum.
INQ2 Para que gado?
INF Pois. Era para bois e, bois e vacas. Pois. E então a gente, [pausa] quer dizer que quando viesse aí era… [vocalização] Elas iam para o trabalho, e do trabalho… [pausa] Das arramadas iam para o bebedoiro, p- iam beber; e do depois de beber, iam para a, para a para a lavoura. Iam fazer alqueive, fazer sementeira, essas coisas todas. Pois, como fosse… Conforme fosse o tempo. E depois cevava-se, [pausa] e vinham para a arramada. Dava-se-lhe água e vinham para a arramada. Fulano depois durante a noite, [pausa] durante à noite, pois que era chegavam aí já já sol posto de todo quando chegavam às arramadas, nesse tempo, pois, depois a gente pegávamos, tínhamos lá já comida retraçada dentro desse das tais gorpelhas, caldeadas com palha, hã?
INQ1 E onde é que punham para elas comerem?
INF Pois. Dentro das manjedoiras. Por exemplo, começávamos-lhe a prantar dentro das manjedoiras, começávamos a tratá-las às posturas. Não enchíamos a manjedoira. Deitávamos agora uma postura a uma, outra postura a outra, outra postura a outra, e assim fazíamos isso tudo. Pois. E elas iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo… Deixavam de comer, [pausa] a gente deixava de lhe dar. Pois. Deitavam-se, descansavam, pronto! A gente estávamos mais um pouco ao pé do fogo, íamos para a tarimba que tínhamos lá na arramada.
INQ1 Pois.
INF No outro dia levantávamos, fazíamos… [vocalização] Era com com o mesmo estilo, com a mesma coisa. Pois.
INQ1 Pois.
INF Toca a retraçar cevada e caldear com palha e dar-lhe para eles comerem. Pois. E ainda tinha mais outra: quando a gente íamos para a lavoura, hum? Isto era na sementeira – na sementeira e no alqueive, mas principalmente mais na na sementeira –, lá ia uma umas cevadeiras, feitas em saca,
INQ1 Ah!
INF com palha dentro e cevada em rama, e cevada debulhada e às vezes até um punhado de farelos, que havia [vocalização] que a gente tirava-lhe das cozeduras. Misturava-se isso tudo, e depois ao meio-dia davam-se-lhe aquilo. Depois a gente ia Quando a gente ia ao jantar,
INQ1 Rhum-rhum.
INF comer ao meio-dia, pusémos o gado a descansar e vá, enfiámos aquilo na, na, na ali no focinho d- dos animais e…
INQ2 Mas é como se fosse uma alcofa?
INF Pois. Era uma cevadeira, mesmo era como se fosse mesmo uma saca. Uma saca, meia saca só, cheia de palha e cevada, e o gado comia aquilo tudo, comia, comia, comia, comia, porque o gado não havia de ir para lá de manhã e estar a comer até à noite sem nada.
INQ2 Claro.
INQ1 Pois claro.
INF Pois. E assim comiam aquilo, ficavam tratados.
INQ1 Pois.
INQ2 Pois.