Dicionário de Regionalismos e Arcaísmos

Palavra

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e

[1] 1) Em acepção reforçativa: ‘e também’; 2) Addicionado de mais: “e mais”; 3 substituido por mais: “eu mais tu”, “E a mais tu”; 4) substituído por com; 5) “e em verdade” (prégnante): cf. Zs., XXXV, 230. Vid. algo in Zs., XXXV, 213 (-215), n. ss., e 230.

[2] Uso de e em exclamações: Lang, D. Dinis, nota ao v. 653 (p. 122); Nobiling, Guilhade, v. 994 (depois da exclamação). Citam, entre outros exemplos: “Por Ds., senhor, e ora que farey? | Senhor, e assi ei eu a morir!”, vid. CA, v. 1350 (e vale por ‘pois’).

[3] “É mãe, e que mãe!”, “é mãe, e mãe a valer”.

[4] Soaria ê. Escrito he em texto antigo, Leges, p. 257.

[5] ‘mas, apesar d’isso’: “Diz que não foi, e foi!”, “diz que não ia, e foi!”.


eça

RL, III, 144 (etymo).


echacorvaría

De echacorvo (‘embusteiro’, Moraes): “serẽ echacoruaryas e doudices”, sec. XVI, AHP, III, 185.


echo

[1] ‘Jogo’. RL, XII, 93.

[2] (ê) ‘Um certo jogo de rapazes’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.

[3] (Com é e x): “jogo do echo”, Carviçaes, em Moncorvo.


eco

= Echo. A palavra veio do fr. écho, que é masculino, e não do lat. echo, gr. ήχώ, que são femininos.


ecresiastico

= Ecclesiastico, sec. XV, AHP, I, 199. Não vem no Caturra.


ecúmena

οίχουμένη (scil. γή ‘a terra’): ‘a terra habitada’. É preferível com -a do que com -e, porque soa melhor.


edificio

Esmeraldo, p. 92.


edivigar

Dipl. et Ch., sec. XI, p. 466.


edra

[‘Hera’, Torre de D. Chama – Aguieiras.]


efusivo, -a

‘expansivo, etc.’. “Efusivos cumprimentos”, lê-se, passim, nos jornais, p.ex., O Sec., 30-IV-38, p. 6. Não vem nos Dic. que consultei.


egiptana

= Egipcia, Vieira, Sermões, III, 226.


eguariço

[1] ‘O que guarda as eguas’, Alandroal, RL, IV, 63.

[2] Em 1099, DC, p. 261, p. 37: eguarizus (pl.).

[3] De *equaricius, hesp. arc. yegarizo, yeguerizo: A. Thomas, Nouv. Ess., p. 253.


eibado

‘Individuo macilento’, B. Baixa, RL, II, 248. Por eivado.


eicelente

= Excellente, 1523, AHP, II, 122.


eidade

Num doc. de 995: “in puerizia eitate auentem dies XV”, D. et Ch., nº 174.


eido

[1] ‘Quintal contíguo à casa, cêrca’, Amares.

[2] ‘Morada com seus logradouros’, Melgaço, RL, VIII, 57.

[3] “os eidos temos perto”, sec. XVI, O Lyma, 1820, p. 106.

[4] ‘Terreno murado próximo da casa, separado às vezes por um caminho, ou um pouco afastado. Ha n’ele arvores frutivas e cria-se milho feijão etc. Porem não entra lá arado por causa das arvores, só enxada’, Monção. Vid. quinteiro.

[5] Varios sentidos: A. Sampaio, Estudos, II, 218.

[6] 1) ‘Curral ou loja sob a casa, quando esta tem andar alto; ou compartimento separado, que deite para o quinteiro’. Tambem se diz curral. Caminha (me informou um individuo de lá). 2) ‘Campo da porta, com hortas, pomares etc.’, Valença.

[7] ‘Espaço cerrado, mas descoberto, á entrada da casa para estrume e para guardar [alguns petrechos de lavoura etc., Guimarães. Vai no Voc. de Guimarães.

[8] ‘Sitio’, Tras-os-Montes, RL, I, 210. (G. V.). Cfr. III, 62.

[9] ‘Logar’, Chaves, RL, III, 62.


ei! éte!

Interjeição. RL, XII, 93.


eigreia

= eigreja, sec. XIV, I. Ac., IV, 586.


eimar

‘Inflamar’, Tras-os-Montes, RL, I, 211 (G. V.).


eira

Serve de eira um lagedo enorme de granito: alli malham o centeio. “Lagedo do concelho”. Tambem ha eira de terra batida. Rapa (Celorico da Beira).


eirada

[1] [‘Eira cheia de milho’, Baião.]

