INF1 Até aqui levávamos 'levávamos-a' ali a um colega nosso do Tortosendo. Era o Deolindo. Mas o homem já era de idade, já morreu. Está à nossa espera. E agora, [pausa] agora neste ano não há cá. Este ano passado ainda lá déramos para um filho dele que lá se tomou conta do lagar. [vocalização] Agora, não tenho cá nada, nada dou.
INQ1 O lagar era aonde?
INF1 No Tortosendo.
INQ1 Ah, pois.
INQ2 Mas este aqui, pois, portanto…
INQ1 Não havia aqui lagar?
INF2 Aqui havia.
INQ1 Este havia aqui…
INF2 Aqui havia era a água.
INQ2 Era a água?
INF1 A água.
INF2 Era. Olhe era ali para aqueles lados, chamam além o Pisão.
INQ2 O Pisão.
INF2 Ali para aquele ribeiro dali.
INQ2 Rhum-rhum.
INF2 Mas era ao lado…
INQ1 O Pisão era o sítio, chamava aquele sítio ali?…
INF2 Chamavam lá ao sítio o Pisão. E E o lagar era do senhor Dinis. Só que, claro, [vocalização] agora, quer dizer, começou a deixá-lo cair, a deixá-lo cair, está todo estragado.
INQ2 Mas os senhores ainda o viram trabalhar?
INF1 Ai, oh, mas quantas vezes!
INF2 Ai, ainda! Ainda há pouco deixou de andar! Há-de haver aí…
INQ2 Então, mas quando era a água. Portanto, havia o pio, e dentro do pio não havia umas pedras que eram?…
INF1 É.
INF2 Pois. Chama-lhe a gente as galgas.
INF1 Chama-se-lhe nós as galgas.
INQ2 Rhum-rhum.
INF2 Aqueles galgas estavam a andar mas eram tocadas com uma roda a água. Não era à electricidade.
INQ2 Sim senhora.
INF1 Era a água.
INF2 Estava uma roda do lado de fora, botava para lá uma levada de água tapada, aquela roda andava a andar, e fazia andar as galgas do lagar.
INQ2 Rhum-rnum.
INQ1 E as galgas, e aquilo à volta era o pio?
INF1 Era o pio.
INF2 Era o pio.
INQ1 Onde andava, onde esmagava?
INF2 Onde andava, que era para o para ali estar tudo juntinho, para se não desperdiçar.