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Dicionário de Regionalismos e Arcaísmos95 resultados Em taboletas de Vila do Conde, Azurara, etc. ‘Habito’, Algarve, RL, VII, 244. ‘Habil’, Trancoso, RL, V, 72. = Habilidade’, Algarve, RL, VII, 244. Vid. habelitado. Vid. alaquequas em Moraes. Póde comparar-se com o fr. ont, e applicar-se o que d’este diz G. Paris: “Dans ont le b de habunt pour habent s’est vocalisé et confondu avec l’u suivant”, Extraits de Roland, p. 30. E o b que falta nas outras pessoas? ‘Herdeiro’, RL, XII, 102. [1] ‘Instrumento manual, de fole, que se toca puxando as extremidades para cada lado’ (definir melhor). Harmónio, Santarem e outras terras do Sul (nos Barrões harmóino). Harmónico, Tomar. Harmónica, Minho. [2] ‘Harmonium’, Trancoso, RL, V, 172. Harmonio, harmonico, Bragança. Cf. harmonica. Vid. harmonico. Cfr. all. Harfe. “Arta prudencia tem quem a voz ata”, Maria do Ceo, Enganos do baque, 1736, p. 223. [1] ‘Haste’, RL, XII, 102. [2] ‘Parte da mangueira; termo da lavoura’, RL, XII, 106. = Habil, Algarve, RL, 244. [1] ‘Ter’, Esopo, 81. [2] Imperat. ave < lat. habe, Ined. Alc., I, 161. [3] “mal hajam as suas riquezas!”, Cioso, I, i. Não será como diz Cornu, § 3, para hei(bho), mas por *haio, *heio em proclise; o b syncope como em marroio. Hei não é comparavel a sei porque aqui há p (em sapio): sei formar-se-hia por analogia. [1] No Esmeraldo: emisperio, p. 97. [2] ‘Hemisferio’, Esmeraldo, p. 163. ‘Hemorroidal’, Algarve, RL, VII, 244. Sec. XIII, J. P. R., Diss. Chron., I, 272. ‘Hera’, RL, XII, 102. [1] Deve vir de *heredantia: *heredare. Vid. legado. [2] ‘Herdade, em sentido material’, sec. XVI, ap. Tito de Noronha, Curiosid. bibl., I, 24. ‘Folhas soltas’, Tras-os-Montes, RL, I, 212 (G.V.). Cf. hesp. herbolario, herborita, fr. herboriste (vid. Dict. Génér.). Confusão com arvore. ‘Herança’: “Tive esta herda”, Avis. [1] [Sec. XIV ou XIII em Costumes de Beja, Leges II, 68: “qualquer dano que acho em mha herdade”.] [2] Campo. ‘Herdade divide-se em folhas, fixas ou não, que se cultiva de tantos em tantos anos, cada uma em sua cultura, ficando alguma de pousio ou de alqueive. Umas semeadas, por ex. trigo, aveia, outra de alqueive, outra de pousio’, Elvas. ‘Herdade pequena’, Avis. ‘Herança’, RL, XII, 103. [1] “Os filhos e as filhas herdem os padres e as madres”, Leges, p. 726. [2] De hereditare; cf. hesp. heredar; sardo redare; fr. ant. ereder; prov. ereter. Meyer-Lübke, Wörterbuch. Cf. hereditarius, ‘herdeiro’, fr. héritier, hesp. heredero. Herdançar de herdar. ‘Consortes ou sócios’, Melgaço, RL, VIII, 58. ‘Herança’: “Um hérdimo”, Marco de Canavezes. Vid. Gramatica, suff. -imo. [1] P. Merea, Atondo, p. 5: “terra provida de juro e herdade em pleno dominio” (o “alodio” franco). [2] Um dos seus sentidos era o de bens de raiz em geral: G. Barros, III, 467, n. 3, e remete para II, 14, n. 3 de p. 13. Exemplos de hereditas em III, 832. ‘Herdeiro’, S. Graal, 14. ‘Herdeiro’, será sec. XIII, Leges, p. 228. [1] ‘Herdeiro’, sec. XIII, AHP, IV, 42. 