[2] “a casa eirada e mais terrenos de lavradio e mato, sitos na freguesia da Lama”, (Barcelos). DN, 24-VI-914. Mas logo a baixo vem “a casa e eirado” duas vezes. Será erro eirada? Mas Cândido de Figueiredo traz.


eirado

[1] [‘Um pouco de milho estendido para secar’, Baião.]

[2] ‘Conjunto de centeio espalhado na eira para se malhar’: “Hoje ando com o meu eirado”, Fozcoa.

[3] ‘Terreno que circunda a casa e eira’. “um eirado de terra lavradia”, Barcellos, Tirocinio, 13-VII-84.


eiramá

[1] Camões, Filodemo I, I, no começo.

[2] ‘Diabo’ em Angra do Heroismo (Esteves Pereira). Etim. pop. da hora má. Cfr. aramá em G. Vicente, III, 101 e na Beira (Vanguarda, 29 Ag. 80, art. meu). Liga-se com as superstições das horas boas e más.


eire

[1] Lat. heri: CV, 772 rp.

[2] ‘ontem, Cornu, Romania, XXI, 91; Lang, The Romanic Review, II, 342.


eirẽa

Nome de mulher. 1308, AP, VII, 181.


eiri

CV, 1084, creio que é ‘ontem’.


eiró

[1] Peixe: *areola, vid. Rev. des l. rom., LVIII, 304.

[2] RL, III, 144 (etymo).


eis

[‘Êles’, (Torre de D. Chama) – Aguieiras.]


eitada

“Dou-lhe uma eitada boa”: “dar-lhe um eito”, ‘um corte a eito, num mato, em trigo, herva, etc.’. Cadaval.


eito

[1] ‘Porção de campo que cada pessoa tem de ceifar, mondar, etc.’, Alandroal, RL, IV, 63.

[2] ‘Córte da cavada ou da segada’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.

[3] “Fazer um eito”, ‘amanhar um pedaço de terra seguido’, Cadaval, Obidos. Substantivo.

[4] RL, III, 145 (etymo).


eiva

[1] Do celtico. Irl. aip. Meyer-Lübke, Einführung, § 35. NB: É um caso como manha quanto à mudança de sentido?

[2] Posto em parallelo com o prov. aib (ab, aiba), e tirada do arabe (‘aib, ‘aibah) por Blondheim, in Mod. Lang. Notes, XXVII (1912), 11-13. Rejeito pois *labia proposto por D. Carolina in Miscellanea Caix Canello, p. 125.


eivado

Vid. eibado.


eivas

(Dar-lhe nas ‒ ): ‘Dar-lhe nas manhas’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


eivigar

RL, III, 147 (etymo).


eixada

[1] ‘enxada’. 1507. O Paço de Cintra, p. 223; menciona-se ao pé de hum sacham, e p. 231, a par de marram = marrão.

[2] ‘enxada’. Sec. XIV, AP, VII, 264.

[3] “de um engenho de alimpar armas e de 17 eixadas, e de 144 espaldares”, sec. XVI, AHP, I, 207. Não vem no Caturra. É termo de armadura? (como espaldar o é).


eixamete

[1] (em vestuario): S. Graal, 11.

[2] “entrou no paaço o santo graal cuberto de hũu eixamete branco”, S. Graal, 17.


eixe

= eixo (do carro), Vila Pouca d’Aguiar. axis: mais etimologia.


eixeco

‘Dano’, Leges, II, 26, sec. XIV.


eixete

Trad. port. do foral de Beja, Leges, p. 643 (sec. XIV ou XV). Vai nas Obs. no Eluc.


eixida

[1] ‘Saida’. “eixidas novas e antigas”, sec. XIV, Diss. Chron., V, 286 (2ª ed.).

[2] “casas e eixidas”, sec. XV, AP, V, 258. Vai nas Observ. ao Eluc. (Arch. Portug.)


eixido

[1] “casa com huum pequeno eixido”, sec. XV, Dcc. do Souto, p. 72.

[2] EP II, 336 (n.1) e 344.

