INQ1 Mas há pessoas que têm em casa, que não precisam de ir à praça.
INF Há pessoas que têm.
INQ1 Têm o quê?
INF Têm… Chama-se aquilo um alegrete
INQ1 Um alegrete?
INF adonde se adonde se semeiam qualquer temperos que se possam pôr na, na c- na comida.
INQ2 Olhe, ainda há bocado disse que as noras estavam aonde?
INF As noras? Nas hortas.
INQ2 Uma só é uma?…
INF É uma horta.
INQ1 Olhe, e as coisas, plantas, quando são muito pequeninas, que é preciso para, para as plantar…
INF A plantar. Chama-se: é uma almástica.
INQ1 E quem é?… Quem é que trata das hortas?
INF Das hortas, são os…
INQ1 O homem que trata da horta…
INF O homem da horta chama-se um hortelão.
INQ1 Se forem dois, são dois?…
INF São dois hortelões. Uns para o
INQ2 Um só é um?…
INF São dois hortelões. [pausa]
INQ2 O homem que anda na horta é?…
INF É [vocalização] hortelão. [pausa] Que faz ser um como mais.
INQ2 Pois. E dois são dois?…
INF São dois. [vocalização]
INQ2 Dois quê?
INF Do-, d- Dois homens que trabalham na horta. Porque há, há há há diferença: [pausa] aquele próprio que seja dono, ou que seja rendeiro, e que tenha homens a trabalhar, esse é que se chama o hortelão próprio. Quer dizer, o responsável, que é o usufrutuário daquilo, [pausa] é que se chama o hortelão próprio. E os outros que lá trabalham, é assim: "Trabalho na horta [pausa] do meu patrão. Eu trabalho na horta. E o ho- E o hortelão é fulano". A gente diz assim: "Então trabalhas na na horta, quem é o hortelão"? "O hortelão [pausa] é fulano". "Assim está bem". E já não é ele que é hortelão, que trabalha… Até pode o hortelão não trabalhar, mas o que é o usufrutuário de da fazenda, que seja dono, que seja rendeiro, esse é que tem o nome de hor- de hortelão. Os outros é: "Trabalho na horta". Pois.
INQ2 Pois. Mas dois, duas pessoas que sejam donos da horta, como é que se chamam?
INF Se forem donos da horta, são ambos dois hortelões. Pois.
INQ1 E se for uma mulher?
INF E se for uma mulher, é uma horteloa.
INQ1 Olhe, e na… E portanto, na horta, o que é que se cultiva?
INF As hortas, cultiva-se [vocalização] a couve.
INQ1 … Espere aí. A couve.
INQ2 Cultiva-se a?…
INF A couve.
INQ1 Se for uma couve pequenina, como é que lhe chama?
INF É um repolho. [pausa] Se for grande, é uma couve grande, não é assim? Conforme as qualidades. Isso depois depende da qualidade. Isso depois os vários nomes, vai tudo da qualidade. Que a couve, cada uma couve tem uma qualidade, e isso depois depende. Quer dizer que a gente passa por uma horta, vê um couval [vocalização], diz: "Olha que rico couval"! Aos depois aquele couval [vocalização] tem diferentes: porque uma é [vocalização] branca, outra é lombarda, outra é riçada, outra é é couve-flor – e tudo vai a palavra…; a primeira palavra é tudo "couve". Pois. Há diferente: outra é a couve de só só de grelo, que é para espigar – ouviu? –, [vocalização] é diferente. Ora vê?
INQ1 … Ou vou eu ou vais tu? Posso ser eu a continuar e vais lá tu com a senhora. Portanto, o senhor… Mas tem, quando tem uma couve que é, que não é bem o repolho, o repolho é couve branca, não é?
INF Pois. Couve, pois. Está bem.
INQ1 Mas tem uma couve, mas não está contente, foi à… A sua mulher foi à praça e trouxe de lá uma couve e o senhor: "Ai, isto… Esta couve é muito pequenina"!
