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1592. Carta de Cristóvão Gomes de Vasconcelos para o seu filho, António do Vale de Vasconcelos.
Autor(es)
Cristóvão Gomes de Vasconcelos
Destinatário(s)
António do Vale de Vaconcelos
Resumo
O autor dá notícias dos processos judicias que decorriam em Arraiolos contra o destinatário.
Texto: -
[2]
Esta não he pa mais q pa te dar cõta
do q se qua pasa aserqua dos teus negosios
e de nosa sahude
[3]
fylho saberas q jam lleitão
veyo a esta tera com allsada com toga e
cuchilho e tirou quynhemtas tas e este
ve dous mezes cõ meyrinho e escryvão
ho quall foy paullo d allmada que foy m
de deus mui grande pa nos pq se não fora
tambem tua may houvera de ser cull
pada
[5]
acodenos cõ m q
he depois de tirada a devasa forão jũ
tos ho coregedor d evora e ho juis
dos horfos cõtrayro de teu sogro e
ho houvydor d avis e ho juis d estremos
e ho houvidor do duque e semtensearão
hos cullpados q foi ho lladrão do Va
lleiro que ho matou ho quall sentensea
rão a forqa e ha mão corta no pelloury
nho
[6]
e llogo lhe fizerão isto em palha
e ho emforquarão na prasa
[7]
e a ti
espos elle em estatua cõ Rotollo e
com pergam pera galles pa sempre
[8]
e a symão moreno polla mesma ma
neyra cõ pergam des anos de galles
[9]
e a martynho e fellype e po Vas dous
anos pa afrequa
[10]
e a ines d abreo
tres anos pa castRo marỹ
[11]
e sobretudo
llevou sem mill rs pa hos quais se ven
deu ho basello e ho demais pagey em
dinheiro de contado e des myll rs da Ren
da da vynha em que me llogo cõdenou
de maneyra q tudo isto fez e esta feyto como
dygo
[12]
agora q te quero dyzer ho que Resta
[13]
Isto ten Recuso trazendote nosso sor e que
rendo vir pa quebrar hos holhos a quẽ te
lla deytou e jurou fallso comtra ti
[14]
he
fasas muyto p valleres e averes papeis pa
cõ ho Rey pera te darem provizão pera vi
res e trazeres muyto dinheiro pq sem elle
não se pode bollyr nẽ llyvrar p ser ho caso
muyto agro e fortes Reigos
[15]
pertamto te peso
q tu tenhas llembransa de tudo Isto e
te dygo pq trazemdo Isto comfyo na m||merce
de deus q ho llyvramto que ho tes bem mas como
dygo a myster dynheiro
[16]
e se puderes man
dar me hua procurasaom pa querellar em
jurado e d allgus que jurarão comtra ty
dar p esta jornada
[17]
e llembro te q nos tens
posto em mta cöfuzão não escreveres
[18]
e se hũ mãosebo d evora não disera q te
vira e hua carta q mãodou hũ d estremos
que sempre nos pareseu que eras morto
[19]
per
tamto não deyxes de escrever todas as ve
zes e mto llargo de tua vida e sosego
pq bem sabes q esa he o noso comsollo ter
novas de todos hos teus
[20]
eles te escrevẽ ptamto
te não dygo mais senão q todos estão bem e todos
emcomẽdão ẽ suas horasoes q todos não fazem
outra couza
[21]
aviza me de tudo e llembrate
dos q te fyzerão bem nesta jornada e
não sejas emgreto dos q te fyzerão bem
[22]
trabalha p valleres como homẽ homRado
q te sertefyquo q não sei quamto te ei de du
rar pq me vay mto mall e não llevo vida
pa eu viver mto
[23]
e se eu morer digote q
não te a de valler senão ho que trouseres
[24]
quão
to a quateryna garsia esta mto boa
[25]
ella fyqua
agora aquy e seu pay huza cö ella como sua fa
tamto pode ho cuydado della
[26]
fylho llembro
q te aquatelles q podem estes teus henemygos
poremte lla has cullpas
[27]
negosease de maneyra q te
ponhão ho pe diamte a bemsão de deus e mynha
[28]
e tua may te abamsa e te llembre ho que te te
nho dyto nesta
[29]
não dygo mais senão q fyquamos to
dos auvorasados p a novas tuas boas pq nos dyserão
ho capitão q te fyzera allferes
[30]
e se asỹ he dete
a gente bem como homem honRado ho quall cudado
he escuzado llembrar to
[32]
em aRaiollos aos de marco de 92 anos
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