[3] Varias vezes em Docc. de Guim., p. ex. 1348: “no eixido das casas que foram de”, Docc. do Souto, nº 58. ‘Pateo’? Creio que a forma se usa hoje. Cf. Elucidario. Vai nas Observ. no Eluc.


eixir

eyx’= eyxa, CR I, 151, sec. XV.


eixo

‘Peça com as rodas nos extremos e onde assenta o carro’, Castro Laboreiro. Vide roda.


ejêtar

‘Enjeitar’, Algarve, RL, III, 118.


el

[1] “Pááos del conde”, sec. XIII, Doc. Gallegos, p. 49. El-rei em documentos gallegos: Martínez Salazar, Antigüalhas de Galicia, p. 13. Lições de Phil., p. 61.

[2] 1) Nas Inquisições, I, 332 (sec. XIII, data igual ‒ XIV, texto tradução?), Ponte de Lima lê-se “El Conde Doñazão”. Para estudo. 2) Nos D. et Ch., nº 859, de 1097: “fuit ipsa ereditate de el Conde Domno Eauo”, a qual ficava “subtus mons Muro, discurrente rribulo Durio,… inter Pavia et Bestionza, terridorio portugalense”. O el deve pois ter sido evolução de elo. Ad Pidal.

[3] = Elle, Ined. D’Alc., I, 142, 146 e passim.

[4] ‘Elle’, Esopo, 73.

[5] “ego el Conde Henrrique, et Regina Theresia”, de 1076, apud J. Pedro Ribeiro, Diss. Chron., III-I, 16. Vai ad Pidal.


ela

“Boa vai ela!”, “É assim que elas se armam!”, diz-se quando alguém se expõe a um perigo.


elamento

= elemento, Esopo, 73.


elastio

= elastico, Trancoso, RL, V, 172.


electro

electro… que na nossa língua he não mais que alambre amarelo”, Academia dos Singulares, I, 1665, p. 259. Definição.


eleição

Vid. lição e ellyçom.


eleiçoeiro

‘Que trata de eleições; galopim eleitoral’. “(O governo) desaparece sem deixar uma alma que o lamente, a não serem esses eleiçoeiros que se estavam pondo a postos para, por seu intermedio, sugarem grossas maquias das arcas do Thesouro”, de um jornal de provincia (1906), não sei qual, porque só vi um fragmento.


elemento

‘No seu ambiente, no seu gôsto’. “Está no seu elemento”. Provém da ideia de peixe n’agoa, que é um dos quatro elementos da sciencia antiga.


eliçom

Ellyçom:‘eleição’, sec. XIV, rep., Ined. Acad., IV, 602. Cf. lição.


elna

Parece ser ‘hernia’. Não vem no Caturra. “presta para elnas e terçans”, Valentim Fernandes, Ilhas, p. 20, sec. XVI. Cf. Trad. pop. de Port. a superstição com o vime e o olmo, p. 113, -l (e cf. § 247).


elo

[1] Lat. illud. Cod. 244, 74v.

[2] ‘Isso’, Comprom. de Guim., 1516. Esopo, 74.


elpadacera

vid. piastrão.


el-rê

‘El-rei’, Açores, RL, II, 304.


el-rei

Sobre a conservação, cfr. o que eu disse na Analyse das lições da ling., p. 8. Factos psychologicos análogos: Mohl, Chronologie, p. 78.


elucidario

Expressão empregada várias vezes: vid. Viterbo, advertenc. prelim. do Elucidario.


em

[1] ( ‒ tanta forma): ‘de tal sorte’, Melgaço, RL, VIII, 57.

[2] “emcastoada em prata”, sec. XVI, AHP, II, 409. “outro (livro) do Justym, de latym, em purgaminho”. ib. Mas alterna ib. com “livro de purgaminho”. Mais a cima: “livro emlumynado em purgaminho”, e “livro… esprito (= escrito) em purgaminho”, o que explica a ellipse.

[3] Está no bom emprego: “livrozinho… escryto em purgaminho”, sec. XVI, AHP, II, 411.


em-

En-, Alandroal, RL, IV, 63.


embaladeira

‘Nos berços do Alemtejo cada uma das taboas curvas do fundo d’elles que os faz oscilar transversalmente’. Ex. no Museu.


embalecar

“nego se m’eu embaleco”, Auto da Festa, p. 110. No Templo d’Apollo: embeleco. Vid. o trecho transcrito no Auto da Festa, p. 84, nota.


embalo

Vid. imbalo.


embanar

[1] ‘Embalar as crianças no berço ou no collo’, Castelo do Alandroal: “José (S. José) êmbana o menino | Q’a Sinhora logo vem, | Foi lavá’los cueirinhos | À fontinha de Belem.”

