INQ Olhe, e depois para tirar o mel, é preciso, quê?…
INF Espremer.
INQ E esse trabalho de tirar o mel, como é que se chama?
INF Como é que se chama? Chama-se Chama-se crestar uma colmeia.
INQ E com que é que se crestava?
INF Crestava-se aquilo… Olhe, aquilo naquele tempo, fulano ia lá onde é que ela estava, fazia ali um fogo… [pausa] com uma mancheia de ramas de esteva e dava-lhe fumo ali por baixo – hã? –, e elas apanhavam ali uma mancheia de fumo. Depois voltávamos assim a soprar pelo buraco, pusemos assim um cortiço – hã? –, um com sem nada por cima e outro por baixo, toca a bater: truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz! Batíamos ali um pouco assim, elas começavam a sair, hã?
INQ Pois.
INF Começavam a sair, entravam para dentro do cortiço, não tinha nada… [pausa] E sempre ficavam depois umas abelhinhas ali, mas, já ficavam com o fumo, já ficavam bêbedas já não fi- já não picavam.
INQ Já não faziam mal.
INF Pronto! E depois pegávamos naquilo, trocá- levávamos aquilo às costas para o monte, lá da malhada.
INQ Ah!
INF Depois de malhar a colmeia, pois levávamos para o monte. Chegávamos lá ao monte, tirávamos-lhe o tampo, desconchávamos de lado, levávamos para ali um alguidar, com um ramo um [pausa] de mato, para sacudir as setas, para não levar abelhas. E pondo ali aquilo um bocadinho, depois é que levávamos para lá e depois era espremido [pausa] à mão.
INQ Pois.
INF Nesse tempo era espremido à mão. A gente agarrava na mão, espremíamos ali aquilo assim, tudo muito bem, com uma seta, enrolávamo-la ali com força e íamos espremendo, espremendo, espremendo, espremendo. Esprememos o mel ali para dentro duma bilha – até era para cima dum joeiro; e desse joeiro é que era para baixo, para dentro do coiso. Depois, desse joeiro depois, quando aquilo estando espremido com mais tempo, punha-se dentro duma peneira. A peneira era muito mais fininha,
INQ Rhum-rhum.
INF e então era dali que o mel que ia à, ia ia para baixo.
INQ Rhum-rhum.
INF Pois. E depois de aquilo tudo feito, tudo espremido, a cera era escaldada, [pausa] faziam-se rebolos de cera… [pausa] Pois. E essa cera até servia para ir, depois, ir para os sapateiros.
INQ Ah!
INF Punham depois Depois punham aquilo, essa cera, em cima dum em cima dum fogo, numa telha, e aquilo corria para baixo. E aquilo depois fazia aquela cera amarelinha que era para os sapateiros pisgarem as linhas para coserem o o cabedal.
INQ Rhum-rhum.
INF Pois. E [vocalização] essa E depois essa água que ficava dessa cera escaldada que fazia-se os rebolos, com água escaldada…
INQ Rhum-rhum.
INF Nessa cera, a gente punha água lá dentro, desmanchávamos os rebolos da cera, pois, dessa que a gente tínhamos espremido, tudo a bocadinhos. E depois dessa água que ficava punha-se ao fogo dentro dum tacho [pausa] – dessa água que ficava depois punha-se ao fogo dentro dum tacho –, era donde se fica- fabricava então a tal dita água mel.
INQ Ah, pois!
INF Pois. E depois essa água mel [pausa] comia-se com pão e até servia para mezinha – e serve ainda para mezinha: fulano quando estando muito constipado,
INQ Sim.
INF às vezes dá constipações, em lugar de beber um chá de ferrugem, não bebe um chá de ferrugem. Vai ali pega numa gotinha daquela água mel, despeja ali dentro duma caneca, ou com uma gota de água além ao fogo [vocalização] fervendo, bota-lhe ali uma pinguinha ali para dentro, mexe aquilo bem, que aquilo fica ali bem preto, mete-se debaixo das mantas, bebe aquilo assim quentinho…
INQ No dia seguinte está, está bom!
INF No, no outro dia No outro dia já está mais diferente!