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PVC04

Porto de Vacas, excerto 4

LocationPorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Carminda Casimira
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ

INF1 Se os senhores vissem aqui neste Isto era uma coisa que eu digo: até tenho pena que os meus filhos não

INF2 Estava a gente na cama e a ouvir as rodas a tocar, a cantar!

INF1 Aqui ao . Digo-lhe mesmo que tenho uma pena, uma pena de os meus filhos não verem, [pausa] não conhecerem este Que, que

INQ Como é que era?

INF1 Nós, ele não! Em primeiro não t- não achávamos piada nenhuma; mas agora os nossos filhos achavam, [pausa] às rodas.

INQ Pronto. E a senhora também tem saudades de, de, de

INF1 De eu De ver aquilo. Porque ele é bonito. A gente Vinha gente de noite para, da da fazenda. Aqui à beira do rio, amanhece depois agora, às vezes, é às cinco

INF2 Ai, era uma alegria! Era uma alegria!

INF1 A gente vinha à beira do rio abaixo, assim de noite. Que era assim: as pessoas vinha tudo aos ranchos. Quer dizer, ajuntavam-se. Ele toda a gente andava a trabalhar tudo no campo, até muito mais tarde que agora. Que não vinham Não havia televisão, não vinham [vocalização] à pressa para vir ver as telenovelas. E isto hoje querem ver as telenovelas; e nós não; nós, em primeiro, vi- não vínhamos.

INQ Ai é? Pois.

INF1 A gente, às vezes, ele por esta hora nós era quase sempre aquando era às dez horas da noite é quando nós devíamos de vir para casa. Que nós chegávamos a casa, tudo sempre tudo para as dez horas da noite. Era assim [vocalização] sempre de noite aquando a gente vinha.

INQ Quando eram as dez horas.

INF1 E era aquele [pausa] a cantar, aquela chiada assim, aquela chiada duma duma música duma Faz de conta que aquilo é uma música,

INQ Claro.

INF1 uma chiada, aquilo era duma maneira!

INF2 Andavam assim com estes púcaros a tirar água para uns tabuleiros, para mor de ir para a, para a para a fazenda.

INF1 Aquela, aquela Estava aqui, por exemplo, nós tínhamos uma; aqueles senhores ali está ali aquela fazenda tinham outra; e aquilo [vocalização] eram fortes, aquilo era importante. E tinham aqueles fortes que se [vocalização] dizia que

INQ É os muros de pedra.

INF1 De pedra. Aquilo assim tudo muito bem feitinho. E aquilo E depois estavam ali as rodas, aquela cantava duma maneira, aquela cantava doutra. Era lindo, lindo! Hoje, agora é que a gente Em primeiro, não achávamos piada, mas hoje Se hoje estivessem, isto era importante! Era importante! Tudo assim à beira do rio, assim!

INF2 E à beira do rio era uma alegria! E criava-se muito renovos, muito

INF1 E [vocalização] , e [vocalização] E depois, estes, era estes estes púcaros, eram elas que tiravam tiravam a [vocalização] a água, e eram depois, os senhores Era este aqui, por exemplo, dizer assim Dos, dos pi- Destes pinheiros grandes é que faziam as cales, as cales tudo em É que fa-

INQ Para a água correr melhor?

INF1 Para a água correr, que ia pa- para as presas, e depois a gente ia-se tapar a presa, que ia regar Isto era era lindo, lindo!


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