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Maarten Janssen, 2014-

CARDS0226

[1824]. Carta anónima, provavelmente escrita por Joaquim Maria Torres, para destinatário não identificado.

ResumoO autor denuncia Cândido de Almeida Sandoval e acusa-o de conspiração contra o governo.
Autor(es) Joaquim Maria Torres
Destinatário(s) Anónimo506            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Em virtude de uma denúncia anónima que se fez na Intendência Geral da Polícia, descobriu-se que na Cadeia do Limoeiro se armava uma conspiração com o objetivo de derrubar o Governo e de assassinar alguns dos seus ministros. O processo é confuso visto que existem trocas de denúncias e de acusações, bem características daquele período de indefinição política balizado pela queda do Vintismo, em 1823, e pela outorga da Carta Constitucional, em 1826. Um dos envolvidos foi o conhecido publicista, Cândido de Almeida Sandoval, que se encontrava preso na sequência de uma denúncia feita pelo impressor Joaquim Maria Torres. Numa carta que escreveu a outro preso, Sandoval referiu que embora ele não fosse opositor ao regime, havia outros que o eram. Referia então reuniões conspiradoras que se desenrolavam junto à sua cela. Porém, paralelamente, recolheram-se depoimentos que o incriminavam a ele. Segundo José Salinas Ferreira Nobre, teria sido o próprio publicista a envolver-se nas conspirações de dissidentes ocorridas na cadeia. Uma das outras testemunhas arroladas, outro preso do Limoeiro, garantiu mesmo que Sandoval o aliciou para matar o conde de Subserra, ministro da guerra desde a Vilafrancada e um dos preferidos de D. João VI. Estivesse ou não envolvido nestas conjurações para derrubar o governo, Cândido de Almeida Sandoval foi indiscutivelmente um publicista muito combativo, que aproveitou a sua posição de redator dos jornais Patriótico Sandoval e Novo Hércules para atacar os ministros do reino. Só não sabemos se esse espírito belicoso seria o suficiente para o levar a planear um assassinato. Deve-se ainda acrescentar que no âmbito desta sua deteção fez um conjunto de referências muito interessantes acerca da liberdade de imprensa e da necessidade de uma legislação que protegesse publicistas.

No apenso A encontra-se um caderninho de artigos variados, intitulado «O Sineiro, da Patriarchal Queimada ou Miscellanea Politica e Litteraria», da autoria de Cândido de Almeida Sandoval. O caderno deveria ser impresso, como publicação periódica (pasquim).

Suporte meia folha de papel escrita na frente e no verso
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 16, Número 11, Caixa 47, Caderno [2]
Fólios 4r-v Ap1-A
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Miguel Cruz
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2007

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Illmo E Exmo Snr

Serà possivel que ainda exista em Lisboa o monstro Candido d' Almeida Sandoval? Serà possivel que mesmo no Limoeiro e depois de S Magde lhe haver feito a Graça da vida, sonhe ainda Revoluções, e maquine não contra todo aquelle a que o seu genio perturbador pertendeu perder, mas atè contra o Throno? Não parece possivel, mas he hum facto. Maquinador de arrombamentos e de fugas, elle tem sido o aliciador de muitos prezos para estes planos sempre loucos e violentos; delator por condição, elle denuncias sobre meros aforismos seus, e com o fim de erigir ou destruir aquelle partido que nesse momento lhe convem. Parece razoavel, que hum homem q promove e fomenta de continuo a guerra entre os seus iguaes, e que sempre incorregivel, sempre Ingrato corre em progetos de Revolução sobre Revolução, siga sem demora o seu destino, e perturbar outros Povos emqto estes descanssem. O Carcereiro da Cadea da Corte onde elle se acha pode informar a verde expendida, e dar huma idea da vida publica e particular do mesmo, se ainda não consta por esta Repartição. A humanide emfim, Exmo Snr reclama providencia

E R Mce

Legenda:

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