1356, Dcc. do Souto, n.º 60, p. 57 (herreeos). Sec. XIV, I. Ac., IV, 586. Herel, arc. (Moraes), cfr. vergeu, chapeu, etc. [2] D. Denis mandou abrir o paul de Ulmar em Leiria “para o repartir por hereos”, Mon. lus., V, 192. Texto para acrescentar ao que diz Moraes. Hereu em catal. (Labernia). ‘Administrador da receita e despesa das levadas. Os donos das levadas arrendam-nas a donos de campos vizinhos, que gastam umas tantas horas por quinzena, e pagam um tanto por cada hora’, Madeira, 1896. “Hermeneutica de lendas e inscrições antigas”, Mem. da Acad., 2.ª serie, t. II, pt. I, p. XLV. Assim pronunciado, textos em Ayres de Gouveia, Apontamentos sobre a Lusitania, p. 70. e heroïzar. Cfr. martyrizar, vaporizar, organizar. Não heroicizar, que é ‘tornar heroico’. O all. diz Heroisierung, o ital. eroizzamento, o fr. heroïsation. De heroe + -ização. “Rapar herva”. Vid. rapar. ‘Devem ser más hervas’, RL, V, 42, s.v. derreigar. “Há nesta serra valles de muita eruagem”, B. de Brito, Geogr. da Lusit., 1597, fl. 4. ‘Quantidade de hervas más que nascem com as plantas uteis’, Rapa. ‘Especie de serpol’, Alcanena e arredores. Informação do Dr. Silveira e ouvi a outro. Por herva ussa, Bluteau. Nasalação devida à influencia de junça (que lá se conhece) e acaso tambem maunça. Vid. leitão. Em sentido da Peninsula: “em sse guaanhar esta terra da Espanha”, Linh., p. 230. No pl., a Peninsula: Chronica d’Azurara, p. 157 (Spanhas); Fernão de Oliveira, Gram., 2.ª ed., p. 9. J. Cornu, § 304, n. 3. De ἑκτικός, ‘habitual’ , ἑκτικής πυρετός, ‘febre continua’; d’aí: ‘debilitado por essa febre, hetico’; na ling. fam. = ‘tisico (quando muito magro)’. Gr. εξασκελής. Cf. isósceles. [1] ‘Ahi’, Esopo, 81. De hic ou ibi: Mod. lang. notes, XII, 144. [2] “há hi” < > il y a, Cron. d’Azurara, p. 365. Vid. y nestes verbetes. Romanic Review, II, 341. Moraes s.v. hi. [3] ‘Ahi’, Avis, RL, IV, 230. [4] Conservado em locuções: prialém (Beira) = ‘por hi alem’. Em Coura: “por hi á baixo”, “por hi á cima”. Esmeraldo, p. 167 (yemal). ‘Humor’, RL, XII, 314. Sinfães. Expressão já usada em portugues em 1845, provavelmente pela primeira vez: vid. Ensaio hist. sobre os nomes proprios, p. 52; falando dos deminutivos dos nomes gregos: “chamavam-lhes hypocuristica (neutro), lisongeiro”. [1] “Ir onde ele”: ‘ir onde ele está’, Melgaço, RL, VIII, 58. [2] “Ir em hũ sítio”: ‘ir a um sítio’, Melgaço, RL, VIII, 58. [3] “Ir ante conto”: ‘hir de pressa a um negócio”, Melgaço, RL, VIII, 58. ‘Hirto’, pop. “o hyssopo da parede”, Vieira, Sermões, III, 220. Diz-se geralmente “de Portugal” e não “dos Portugueses”, “de Hespanha”, etc. [1] “Hoje em dia” no Filodemo, I, III, p. 12 da Act.e. “Og’este dia” no CA, v. 6406, p. 581. “s’oj’el este dia”, CV, n.