O autor relata ao destinatário tudo quanto se vai passando no seu périplo de pregação. Pede também conselhos sobre como agir em relação a um caso de solicitação na confissão.
[1] |
J M J
|
---|
[2] |
Meu amo e sor
o correyo passado mandei procurar a
|
---|
[3] | Amarante carta de Vmce porq como lhe escrevi de salto
|
---|
[4] | por hum estudte q assiste em
S Cruz q vinhamos pa a
|
---|
[5] | da Va imaginava achar ja nella notas da sua saude
|
---|
[6] | este correyo não tive
occazião de o mandar saber De me
|
---|
[7] | Vmce boas novas suas porq as dezo ha mto tempo e a
|
---|
[8] | gora andamos por perto da Amarante
aonde posso man
|
---|
[9] | dar buscar as cartas ao correyo. Meu compo tambem
|
---|
[10] | anda bom, como eu e elle escreveo a Vmce o correyo pas
|
---|
[11] | sado, se lá chegasse a
carta, ja Vmce sabera o seu nego
|
---|
[12] | q he sobre hũa denuncia de sollicitante. A sollicitada
|
---|
[13] | pro, veyo ter comigo, e não querendo tomar
o meu conso
|
---|
[14] | se foi ter com elle, e entendo q pro foi a outro clérigo e
|
---|
[15] | eu julguei ser cazo digno de se denunciar por se compre-
|
---|
[16] | hender na clasula ser
; porem
|
---|
[17] | vi fallar a sullicitada com o sollicitante em segredo, e
|
---|
[18] | o mesmo se confessou com meu compo e tinha seus segre-
|
---|
[19] | dos e meu
compo tambem a confessou ou fes menção
|
---|
[20] | disso mtas vezes, e disto e de ver andar o sollicitante
|
---|
[21] | alegre, inferi q havia dado em algũ meio
pa ella
|
---|
[22] | o não denunciar e fazendo meus juizos creio q acertei em
|
---|
[23] | q resolverão q elle se accuzasse por via de meu compo
e
|
---|
[24] | tendo esta sospeita despois q viemos daquella terra disse
|
---|
[25] | a meu compo q se assim senão mandava a de
|
---|
[26] | nuncia della, mal, porq pretendendo esse tribunal q havendo elle confessado
|
---|
[27] | a penitente so metia a fazer as ptes do sollicitante, lhe daria algũa
reprehensão e
|
---|
[28] | q me não parecia q com isso ficasse ella livre da obrigam de denunciar, e elle se
|
---|
[29] | mostrou escrupulozo, e lhe vi escrever outra carta
pa Vmce e não a pra q determina-
|
---|
[30] | va mandarlhe, suponho q Vmce o aceitara de q em
semilhtes cazos devemos fazer
|
---|
[31] | porq ellas se consentem, mto não querem denunciar o complice como ja me
|
---|
[32] | sucedeo mtas
vezes, e se isto se pode remediar com dar pte a elle q accuse
|
---|
[33] | estamos bem: porem a mim não me doa isto, porq a accusação delle pode perder se
|
---|
[34] | e
não chegar lá e assim ficar o delicto sem casto. Ja viemos a Amarante
|
---|
[35] | de Camo porq nos disserão ser ainda cedo pa a missão por estar
a principal gente por
|
---|
[36] | fora e q ficasse pa o fim deste mes, porem ja vejo q ficará pa despois do Na-
|
---|
[37] | tal: a mer
q me escreveo a carta q a Vmce mandei não a vi, porq está mui
|
---|
[38] | distante da terra porem algũns frades Dominicos me derão algũas novas
desta
|
---|
[39] | diabolica tratada e mais plo meudo mas deo cá certo sogeito q sabe de tudo, porq se
|
---|
[40] | aconselhou com elle a mer a quem
Ds abrio os olhos, e q ja a esse tribunal mandou
|
---|
[41] | varias relacoes deste nego eu não a conheço mas sei q mora daqui meia le
|
---|
[42] | goa
pouco mais ou menos e do q ella sabe e disse sey eu mto. Tambem nos
|
---|
[43] | derão algũas instrucois pa tocar em algũns pontos nos sermõis, q
agora serão por estas
|
---|
[44] | ptes e principiámos na Lxa, daqui himos ao convto de Cramos das Cruzes
|
---|
[45] | q he daqui quazi meia legoa, e
correremos Cortes de Filgueiras e Unhão.
|
---|
[46] | porem eu desconfio mto e sempre desconfiei do bom sucesso da missão emqto a isto
|
---|
[47] | e se a minha fé fora ma
pa o milagre certamte não se fás: porem poderá Ds
|
---|
[48] | fazelo, e sahir alguem, q eu boa vonte lhe tenho hũ dos dias passados
q eu
|
---|
[49] | perguei veio aqui o fidalgo de Simõis com quasi toda a sua gente a pé
|
---|
[50] | q he meia legoa piquena e nos convidou pa a sua frga
e lho prometemos e
|
---|
[51] | tambem
|
---|