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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1504]. Carta de Leão Sardinha para o seu criado, Bastião.

ResumoO autor dá diversas instruções a um seu criado.
Autor(es) Leão Sardinha
Destinatário(s) Bastião            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

A presente carta foi encontrada anexa a uma outra, de um autor anónimo, dirigida ao rei, na qual se relata como quem a escreveu tomou a seu cargo Dona Cristina (nora de Leão Sardinha e irmã de uma Dona Isabel) e se justifica e isenta de culpas no caso do abandono do lar por parte da mesma, numa atitude de pessoa condoída com a situação dela. Na carta ao rei, refere-se também que, enquanto decorria uma troca de cartas entre os intervenientes na questão, o filho de Leão Sardinha deixou a sua mulher, Dona Cristina, numa pousada com ordem para ser recolhida pela irmã dela, Dona Isabel, extensamente envolvida no caso, após o que ele fugiu, pelo que o autor anónimo a levou para o Porto. O autor imputa, claramente, as culpas do caso a Dona Isabel, a Leão Sardinha e aos filhos deste, que considera serem merecedores de grande castigo, e iliba-se de responsabilidade nestas ações.

A carta que aqui se transcreve contém um conjunto de instruções sobre o modo como Bastião deve proceder no resgate de Dona Cristina e as instruções que deve passar a seus filhos.

Em ambas as missivas, está patente o desagrado de Leão Sardinha com o seu filho, identificado como João Rodrigues de Vasconcelos (o "Joane" da carta), ameaçando renegá-lo caso torne a trazer de volta para casa a sua mulher Dona Cristina. Leão Sardinha incumbiu um outro filho de ir ao Porto com umas "bestas", acompanhado de um criado, tomar guarda da nora e entregá-la num mosteiro. Este acabou por cumprir a sua missão, com a anuência de Dona Isabel, que entregou a irmã “com um assinado pera dela fazer o que quisesse”, e contra a vontade do autor anónimo, que, no entanto, participou na ação, conduzindo-a, na companhia do clérigo, a uma igreja no Minho.

Todo este caso acontece com o conhecimento do monarca, comprovado pelo facto de o autor anónimo referir um pagamento de 30 ou 40 mil reais, retirados da tença anual de Dona Isabel, e em relação aos quais Leão Sardinha estava disposto a negociar com o rei.

Na descrição arquivística desta carta, indica-se que foi composta no ano de 1504 e, logo, dirigida a Dom Manuel I. Alguns factos levam a crer que isto poderá ser incorreto: numa outra carta (PSCR0062), escrita por Dona Isabel Moniz ao secretário de estado do rei D. João III, Pero de Alcáçova Carneiro, vem mencionado este Leão Sardinha, e também o tema revolve em redor da guarda de uma jovem. Esta carta e outra da mesma autora são de meados do século XVI. Fica aqui esta indicação, sendo então este um caso ainda a aprofundar.

Esta carta integra a coleção Corpo Cronológico, fundo documental à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Trata-se de uma coleção principalmente composta por documentação de cariz judicial e administrativo, que abarca o período entre 1161 e 1696, à qual foi acrescentado um vasto conjunto de material disperso na sequência do terramoto de 1755. A datação dos documentos é critério principal de organização do corpo Cronológico, assim chamado pela mesma razão.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Corpo Cronológico
Fundo Parte I
Cota arquivística Maço 4, Documento 91
Fólios [1]r-[2]v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3767663
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de Castro
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Tiago Machado de Castro
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

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[1]

bastyam não me pesa do vagar de tua yda q tudo

[2]
faz por mylhor digo-te q se heste portador ha
[3]
menhã sesta fra xxii de junho chegar ha
[4]
ti e te der estas cartas q lhe des hum tostam
[5]
pola dylygemcya q lhe rogei q pusese pa saberes
[6]
ho q as de fazer e se não chegar quomo dygo não
[7]
lhe des nada.

[8]

it pareçe q ho recado q levaste q heste portador

[9]
dyxe q hamtonyo mẽdez deve ja de ser hydo quö
[10]
tigo a bolho v hesa deshordem e se não foy pode ir
[11]
e hordenar quomo se vão pa ho porto se quyge
[12]
rẽ e quer va quer não não me da nada.

[13]

it avysarteas q hum so reall dygas q levas nẽ lho

[14]
des himda q hestem hem cerco e dyze hamtonyo mẽ
[15]
dez q lhe não hescrevo porq não he neçesaryo hes
[16]
crev lhe mais q remeto ho caso a seu juizoo

[17]

it hirteas quõ heste homẽ a bolho e o maço de car

[18]
tas de frco d amarall dey la hẽ quỹbra hou ho leva
[19]
de manrra q mo as de dar asy carado na mynha
[20]
mãoo sẽ se v nẽ abryr a qdaria nese se der

[21]

it se se querẽ hir ao porto vay quõ helles e logo

[22]
e faze tudo o q te mandey e se joane se quer vir
[23]
trazeo quomo te dizer e se não fyquese mto
[24]
hembora e do porto traze e faze tudo ho q te
[25]
dei e se não fores ao porto não tragas se porẽ
[26]
mais q o da mulla alyado e caregai d alhos
[27]
e fydelos mto hembora não te tomẽ has bestas

[28]

it outra vez te avyso q lhe não des hum çeitill e se

[29]
forẽ ao porto q os leves e se não tornate quomo
[30]
acyma dygo hõde çevada for barata qõpa pa
[31]
e

[32]

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