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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1748-1752]. Carta de Soror Isabel, religiosa, para o tio Nuno da Silva Teles, padre.

Autor(es)

S. Isabel      

Destinatário(s)

Nuno da Silva Teles                        

Resumo

A sobrinha, freira, escreve ao tio, padre ligado ao Tribunal da Inquisição, a descrever os ataques violentos sofridos pelas religiosas do mosteiro onde reside.
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[1]
crito porq o dezejei fazer logo seguinte a nossa grade pa lhe dar pte; do Castigo q tive-
[2]
mos plo q se falou nella; Ja VSa foy sabendo o trabo de Luiza Ignes ainda estã-
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do VSa na grade; e os ameaços q o Demo nos fez por sua boca; e com especialide a Ele-
[4]
na; VSa se despedio de nós as 6 da noite; e as 8. faltou Elena; no q ninguem ad-
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virtio, mas hindo a portra fechar as portas; ouvio hũns gemidos; e Chamando gen
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te forão seguindoos; e derão com Elena deitada no cham do Jardim atado o pescosso
[7]
com hũa corda afogada prego; pregado no alto da cabeça; e os cácos de craveiro
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sobre q cahyo em sima da cabeça; quizemos levantala; mas ella se queichava, e doya
[9]
de tal manra q pedia q antes queria aly morrer q moverçe; porq estava toda descon
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juntada; quadril desmanchado; e todo o corpo hũa lastima; como de nenhũa
[11]
sorte se pode; nem com ajuda de mta gente mover: porq esperavamos expirace por
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instantes; porq os desmayos perdidos os sentidos erão repetidos; entrarão os Pes
[13]
couza q raras vezes socede; e com as suas deligas a fizerão Levantar; sesou o sangue
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da Cabeça do buraco do prego; e emfim veyo em braços pa Sima milhor; mas toda
[15]
essa noite não parou; de dores, nem dormio instante; e a outro dia com a Repi-
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tição de preceitos se foy recobrando; e ainda q não esta de todo boa; esta com mto ali-
[17]
vio; pedilhe eu me dissece qm lhe tinha feito isto pa dar pte a VSa e ella me disse q
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hindo a sua cela a buscar Livro; lhe apareceo a Valenta; e outra q ella não conhe-
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ceo, e arebatandoa lhe disse Valenta; agora pagara o q na grade falou; e arebatandoa
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plo ár; a Levarão plos Dormitorios e varandas lhe atarão a corda no pescosso dizendo
[21]
ja q ellas sempre escapão; agora esta cahirá de modo q fique enforcada; e a Lançarão
[22]
abaicho; cahyo sobre hũa tigela da caza cheya de terra q ficou quebrada com o seu pe-
[23]
zo do corpo, no peito, e Costelas; e vindo logo ellas abaicho; disserão está viva? ora
[24]
prega esse prego; e pregandolho como em hũa parede; lhe tirarão debaicho do
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corpo grde caco lho atirarão a cabeça; e se auzentarão; foy dos grdes favores de
[26]
Ds q nos tem o ficar esta freira com vida neste dia porq sertamte o aperto da
[27]
corda da gnarganta; com o pezo do corpo de tam grde altura como he da varanda
[28]
ao jardim; so por milagre escapou; todas as freiras são testemunhas de como á
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chamos; e plas noites seguintes se tem experimentado o customado de jogos; pe ma
[30]
is martirios; no coro as missas se experimentão temiveis efftos e querendo nos conhe
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cer hũa molher q estando na Igra os fez experimentar grdes demos os sina
[32]
es á Veleira pa q nos soubece o nome sem lhe dizermos a Cauza; e ella nos con-
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tou q estando ouvindo missa acabada, ella sahyo esta tal molher pa fora; e a Veleira
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deichandoa passar adiante puchou pla saya a outra q aLy estava; elle com ten
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ção de lhe perguntar plo nome desta; mas antes de ella proferir palavra; voLtou
[36]
pa ella com hũa cara mto Iráda; e lhe disse; Diga confeçor? plo q a pobre
[37]
Veleira diz q tremendo ficou; vendo q ella lhe adevinhava o seu interior e q
[38]
lhe fazia aqla pergunta como arguya daqle exame; soube então q lhe chamão
[39]
Pascoa q mora aqui na Pampulha, mas q o seu nome da pia Ma mas que to

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