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PST22

Tanque, excerto 22

LocationTanque (Porto Santo, Funchal)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Abdão
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF É [vocalização], tem o mastro.

INQ1 Sim.

INF Depois, [pausa] as [pausa] os paus, chama-se a gente, chama-se aqui é as guinas.

INQ1 As guinas são os paus?

INF É as É as guinas do moinho, [pausa] que é o que se mete no mastro para pôr o pano [pausa] e os estais e o cerco e etc.

INQ1 Os estais é o quê?

INF Os estais é um [vocalização] , é o que aguenta, para a para o pau não partir, vai à ponta do mastro, [pausa]

INQ1 Ah, sei.

INF leva um arame de cima em baixo, porque se não fosse isso, desabava como um chapéu-de-sol. E depois tem, que é uma defesa para aquilo não fechar. Sim senhor.

INQ1 Pronto. E depois como é que podia virar o moinho ao vento?

INF Andava de roda.

INQ1 O que é que andava de roda?

INF A casa toda.

INQ1 Toda a casa andava de roda.

INF Tinha quatro rodas [pausa] , tinha um pião a meio chamava-se o pião [pausa] tinha uma grande pedra, que tem o patamal, que é a muralha de pedra a gente chama-se aqui um patamal [pausa] . A meio daquela [vocalização] muralha de rocha [pausa] chama-se o patamal levava uma pedra muito grande e tinha um furo. Levava um veio, [pausa] que entrava dentro da casa do moinho [pausa] e levava assim uma casinha coisinha atravessada porque [pausa] por causa do moinho não sair fora do seu lugar. Andava ali naquele arredor, ali, sempre num, num, na.

INQ1 E portanto, era isso que o senhor virava. E como é que fazia andar?

INF Era com a Era: tinha uma barra [pausa] e fazia esforço [pausa] na roda [pausa] da frente para ele andar de roda. Conforme o vento ia, a gente tinha que andar a [pausa] dar andar a dar sempre a frente o lugar dos panos ao vento.

INQ1 Sim senhor. Olhe, e não, os moinhos eram todos desses ou havia uns que eram todos de pedra até acima?

INF Ah, havia moinhos mas isso era diferente. Quer dizer, a casa era toda de parede, [pausa] em cima tinha um chapéu, [pausa] que é onde tinha o velame e [vocalização] o chapéu! e tinha umas rodas dentro [pausa] , que as rodas en- entrava dentro dumas calhas de pedra, que tinha dentro e ele por dentro tinha [pausa] como um cabrestante.

INQ1 Como é que lhe chamavam, a esse cabrestante?

INF Era o cabrestante, não é?

INQ1 Era o cabrestante mesmo?

INF Andava com as quilhas de roda e tinha um cabo, [pausa] que pegava, que fazia aquilo andar de roda. Mas era o chapéu, por cima.

INQ1 Chamava-se o chapéu, aquela parte de cima?

INF O chapéu. Era o tecto, é o tecto.

INQ1 Pois. Mas chamavam-lhe o chapéu ou chamavam-lhe o tecto?

INF A gente chamava-lhe o tecto [vocalização] porque [vocalização], o [vocalização] geral, que era o tecto o tecto duma casa é o que fica por cima. A gente chamava era o tecto do moinho.

INQ1 Pois, pois. Sim senhor. Não era o chapéu?

INF Não senhora. [vocalização] Claro que [vocalização] andava era [vocalização] o tecto [pausa] e [vocalização] .

INQ1 Enquanto no seu andava

INF O meu era a casa inteira.

INQ1 A casa inteira que andava

INF Sim senhora. O meu e os outros, claro.

INQ1 Pois.

INF De pedra, aqui, no Porto Santo

INQ1 Eu vi um, acho que um ainda ali por cima do, do

INF Do campo.

INQ1 Do campo, exactamente.

INF Chama-se o cabeço. Em cima, no no cabeço.

INQ1 Sim.

INF ha-

INQ1 Que é, mas está, eu não vi bem porque umas casas à frente e eu não, não consegui ver bem.

INF Tem, sim senhora, tem.

INQ1 Mas tem um de pedra, dos de pedra.

INF Tem, sim senhora.

INQ1 Mas era o único que havia , assim todo de pedra?

INF Havia mais um.

INQ1 Mais um. O resto, eram todos iguais aos seus? Ao seu?

INF O mais eram todos iguais, sim senhora. Olhe, tenho aqui a fotografia [pausa] . Faz favor.

INQ1 Ah, então com licença.

INQ2 Com licença.

INF Está aqui.

INQ1 Portanto, as guinas e os, como é que o senhor chamou também, os estais?

INF O direito é dizer as guinas do moinho.

INQ1 Sim senhor.

INQ1 Sim senhor.

INF Às vezes, pessoas que, às vezes, em conversa: "Ah, tu és um patamal"!, querendo dizer que o patamal nem se-, mas o patamal é uma coisa que tem serviço!

INQ1 Importante. Então não é?

INQ2 Pois claro. É importante.

INQ1 encontraste?

INQ2 Não tenho mais nada. Sim, está aqui. Sobra-me o princípio.

INQ1 Sim.

INQ1 Olhe, e por dentro, veja se era assim?

INF Por dentro, tem roda, tem carrete, tem moega. Olhe, a moega é esta. [pausa] Está caindo dentro da moenda.


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