º 322. [2] ‘Hoje’, Açores, RL, II, 304. [3] < hodie = ho(c) die. Cfr. “au jour d’aujourd’hui” (enfatico) com hoje três vezes. Port. “hoje em dia”; it. oggidi. ‘Ajudar’, RL, XII, 314. = Homem, Avis, RL, IV, 230. [1] Impess. < > fr. on. “As virtudes que homẽ ha mester para se salvar”, Ined. d’Alcobaça, I, 140; 154. Esopo, 81. Vid. Leal conselheiro de Roquete, 1854, p. 268 e nota. E indice. [2] 1) < > fr. on, na Cron. d’Azurara, p. 363: “he hũa das cousas per que homem pode conhecer sua (dos habitantes) sua grande bestyallidade”. 2) Moraes, Gram. port., cap. II, § 13, nota. 3) “Para subir fica homem mais ligeiro”, Camões, Egl., II, 156 (Hamburgo). [3] < > fr. on, ainda na Eufrosina, p. 351: “mal os póde homem julgar”. Arraiz, fl. 17: “pera ouvir palavras tão divinas devêra-se homem preparar como Prothogenes”. [4] “Vá, homem!”, “Que diz, homem!”, na ling. familiar. Da homenage(m), como preitear: com o sufixo -ear. Talvez tambem homenajar, cf. tributar, ‘pagar tributo’. Um nome em -agem é como se o tema fosse em -age, cf. viajante, moageiro etc. Exs.: sec. XIII, G. Barros, III, 572, n. 3. homen-z-arr-ão. A primeira parte não existe independente em português, pois que -arrão é suffixo composto, mas existe em catalão sob a fórma: homenarro, que vejo na Gr. de la lleng. cat. de Nouell, 1898, p. 47. ‘Humildemente’, Esopo, 81. ‘Humilde’, Esopo, 81. “cura homiliario da… catedral (de Beja)”, Memoria sobre as festas constitucionaes de Beja, Lisboa, 1821, p. 8, p. 9. ‘Grande numero de homens’, Algarve, RL, VII, 244. “(Doctor) honoris causa”: ‘por honra, para fazer honra a quem se dá o titulo’; < > dr. honorario. [1] ‘Acolhimento respeitoso, estimação’, Esopo, 81. [2] Na “capa d’honras”. Vid. s.v. capa. Honras de Miranda. [3] Não póde vir de honor. Körting tras honor, que é litterario. Vem de honrar, e honrar vem de honorare > *hõorar. Mas é preciso ver se há em português antigo. Não havendo, a explicação é *honorare > honrar. ‘Com decencia, solemnemente’: “hũa missa muito honrradamente”, sec. XIV, 351. [1] 1) Corresponde a 1/24 do dia: “estive lá 3 horas”. 2) ‘Momento de separação de cada uma das divisões’: “cheguei lá às 3 horas”, em vez de “cheguei ao dar a 3.ª hora”; “o relogio deu cinco horas”, isto é, ‘marcou a 5.ª hora’. [2] No sentido de ‘vez’: “preguntado se vinha algũas oras a esta cidade” = ‘algumas vezes’. Sec. XVI, Lucio, Sebastianismo, p. 73. “preguntado … se falára algũa ora com ele”, Ib., ib. Cf. “numa hora cai a casa” = ‘em um momento, uma vez’. [3] Emfortora, no CR, I, 21, 25, creio ser em fort’ora, creio já ter lido algures tambem (“em fort’hora eu nasci” < > ‘desventurada’). Bom trecho de exs.: Apol. Dial., p. 41. Vid. meio hora. [4] “Dar as boas horas”: ‘dar os bons dias’, Tras-os-Montes, RL, I, 219 (G.V.). [5] “F. é todo cheio de nove horas”: ‘todo aprumado, ataviado, apurado; cheio de pontinhos’, Lisboa. [6] “À última da hora”: ‘à última hora’, Lisboa. Cf. “à propria da hora”. Vid. proprio e mesmo. [7] “Vir às horas”, i. é, ‘às de comer’. “O trabalhador veio às horas”, por ironia, Celorico. [1] [‘Terreno vedado por muro ou valado, com legumes