INF "Tal é este repolho o tamanho que este deste repolho"! O repolho é pequeno. Se for grande, já a gente diz assim. "Que rica couve! [pausa] Que rica couve"! E se for pequena: "Tal é este repolho"! "Isto não presta"! – parte das vezes. Que muita das vezes, a gente traz um repolho [pausa] grande, pensa que ele que é bom, mas por dentro está oco. É por essa a razão que agora já não há enganos por isso: porque, se compra a peso, já se sabe que, se for grande, mas vai ao peso, se não tiver peso, a gente diz logo: "Olhe, é muito grande, mas eu não a quero que pesa pouco". Já se sabe por dentro que não tem de comer.
INQ1 Pois.
INF E então naturalmente não, não não a quer. Que vai pesar uma pequenina, aquela é que pesa, já sabe que aquela é que tem que comer. Que é isso que é a diferença do peso – é muito razoável que seja assim.
INQ1 Então e quando o senhor goste muito, gosta muito da couve que está a comer, que diz assim… Diz… Não diz: "Ai que rica couve"!
INF Pois não. Digo: Que po-
INQ1 "Ai que rica"…
INF "Boa couve"! Pois.
INQ1 "Boa couve"!
INF Eu digo, suponhamos: "Que boa couve"! Como posso dizer: "Que rica couve [pausa] da horta de fulano"!
INQ1 Pois, pois. Olhe, e há outras coisas verdes que agora se comem, agora estão a aparecer, na Primavera…
INF Na Prima- Na Primavera, há há-se…
INQ1 Que se tiram das couves.
INF Que se tiram agora? O espigo. Pois. Que isso é o espigo.
INQ1 O espigo e o grelo é a mesma coisa?
INF É o espigo ou o grelo, pois.
INQ1 É a mesma coisa?
INF É a mesma coisa, que é [vocalização] é depois de ela espigada [pausa] é que faz aquilo.
INQ1 Como é que dizem? Espigo, não é?
INF É um espigo, pois. Ou espigo, ou: "Dê-me um molhinho de espigo", ou um, ou um ou: "um molho de grelo". Pois. Aquilo é tudo depois de ela espigada. [pausa] Que aquilo já é apropriado tu- tudo para sopa.
INQ1 E há outra coisa com que se faz salada?
INF A salada, é a alface. [pausa]
INQ1 Mas também se faz salada com mais coisas…
INF Há mais coisas. Há o, há o Há o repolho branco.
INQ1 Mas para fazer salada…
INF O repolho branco também se faz.
INQ1 Também?
INF E há o E há o um nabo pequenino, que é a [vocalização] o rabanete, que também se faz salada.
INQ1 Espere aí. Já lá vamos… Nove, quinhentos… Está muito longe. Mas há outras coisas que crescem junto da água, que tem assim umas folhas pequeninas…
INF Ah! Isso é o agrião. Pois.
INQ1 Agrião.
INF O agrião.
INQ1 E outras coisas que até se faz com, também verdes, com as folhas compridas, que se faz com a sopa de grão ou do feijão…
INF Ah! É o [vocalização] ca- o catacus.
INQ1 O quê?
INF Catacuses, [pausa] com a folha comprida que se faz com o grão. Que é uma s-, que é
INQ1 Para se fazer sopa?
INF Para fazer a sopa com grão para – para cozer, com grão.
INQ1 E ainda há outra coisa verde que se põe na sopa…
INF E há E há outra, que, que é que é a celga, que que essa é mais apli-…
INQ1 A quê?
INF Celga, que é mais apli-… É com o mesmo sistema. É um bocadinho diferente, até mesmo o gosto é diferente. Que essa é apropriada é para é para o feijão.
INQ1 E então, e os espinafres?
INF E os E os espinafres, pode ser aplicado é para o feijão, que é próprio, que é o… Mas já isso é uma coisa mansa que se cria mais nas nas hortas. E a outra já é já se torna uma coisa brava. É brava já se cria assim ao campo, como se cria outra coisa qualquer. O que é é que é muito é muito perguntado também.