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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

1673. Carta de Maria de Sá para um membro da Inquisição de Lisboa.

Autor(es)

Maria de Sá      

Destinatário(s)

Anónimo118                        

Resumo

A autora acusa Frei Matias Pereira de ter aproveitado a sua confissão para uma agressão sexual.

Texto: -


[1]
Snors inquizidores Apostolicos
[2]
Obriguada da minha consiensia q trazia carreguada comoniquei com o meu confesor pesoa grave e douta o cazo de q dou conta a Vmes e he o seguinte pedindolhe me dese o remedio conveniente asi a minha consiensia como a minha opinião por ser como sou hũa mosa donzela nobre que vivo maiores os meos maiores e me não foi nem será posivel Remediarme noutra forma neste cazo
[3]
que avera seis ou sete annos pouco mais ou menos confesandome em huma irmida qde huma quinta q tem os frades grasianos de s aguostinho em algdeia gualegua donde sou natural a hum frade desta mesma ordem o qual morava neste tempo nesta mesma quinta o qual religuiozo se chama fr matias pereira natural da vila de alcouchete sendo eu de de idade de vimte annos e confesandome a este confesor q aqui declaro em confisionario sem devizam por não se ofereser outro comodo o dito meu confesor deixandose esqueser de sua obriguasão do estado e do lugar santo e sagrado no mesmo auto sacramental e munto contra minha vontade e repunansia que fis quanto dava hũm lugar publico ele afagandome tentado do seu torpe apetite me tomou as minhas mãos entre as suas e forsejandomas mas pos em as suas partes humanas e lasivas e satisfes seu danado apetite sem eu me poder livrar de sua torpe violensia por aver na dita irmida gente q poderia entender alguma couza contra minha opinião estado e calidade
[4]
e como minina me foi forsado consentir em tal e tão torpe delito mto pezar do meu corasão
[5]
este foi o cazo
[6]
e dando conta dele ao meu confesor ele me aconselhou devia de dar conta a Vmes por ser materia tocante ao s ofisio so pena de escumunham
[7]
e me dise q dese conta em confisão ao meu parocho escrevendo esta carta a Vmes
[8]
asĩ o fis e lhe dei esta carta pedindolhe mto que como meu pastor ma encaminhase a esse tribunal todo o segredo q comvem porq eu não poso nem por rezão de meu estado e qualidade e de meos maiores poderei Remediarme doutra manra pelo risco a q me pexem
[9]
e tudo o q aqui diguo de mi-nha letra e sinal afirmo e juro pelo juramento dos santos evangelhos como se nese tribunal me fose dado
[10]
Vmes serão servidos aver respeito a estas rezois e se hei emcorrido em algũa excumunhão por esta mesma via espero o Remedio de minha alma pois esse tribunal he de justisa e de justisa de miziricordia
[11]
escrita em aldeia gualegua de ribatejo em vinte e sete de marso de seissentos e setenta e tres annos
[12]
e este delite não foi cometido mais q hũa ves
[13]
Eu Maria de ssa

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