e hortaliças. Não regado’, Abrantes.] [2] ‘É grande e murada, para legumes’, Alandroal. [3] ‘Maior que hortêjo’, Alcoutim. [4] ‘Meloal’, Figueira da Foz. [5] Por ‘hortaliça’: “uma seladeira (espécie de alguidar) para lavar horta”, Obidos [6] ‘Hortaliça’: “vou apanhar a horta”; “vou migar a horta”; “vou pôr a horta na panela”, Obidos. [‘Em geral é menor que a horta, com legumes e hortaliças, cebolas etc. É regado. Mais mimoso que a horta. Com meloal etc. Especie de cerca. Pode ser ou não ao pé de casa’, Abrantes.] Num doc. do sec. X: “ortos hortales” nos D. et C., n.º 114. Cf. quinta, quintal. ‘Converter um terreno em horta’, Algarve, RL, VII, 244. ‘Hortar’, Algarve, RL, VII, 244. [1] ‘Horta’, Algarve, RL, VII, 244. [2] ‘Cerca para horta e pomar com agoa’, Alcoutim. [3] ‘Terreno maior que o quinchoso: para hortaliça’, Alandroal. [1] Nos “Costumes de Castelo Melhor”, sec. XIII (leonês), Leges, p. 926: ortollano e ortolano. [2] hortulanus > hortelão. Talvez antes do hesp. hortelano. A palavra é bastante pop., e tem -l-. [1] 1) Significa ‘horta’ no norte de Tras-os-Montes. 2) ‘Variedade de couve’, Cadaval. 3) ‘Terreiro fechado, com plantas para venda ou para estudo. Na cidade.’ 4) “Jesus no hôrto.” [2] [‘Menor que horta’, Sacoias (Bragança).] Fem. de hortolão nos Encantos de Merlim (1741). In Operas Portug., II (mihi) 343. Analogia. Num doc. medieval. J. Pedro Ribeiro, Reflex. Hist., I, 42, diz ser no sentido de ‘esposa’. Cf. Elucidario. Ospede, ‘hospedeiro’, sec. XIII, Leges, II, 84. “fr. houille, span. hulla, port. ulha, Steinkohle. Der Ursprung des Wortes ist in hul zu suchen, das nach wallonisches Lautgesetzen aus ahd. skolla Scholle entstanden ist. Offenbar hat er sich von dem Lütticher Kohlenbecken aus ausgehreitet”, Meyer-Lübke, Einführung, p. 69. [1] Já no sentido de ‘genero humano’ em F. d’Oliveira, Arte da guerra do mar, Coimbra 1555, fl. lxix: “qualquer destas duas cousas (guerra e mar) abasta para aterrar a humanidade”. [2] [No sentido de ‘genero humano’, meados do sec. XVIII, Anatomico jocoso, I, 126, mas também “genero humano”, p. 127.] ‘Homicidio’, Esopo, 81. [1] Sahido de cruzamento de *humille + humildoso, segundo Baist, Zs., XXX, 334. [2] Deve ser tirado não do substantivo, mas do verbo humildar. Humildar: nos Ined. Alc., I, 160. Vid. bondoso. Constit. de Coimbra, 1521, const. XIII. ‘Estar á espreita’, Tras-os-Montes, RL, I, 212 (G.V.). ‘A cidade da Hollanda’, sec. XVI, AHP, II, 235. Sec. XIV. I.Ac., IV, 585 e passim. “ao alcayde dará de cada cabeça huum huvre”, sec. XIV-XIII, Leges, II, 94. Não directamente do greco-lat. ὕσσωπος - hyssopus - hysopus, por causa do -e; mas do fr. ant. hyssope = hysope (no Dict. génér.). = hysteron-proteron: ὕστερον-πρότερον. Figura rhetorica que se dá quando se enuncia antes o que logicamente devia enunciar-se depois, por ex. “Muchos ha muerto y prendido”, vid. Zs., XXXV, 221. 95 resultados |
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