INQ1 Depois aquilo tinha assim uma coisa que descia, com uma, uma pedra na ponta para…
INF É uma [vocalização]… Chama-se uma prancha.
INQ2 Uma?…
INF Uma prancha.
INQ1 E essa prancha estava presa assim numa…
INF Essa [vocalização] Essa prancha era tira- era man- mandada por meio de uma manivela com com um ferro metido ou fosse [vocalização] um bocado de madeira.
INQ1 Pois. Mas olhe, ela tinha assim uma?… Uma assim, uma espécie disto, isto é o quê?
INF Pois.
INQ1 Uma?…
INF Uma vara. Pois. [pausa] E eram duas ou três pessoas a andar com aquilo à roda, e aquilo ia dando aqueles estralos, e era uma espécie duma rosca, ia rodando, ia apertando, ia apertando, ia apertando. Pois.
INQ1 E a vara girava, tinha assim uma?…
INF [vocalização] A vara gi- girava. Era móvel. A gente tirava-a e punha-a punha.
INQ1 Pois. Mas e tinha assim uma rosca. Lembra-se como é que isso se chamava, assim uma coisa…?
INF Tem o… Para andar aquilo para baixo é por meio de rosca. Pois. Agora, o sítio daqui onde se se metia tinha [vocalização] um caixilho – um caixilho assim como isto. A gente [vocalização] mete numa vara… Essa na Suíça, então, trabalhei eu, o primeiro ano, trabalhei assim. Pois. Na Suíça, trabalhei assim. Essa, essa foi assim como era cá no outro tempo, mas cá [pausa] nunca tra-, que-, se- cheguei a trabalhar cá nessas. Mas lá trabalhei naquele. E no segundo ano quando estive com aquele patrão, já foi aí eléctrico. Acabou com aquilo, que aquilo custava muito. Claro. Tem aquela caixa, a gente metia aqui, que ela até era uma vara de ferro. Era em ferro. A gente metia-a aqui, punha-se… Isto era o [vocalização] aquela parte da bacia – lhe chamavam eles, a bacia – [vocalização] com trinta centímetros assim de altura, e nós púnhamos aqui o vinho, ou, quer ver, o engaço da uva depois de estar pisado. Púnhamo-lo aqui. Depois levava umas tábuas [pausa] a atravessar, umas duma maneira, outras doutras, assim cruzadas. E depois levava dois dois barrotes – lhe chamavam eles; são dois bocados de pau – com uma diferença su-, vá, suponhamos de quinze centímetros, para cada lado, [pausa] por um metro de comprido, conforme fosse a [vocalização] a largura que a- que aquele tabuleiro tem. Porque, o tabuleiro, há uns maiores do que outros: se for maior, mais despacho dá; se for mais pequeno, dá dá menos. [pausa] Isso depende. Mas o feitio é igual. E depois a gente [pausa] metia ali aquela parte da da prancha. Tem um Tem um bocado dum ferro, trazia-se abaixo – ouviu? – e o homem metia. Conforme ia rodando, ia andando à volta. Ia andando à volta e aquilo ia pregando um estralo: trás, trás! Ia rodando, ia passando a rosca e aquilo vinha descendo abaixo, vinha descendo abaixo. E o vinho vinha a correr para fora. Pois. Lá estava a tal dita tina de madeira a apará-lo. Se estava cheio, nós carregávamos com uma outra vasilha, com uns baldes, para os potes.
INQ1 Exactamente. Já está?
INF Isso foi o que a gente o que fiz no primeiro no primeiro ano, com essa coisa da vara.
INQ1 Olhe, e depois o vinho quando ficava assim a, a ferver, como é que lhe… Não se lhe chama vinho ainda, pois não?
INF Pois não. A gente, eles, eles lá Eles lá cha- chamavam-lhe o pé, [vocalização] a água-pé. Pois. Eles lá chamavam-lhe a água-pé quando ele quando ele estava a ferver. E quando ele deixava de ferver, depois é que já passava [pausa] ao nome de vinho.
INQ1 Mas há outra palavra, sem ser água-pé, que se usa cá.
INQ2 Quando… está doce, e as crianças gostam muito de beber…
INF Há o mostro.
INQ2 Como?
INF É o mostro do vinho. Pois. Que é o doce!