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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0589

1764. Carta de Ana Maria da Costa para o seu marido, José Gonçalves, marinheiro.

SummaryA autora dá notícias ao marido e pede-lhe que volte para casa rapidamente.
Author(s) Ana Maria da Costa
Addressee(s) José Gonçalves            
From Portugal, Vila Real, Quintã
To Brasil, Bahia
Context

Este processo diz respeito a José Gonçalves, também conhecido por José Rodrigues, marinheiro, cristão-velho de 31 anos de idade acusado de bigamia. O réu era natural de São Salvador de Árvore, lugar da Quintã, Maia (Porto) e morador no Brasil, na vila de São Jorge, Ilhéus, na Bahia. Filho de Cosme Gonçalves e de Maria José, casou segunda vez com Angélica da Fonseca, estando ainda viva a sua primeira mulher, Ana Maria da Costa. Ana Maria da Costa era filha do ferreiro Manuel António e de Maria da Costa, natural de Chave de Ferro de Salvador de Árvore (Porto). Casou-se com o réu a 31 de dezembro de 1761 e viveram juntos apenas cerca de cinco meses sem terem tido filhos. O réu, seu marido, foi para o Rio de Janeiro para trabalhar e deveria voltar passados três meses, mas no caminho de volta, passando pela Bahia, partiu uma perna (mencionado nas cartas) e teve de permanecer hospitalizado no Hospital da Misericórdia durante dois meses, após os quais embarcou para Porto Seguro, onde se tornou pescador, conheceu a sua segunda mulher e mudou o nome para José Rodrigues. Lá permaneceu nos quatro anos seguintes, voltando a casar-se com Angélica da Fonseca. Segundo consta do processo, Angélica da Fonseca, mulata, filha do capitão Manuel da Fonseca Lobato e de Francisca da Costa, era uma escrava forra de Gregório da Cunha Coutinho que João da Veiga Alomba, um negociante de pescaria para quem o réu trabalhava, arrematara em praça pública por conta de dívidas do dito Gregório da Cunha Coutinho. Após comprar a escrava, João da Veiga Alomba deu-lhe a liberdade para que o filho que ambos esperavam viesse a nascer livre. Os dois tiveram mais dois filhos, mas como esta ligação era ilícita, João da Veiga Alomba tratou de arranjar casamento para Angélica da Fonseca, coagindo José Gonçalves a casar-se com ela. Segundo o réu, o casamento só se realizou porque este, quando conheceu a dita Angélica da Fonseca, estava numa situação de extrema miséria, e João da Veiga Alomba prometeu dar-lhe dois escravos, uma escrava e mais benesses se se casasse com ela, persuadindo-o assim a fazê-lo. Sabendo que não podia fazê-lo por já ser casado, o réu disse ter tentado fugir, mas ter sido disso impedido por João da Veiga Alomba. Com medo de represálias uma vez que sabia da fama do dito negociante de pescaria de ter matado duas pessoas, do seu estatuto de homem poderoso no local e de já o ter apanhado com Angélica da Fonseca uma noite, casou-se, mas as testemunhas que confirmaram que este era solteiro foram todas arranjadas por João da Veiga Alomba. No entanto, alguns meses após o casamento, na semana santa de 1765, José Gonçalves abandonou a mulher por desconfiar que ela mantinha um relacionamento com o seu antigo dono. Voltou alguns meses depois, querendo tirá-la da casa de João da Veiga Alomba para a levar consigo. Este não consentiu e construiu uma casa para que os dois vivessem perto dele, dizendo que precisava dos préstimos de Angélica da Fonseca como doméstica. Recorrendo à justiça para resolver o caso, espalhou-se que José Gonçalves era casado em Portugal, e este não conseguiu tirar a mulata da casa do seu antigo dono. O réu foi preso em Ilhéus e levado para o cárcere do convento de São Francisco da Bahia. Em auto-da-fé de 19 de dezembro de 1767, foi sentenciado a abjuração de leve, suspeito na fé, açoutamento público, degredo por tempo de 7 anos para as galés de Sua Majestade, instrução na fé, penas e penitências espirituais e pagamento de custas.