[2] ‘Embalar (o berço)’, Montemór-o-Novo. Cfr. abanar.

[3] ‘Abanar’, Algarve, RL, VII, 118.


embarçamento

1522 AHP, II, 395 e 388 (embarçamentos).


embarrada

(a mulher ‒ ) ‘Pejada, prenhe’, Melgaço, RL, VIII, 57.


embarrar

( ‒ em alguma coisa) ‘Embicar nella’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embarreirado

‘Sitio com barreiras ou encostas’, Beira Baixa.


embecas

‘Aivecas’, RL, XII, 93.


embelançar

‘Balançar, balouçar’. “Quando vai a embelançar com o candieiro, entorna-se” (flagrante), i. é., ‘quando leva o candieiro de azeite pendurado na mão, pela argola que tem em cima, e o balança’, Mangualde.


embelar

= Embalar, flex. embéla, Taboaço, etc.


embelga

[1] ‘Espaço entre dois sulcos’, RL, XII, 93.

[2] ‘Termo da lavoura’, RL, XII, 105.

[3] embélga ‘Ourela estreita de terreno’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embeloirar

‘Rolar’, RL, XII, 93.


embeloutar

‘Enlamear’, Valpaços, RL, XII, 93.


embezerrar

‘Teimar, embicar’, RL, XII, 93.


embicheirar

‘Fisgar a toninha com o gancho do bicheiro (apparelho de pesca)’, Açores, Portugalia, I, 847. Caturra não.


embilhado

(andar ‒ ) ‘Andar com ares de querer uma coisa, mas conservando-se hesitante’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embilhar

(andar a ‒ ) ‘Andar hoje, amanhã a gastar tempo, sem se decidir’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embiotar-se

‘Enraivar-se’, RL, XII, 93.


emblôitado

‘Gordo, atarracado’, Algarve, RL, VII, 118.


embófia

Diz-se no Archivo Popular, VI, 1842, 114, que é palavra africana, e cita-se Fr. João dos Santos. Vem de empofia, que quer dizer ‘trapaça, demanda’ (1894).


embola

Sec. XV, CR, I, 184 (bis) e p. 201.


emboladas

‘Enroladas’, RL, XII, 93.


embolatar

‘Enlamear-se’, RL, XII, 93.


emboldregar-se

‘Lambusar-se’, RL, V, 46, s.v. enlabruscar-se.


embolinhar

‘Enredar’, RL, XII, 93.


emboõra

[“se hyram em boõra”, = ‘embora’. Import. Comprom. de Guim., 1516.]


embora

[1] Cfr. “as boas horaas vam contigo!”, Bernardim, Versos, p. 314.

[2] No sentido de ‘em boa hora’: GV, III, 161.

[3] Para a explicação serve bem esta frase do CR, II, 388: “boora vos hy?”.

[4] “Senhor, embora estejais! Embora estejais, Senhora!”, GV, II, 144, ainda no sentido primitivo. “Diz a feiticeira aos Reis, ao vê-los entrar na sala: Senhores, embora estedes!”, GV, III, 93, = ‘em boa hora!’. Vai nos Opusc., I.


emborcar

Alem da signif. usual: ‘Causar a morte a alguem’, Algarve, RL, VII, 119.


embrèjada

‘Que tem herva’, “terra embrèjada”, Alandroal, RL, IV, 63.


embriagar

De *inebricare, de ebriacus. Ebriacus in Arch. f. lat. Lexikogr., II, 306 (apud Schulze, Lat. Eigennam., p. 284, n. 8).


embroêza

‘Brava, arisca’, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embrulha

(o ‒ ) Talvez porque a rede se embrulha; mas não há remoinho. “Vou ó Embrulha”, nome próprio?, Baião.


embrulhar

Vid. emburilhado.


embuçar

‘Embeiçar, tapar o buço’, RL, XII, 93.


embudado

‘Amuado’. À lettra será: “como os peixes no embude”, Tras-os-Montes, RL, V, 44.


embude

[1] = imb-, Fozcoa: ‘herva de que se fazem bolinhas que dão aos peixes para os apanharem’. Assim se tira a duvida do Caturra.

[2] ‘Criança adoentada e com o ventre muito saido’, RL, XII, 93.

[3] Vid. peia.

[4] Epitheto injurioso, Algarve, RL, VII, 119.


emburilhado

= embrulhadas. “em huum papell emburilhadas huumas duas cartas castelhanas”, sec. XV, AHP, II, 64.


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