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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0376

[1680-1682]. Carta de Mariana de Morales Penso, mulher de proprietário, para a sua irmã, Ana Maria de Morales Penso, recolhida no convento de Odivelas.

SummaryA autora queixa-se à irmã da conduta de um irmão de ambas.
Author(s) Mariana de Morales Penso
Addressee(s) Ana Maria de Morales Penso            
From Portugal, Lisboa, Palhavã
To Portugal, Lisboa, Odivelas
Context

O processo número 5.414 da Inquisição de Lisboa, onde estão arquivadas as duas cartas (PSCR0376 e PSCR0377) aqui publicadas, diz respeito a Ana Maria de Morales Penso, acusada de judaísmo. Além do que se lê nesta documentação, as acusações feitas à restante família Penso tornaram-se conhecidas, havendo extensa bibliografia a esse propósito. Fernão Rodrigues Penso (processo 2.332 da Inquisição de Lisboa), pai de Ana Maria, de Mariana de Morales Penso e de Fernando de Morales Penso, tinha sido acusado pelo mesmo crime em 1669, e, enquanto o Papa suspendeu a atividade inquisitorial (1674-1681), o réu continuou preso. Durante dez anos não saiu do cárcere, resolvendo-se o seu caso apenas em 1682. Era viúvo de Beatriz Pessoa, teve vários filhos de outras mulheres, nomeadamente de Ana de Sousa, de quem teve sete filhos, um deles Fernando Rodrigues Penso. Durante o tempo em que esteve preso, os seus filhos ilegítimos ficaram a cargo de Mariana de Morales Penso e do marido, Pedro Olivares. Toda esta história trouxe dissabores entre os vários irmãos, nomeadamente entre Ana Maria e Mariana em relação ao seu irmão Fernando (filho ilegítimo), que diziam ser mais bem cuidado pelo pai do que elas. Fernão Rodrigues Penso, pai dos três, nunca denunciou nenhum dos filhos à Inquisição, mas Fernando acusou toda a família (prática que era comum a processos da Inquisição, pois a acusação de outros ou a assunção de culpas servia para atenuar as punições). Esta má relação entre os irmãos foi o motivo pelo qual Mariana escreveu à irmã Ana Maria referindo pormenores das discussões com Fernando. Todos os três irmãos foram presos, as irmãs após a denúncia de Fernando, deixando Mariana três filhos, um deles com quatro meses, aquando da sua prisão. As duas irmãs foram expostas aos tormentos do potro, apesar de serem proibidos para mulheres, e Fernando foi degredado para o Brasil, sendo todos depois libertados. Antes de partir para o degredo, Fernando escreveu uma carta a um amigo padre, em que lhe pedia que intercedesse por ele junto da Inquisição, (PSCR0462).

Bibliografia:

Saraiva, José António (2001), The Marrano Factory: the Portuguese Inquisition ans its New Christians 1536-1765, Leiden-Boston-Kõln, Brill; pp. 186.

Correia, Arlindo (2012), "A Família Penso na Inquisição (1672 ‒ 1684)", http://arlindo-correia.com/101012.html (consultado a 1 de abril de 2016).

Silva, Filipa Ribeiro da (2011), Dutch and Portuguese in Western Africa: Empires, Merchants and the Atlantic system 1580-1674, Leiden-Boston-Kõln, Brill; pp. 290-291.

Support meia folha de papel dobrada, escrita em três faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 5414
Folios 13r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt//details?id=2305437
Transcription Mariana Gomes
Contextualization Mariana Gomes
Standardization Clara Pinto
Transcription date2015

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Minha irmãa este capricho de Frdo posso afirmar q se não encaminha a consiliar a vosa grassa, porq são mto diversas as demonstrassões q se publica, das voses q se declara; ha poucos dias, q vindo desse convento lhe preguntei se D Cna lhe falara nas pendensias q tivera cõvosco, disseme q elle não queria ouvir essas coizas, porq não faria cazo de similhantes inimizades, pois soldavão de dia pa o outro, eu lhe disse q não tinha rezão, pois avia mais de anno, como elle devia saber, q a dezunião durava, a isto se surrio, dizẽdo era mui boa cauza, eu lhe respondi, q quem tinha notissia do q se passara não a contestava. por tão leve como a elle lhe paressia, mui inteiro e zombando de tudo, disse q não podia falar; e posso sigurarvos q nunca lhe veyo à imaginassão q tinha de q se arepender, nẽ vós q lhe perdoar; e lembrame q querendo Pedr alves levalo consigo a odivellas porq vós assim lho pedisteis, e dizendolhe eu q o divia fazer sequer de curiozo, toda a insolensia, disse q iria em cazo q o mandasse chamar a sua dama; outros mais motivos me esquessẽ. q o contradizẽ esta sua demonstrassão, q mais me fas julgar falsificada, he não se encaminhar o patrosinio de Pedr alves, q paresse era milhor fiador de similhante ajuste, mas como elle se quer mostrar todo poderozo, e q fas tudo qdo e como quer, não quis q esta notissia tivesse tistimunhas q pudessẽ convensser o seu procedimto, pa o diante; eu sẽ temeridade me afirmo, em q elle quer campar com este triunfo, e fazer verdadro o q sempre dis, da leveza com q se rinhe esse solda nesse convento; paresseume dizervos isto porq dizejando em tudo união, sintirei infenito, q menos cabo vosso, fassais o q se pode fazer meyos mais proporsionados; a tudo o mais do vosso papel pelo q toca a D Ma não pode ella satisfazer quebrar ou não quebrar, porque he serto q fes duelo do seu siume; e q se não lembrou de que era filha de pay onrado; e asim nos seus particulares ólho como os domais estranhos; em Marcilina ter ou não ter trato e achar contra sy a todos neste roido, me fas suspeitar q este negossio se tẽ confirido, e q de vós falardes a Fdo q he o fim q tudo se põe da vossa parte, ao dipois ahi se está Marcilina; estimo q a vossa quexa não passasse avante; pa servirvos me tendes pronta, as sobrinhas e as mais se vos recomendão Ds vos gde como quero

Palhavã 5a fra je A. D Mna

Legenda:

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