Support duas folhas escritas em todas as faces, com sobrescrito na última.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 8697
Folios 48r-49v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2308820
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Leonor Tavares
Transcription date2015

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Meu rico irmãozinho mto amado e Do meu emfenito c estimarei q estas saudozas Letras voz achem com prefeita saude asim como o meu amor voz Dezeja pa que Da minha vez scrivaiz e De toDoz De noza obrigasão que mto pronptos ficamoz pa em tudo voz dra gosto e não faltarei como irmã q mto voz quer e ama e Dezeja ver o q espero em Dz e em sua mai santisima q voz aveis De ser a repozta Desta pa alivio Daz saudadez em que vivo na vosa auzensia e a vosa vista espero alivialas e tera o meu corasão alegria resevi alguma qdo resevi as vosaz DezejaDas letras que as estimei como prendas De soviDo valor em saver novas Da vosa vida e saude Da vosa prena e me dizeis ficaraz bom e sem molestia na vosa prena esa notisia me Da grande alivio pois Dz save a pena e cuidado q a vosa queixa e auzensia me deu emcomendadovoz senpre a Dz e a sua mai santisima Do rozario De noute e de dia e com mtas emfenitas lagrimas premeti a nosa sra Do rozario a prenda Dos corais azurez q me voz deztez q se voz Dese saude q logo lha hia pro e asim como tivé crata vosa com tão bomas notisiaz logo a foi pro no braso De nosa sra poiz a mereseo pro tão grde milagre q me fez e haver livre De prigoz e me Deixe a vosa vida para meu inparo e savereis tenho tomado mta paixão meu rico irmão pla vosa moleztia ser na tera alheia q se fora na ma compa menoz a sintiria pois trataria De voz como o voso amor merese e eu tenho De obrigasão porem nosa sra Do rozario he milhor emfremeira Do q eu eu a ela voz emtreguei e emtrego ela voz traga mto seDo a ma vista e pa anbei lhe hirmoz rendre as grasas plaz mersez e favorez q noz faz me aDemira meu rico irmão asim como voz achaztez com milhoraz não virez logo pa esta terra q ese hera o meu gozto ese hera o meu gozto e fico com mto sintimto em me dizerez hiaz pa a cozta Da mina Dz save no suzto em que fico pro ser terra prigoza e Doentia nosa sra Do Rozario noz governe a todos na sua Divina grasa e voz saude e vida e voz peso plo amor De Dz se vierez em paz voz não troneiz a rizcra e vinde pa caza como espero sem falta com mto ou pouco q noso sor voz Der ele noz ajudará q eu estimo maiz a vosa vida Do q quanta conviniensia pode aver e estimarei q duaz camizas q voz mandei voz chegasẽ a mão maz se não chegasẽ será prego na ma pasiensia savereiz q az mandei a presa e tanto a presa forão feitas que toda huma noute cozi so plas acavar e az dei o verisimo Do camacho maz qdo chegou a Lxa. ja não achou lugra mandoume dizer az remeteraz pro pesoa sreta maz pro nome me não Dise qm era o que mto sinto se volaz não Derõ ficarez voz DezeromediaDo mas esa culpa não tenho eu bem saveis como aqui explico a ma Deligensia e mta maiz me merese o voso amor e preDoaime meu rico irmão Nezta frota não mandra alguma couza mas he proq ezpero pro voz sem falta e savereiz que cazou noso irmão com a maria De Lente e ja tem fo pro morgado e noso sor tambem a seu tenpo noz De Dra algũ em grasa sua pa ma compa e nesa esperansa fico poiz me não poso ver so entre duas pareDez chorava De noute e De Dia cuidando fora criada entre tanta gente e me via porem senpre hia com saude na esperansa De noz vermoz mto sedo maz meu rico irmão Deime huma grande molestia De q não podia estra foi pa caza De nosa irmã maria pa tratra De mim e la levei sinco sangrias e algumas couzinhas mais q forão nesesarias pro ordẽ Do sorgião porem agora ja ando boma grasaz a Dz e seDo faz ano q da nosa caza sahi e inda estou com ma irmã pro não estra esperando pro voz intão hiremoz pa Donde voz quizerez e savereiz q foi Dz sreviDo levra voso sobrinho fo de mel rodriguez De suseso e Dezgria grde estando caregando huma ezpingraDa se lhe Deparou pro huma mão e lha levou cazio toda e o sorgião lhe arou a cura foi cauza Da sua morte noso sor a todos livre De maz susesoz mas tudo seria vonte De Dz ele noz De boma morte e voso cunhado mel rodriguez voz manda mtaz saudez e q De az mes az mezmaz o seu fo e lhe Digaiz q lhe escreva pois se tem ezquesiDo Dele e De noso pai e De nosaz irmãs ms irmãos mts e De toDoz De nosa obrigasão aseita emfenitaz saudadez e az minhaz comvozco Não tem fim Dezta vosa irmã q mto mto voz quer e ama e Deza ver frime emthé morte Ana Maria da Costa

hoje quintam quinze De marso

meu rico irmão mto me aDemira não me falarez na tua crata em noso tio Luis anto fico maginando q teras mandase ele Dizer alguma couza q agravase que iso sintirei eu mto maz tu bem savez meu rico irmão q esa clupa não tenho eu o q eu Dezo verte e o mais cada qual como em sua caza se tem quẽ e eu não me inporto senão a Deoz i mazi a ti ele te traga mto sedo a ma vista Verissimo do Camaxo na soma ca qui vay pa imgola esta metendo pipaz


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