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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1335

1620. Carta de Rui Fernandes de Castanheda para a sua mulher, D. Catarina Faria de Alpoim

Author(s)

Rui Fernandes de Castanheda      

Addressee(s)

Catarina Faria de Alpoim                        

Summary

O autor dá instruções à sua mulher para que ela o ajude a melhorar as suas condições de vida na prisão, pois está muito doente.
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A dona Cna dalpoem q des gde na quintä ariba do poso do bis po onde chamão a encamizada. se for vivo ainda algũ do meu vinho rico mandai hum almude ao portador

Minha molher e senhora de minha alma foi deos servido tocarme o seu dedo como dise david. e porme no mais mizeravel estado q a fortuna podia achegarme com ficar a esta ora metido no carse da enquisisão com nome de judeu sendo eu tão e tão zeloso da ffe como des e vos me sois boa testa troixeme o portador deste q he o sõr amto glz familiar pesoa conhesida e amigo antigo e bem o mostrou em fazer ofisio de pai q serto em toda a vida lhe poderey pagar ainda que lhe dera des mil cruzados o amor e cortezia que me tratou sem me ver gem nẽ trazer gente de guarda cõsigo mais que virmos ambos dormindo em hũa cama e comẽdo a hũa meza tanto amor como se fora meu pai e se asim não fora e tivera tão pouca ventura q me fora buscar outra pesoa ja fora morto por o estado em q estou de doenca e fraqueza de dormir na prizão da vila de caminha tres somanas caregado de feros tantos trabalhos e fraquezas, eu não tenho aqui mais que por os olhos no seo e pedir a jesu xpo e a sua bemdita mai me queirão dar muita pasiensia e livrar de tão grãode falco testemunho e restaurarme minha onra e que me mostre vervos antes que eu acabe esta triste vida e despois faca de mỹ o que for mais seu santo servico pois foi servido q eu nasese pa pasar tão grãodes e ynmencos trabalhos e afrõtas em q ao prezente me vejo q ja de mỹ não sinto tanto porque com acabar esta triste vida descansaria somte o que sinto he vosa discõsolação e dezemparo e pouco remedio mas querera noso sõr que sera por pouco e q vos dara a vos entanto a cõsolação pasiensea e emparo q aveis mister tomando tudo em satisfacão de culpas e pecados, a elle lhe dai todos os agardesementos posiveis como a pesoa que o merese e a quẽ devo quãoto tenho e se des me puzer em liberdade eu protesto de lho saber asas mereser e asi tereis cuidado de lhe mandardes da frurta da quintã e cantaro d azeite quãodo o des der pa o novo que elle vos a de emcaminhar e ajudar no q for nesesario q tem mto entendimto e milhor natureza e creo que em tudo o q o acupardes o aveis de achar

qua soube que estava negoseado o dinheiro q o rocha me mandou cobrar a ma a madril queira ds q seja serto pa vos ver com mais alento e gosto tambem vos peco por amor q me tendes ser minha liberdade vades falar ao enquizidor frei anto, de sousa, pa vos a dar lisensa pa que cada mes me posais mandar refresco de mimo de fruita e meo alqueire de bolos e algũ dose e hũas azeitonas e limois e laranjas e algũa fruita pois sou tão doente de boubos e do ar e esfalfado e aleizado dos bracos e ser pobre e isto ser obra pia lho aveis de pedir mui encaresidamte por esta rezão volo não negẽ mormte sendo molher cristamvelha e da vosa calidade e que juntamte vos fação m de me querer meter hũa companhia comigo de homẽ cristão velho porque estando coro muito risco porque me dão grãodes asedentes e ymaginacõis de melenconia, e q vos nẽ vosa filha orfã de deos abaixo não tem outro emparo pois por estar ora dezonrado e prezo nẽ vosa irmã nẽ parentes vos querem ver e asy ficais dezomrada e sem remedio estas duas couzas aveis de pedir a frei anto e se for nesesario o aveis de yr pedir do emquizidor geral q he mui benino como vos bem sabeis e lhe pedireis pro q olhe por minha justica q eu sou mui diferente do que elles cuidão q fui acuzado falcamte por enemigos a quẽ antes de me acuzarẽ tinha decrado por escrito aos sõres enquizidores da meza piquena serẽ meus emigos capitais e a cauza do hodio q me tinhão e que vos serdes cristã velha e filha de homẽ fidalgo q sabeis meu coração e ser milhor cristão que vos tambem como todo o mũdo e que diso aveis de ser testa e vosa filha e toda a fidalgia de portugal quẽ coria e conversava e não com cristaos novos q a todos tinha hodio e mo tinhão a asim que he nesesario falarlhe logo e falarlhe cada mes ao tempo q vierdes a sidade mandarme algũ socoro pera elle saber q sois viva e ter niso cõsolação pa alivio de meus trabalhos. asim mais dentro do patio da emquisisão mora o alcaide do carsere a elle e a sua molher falareis e lhe direis quem sois e vosa calidade e a de minha pesoa e de meu pai e lhe pedireis mto me queira favoreser em o q for en sua mão e consolar e animar e dar lisensa pera que lhe mandeis algũs mimos da quĩtã pera dahi da fruita q mandardes partir elle comigo pois sou tão emfermo e não terdes outro emparo pedir aos enquezidores olhem por vosa onra calidade de vosa pesoa e dezemparo voso e de vosa filha orfam falai a molher de antão alves o canches pa que fale ao marido pa q vos mande dar a metade dos rendimtos da fazenda e se vender algua couza a venda inteiramte e vos de en dinheiro a vosa a metade pa vos remedeardes hũa carta vos mandei q me custou quatro dobrois e hũa pataca na qual vos mandava dobrão dentro por sinal e nada vos derão tudo foi como des he servido

por o sõr anto glz me mandareis o q vos mando pedir no rol q com este vai e cõtanto des vos tenha de sua mão e me mostre vervos antes q mora a elle me encomendai de noite e de dia e sabina o mesmo

tambem vos peco mto q tambem vades de caminho quãodo fordes falar a diogo roiz fizico da enquisisão q mora debaixo dos arcos do esprital e pedirlhe me faca ca meter na emfermaria e curarme e fazerme provezão com bos comeres, e que asim queira tambem encomendarme ao alcaide do carsere pa que tambem me favoresa q vai mto nisto e elle he mto onrado e de boa natureza e o fara pa mor de vos e tambem podeis yr a caza de meu primo manoel roiz e de sua casa podeis yr e esto seja feito logo toda brebidade


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