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PVC20

Porto de Vacas, excerto 20

LocationPorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
SubjectO linho, a lã e o tear
Informant(s) Casimira Catarina
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Mas então explique-me : tascava o linho para quê? Para sair o quê?

INF1 Para sair a palha, a que não prestava, assim para o chão.

INQ1 Como é que lhe chamava a essa palha?

INF1 [vocalização] Ele era o esterco assim que saía do linho .

INF2 Mas, a tascar?

INF1 Sim, no fim de o tascar.

INQ2 Ah!

INF1 Primeiro era tascado; depois [pausa] era maçado.

INQ2 E com que é que tascava?

INF1 Era mi- Era eu. Eu e às vezes

INF2 Tascava. Era a tasca.

INF1 Ai, a tasca. Então era a tasca.

INQ1

INQ2 Então pergunta com quê.

INF1 Era a tasca. Onde era desca- arranjado era a tasca. E era então as espadanas. A espadana, também ainda tenho uma uma espadana.

INQ1 E a esp-, e a espadana era para tirar o quê?

INF1 [vocalização] A espadana era para tirar essa [vocalização] palha miudinha, miudinha.

INF2 A aresta!

INF1 A aresta, sim. A aresta. Pois é, para tirar a aresta do linho.

INQ1 E espadanava Espadanava em cima de quê?

INF1 Eu espadanava de cima dum cortiço das abelhas. Num cortiço das abelhas é que a gente espadanava.

INQ1 Pois.

INF1 E depois agora, ele levava

INQ1 E depois a seguir?

INF1 levava muita volta, assim para esse para quem o punha em pano.

INF2 Fiava-o

INQ1 Mas a seguir a espadanar o que é que tinha que fazer?

INF2 Fiava-o; depois ele depois dobava-o num argadilho

INF1 No argadilho e depois era na dobadoura.

INQ1 Pois.

INF2 No fim, as meadas é quando i- é quando iam para para, para corar

INF1 Pois, é que as meadas eram cozidas no forno com borralho.

INQ1 Pois.

INF1 Pois era.

INQ1 Para ficarem branquinhas?

INF1 Sim senhora. Pois é, ele é verdade.

INF2 Primeiro semeava-o.

INF1 Sim.

INF2 Depois mergulhava-o na água para o, para o linho na- para o linho tomar a [vocalização] muito tempo na água.

INF1 Curtir. Para se curtir.

INF2 Curtir. No fim de se curtir, tirava-se, secava-se; no fim de seco é que se tascava; no fim de se tascar é que se espadanava.

INF1 Dava muita volta!

INF2 E a No fim de espadanado era é que era [vocalização] Como é que isso era? Como é que é que vossemecê disse? O sedeiro, sedei- sedeiro, que era para tirar a estofa a estopa do linho.

INQ1 Tirava a estopa, era?

INF1 Era, sim. Tirava a estopa primeiro que era para o linho Fazia a gente

INQ1 No sedeiro?

INF1 No sedeiro.

INQ1 E quando estava a trabalhar no sedeiro, diz que estava a quê?

INF1 Então, no sedeiro era era sempre assim, que usava essa, e era no sedeiro.

INF2 Era a ripar.

INF1 A ripar, era.

INF2 A ripar e depois ficava aquele aquele linho a luzir, aquela que aquilo era depois [vocalização] era que fazia estrigas.

INF1 Era molhado.

INF2 Chamavam elas [pausa] as estrigas. Faziam uma trancinha no no linho, faziam uma trancinha e depois aquelas trancinhas é que era mesmo o linho

INQ1 Pois.

INF2 verdadeiro. Depois ainda tra- ainda se tirava mais duas qualidades de linho: que era a estopa fina e a estopa grossa. Aquilo aquilo ainda ainda tornavam a Aquela que saía de, mesmo, do, do quando estavam a ripar para o linho, para fazer aquelas trancinhas, era a estopa fina,

INQ1 Pois.

INF2 que a faziam para os lençóis de f- de estopa fina. Depois ainda tiravam outra grossa que ia para as cobertas da da azeitona.

INQ1 Exactamente, misturadas com .

INQ2 Hum.

INF1 Pois é, pois é, sim senhora. Com ou algodão

INF2 E depois é [vocalização]

INQ1 Pois.

INF1 Pois era, sim senhora. Eu fazia muitas.

INF2 Em uma, eu nunca aprendi a [vocalização] f- a fiar mesmo na roca, mas a minha m- minha mãe

INQ1 Pois.

INF2 [vocalização] fiava, de- desde que o criava até que o punha em pano. Mas eu, eu também nunca soube fiar.

INQ1 Pois.

INF2 O meu avô ainda me fez uma roca. Quando eu era pequenita, ainda me fez uma roca para eu fiar, mas eu nunca nunca aprendi. Nunca aprendi a fiar.

INQ1 Pois.

INF2 Mas a minha mãe é que sabia bem tudo.

INF1 É verdade.

INF2 Sabia fazer tapetes, sabia fazer mantas, lençóis, tudo, passadeiras, tudo! Ela fazia de tudo, tudo, tudo!

INQ2 Rhum-rhum.


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