Representação em frases

Covo, excerto 7

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Arquibaldo

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[1]
INF Ele vem um senhor aqui vender roupas
[2]
[pausa] é de de Vilar Formoso.
[3]
Até fica, em vindo, sempre em minha casa.
[4]
Mas como ele começou por a andar a a vender roupas, mantas, cobertores e [vocalização]
[5]
E depois, um dia à noite, chega , mais a mulher e dois fi- e dois miuditos,
[6]
e di- pediu para lhe dar de se lhe dávamos bebida comida mas que dormiam no carro, mas se lhe dávamos comida , se se lhe vendíamos pão e [vocalização] batatas e vinho.
[7]
E eu disse:
[8]
"Está bem,
[9]
a gente arranja".
[10]
Foi [vocalização] a minha nora
[11]
e levou: batata,
[12]
levou-lhe carne um bocado de carne ,
[13]
levou-lhe [vocalização] uma garrafa de vinho.
[14]
Depois ele queria pagar
[15]
e a gente: "Não pagas nada disso"!
[16]
Eu não.
[17]
"Não pagas nada disso"!
[18]
Coitado.
[19]
Coitado de quem anda por fora das casas deles.
[20]
Sabe?
[21]
Quem anda por fora das casas deles
[22]
pagam-se
[23]
apanha o bom e o mau.
[24]
INF É.
[25]
Porque eu sei o que é isso.
[26]
Ora bem, o homem [vocalização], o homem agora começou a andar por sempre.
[27]
Agora, fica sempre na em nossa casa.
[28]
Ainda quando foi agora que eu ma- [vocalização] que matei os porcos que eu tinha matado os porcos dois dias , ele chega
[29]
e eu disse: "Ó homem, olhe, vem numa altura boa!
[30]
É quase na altura
[31]
Nós, a sarrabulhada foi ontem,
[32]
mas você"
[33]
Ora, comeram e beberam o que eles quiseram.
[34]
INF A gente tem muito disso.
[35]
INF A sarrabulhada?
[36]
É quando matam os porcos.
[37]
Olhe, é assim ou agora
[38]
INF A gente é
[39]
Não.
[40]
Novembro.
[41]
INF Novembro, fim de Novembro, princípio de Dezembro
[42]
Mas não,
[43]
é sempre em Novembro.
[44]
E agora, eu mato três então,
[45]
e mato dois agora para o mês que vem.
[46]
INF Mato agora dois para as para as haver.
[47]
Agora para a, [vocalização] para a para as sementeiras, vou meto muita gente de fora.
[48]
Arranjo pessoas.
[49]
INF que dar dar comida,
[50]
porque aqui esta carne antiga, [vocalização] que é de salgadeira que eu tenho arca
[51]
Tenho arca
[52]
e boto-a na na arca,
[53]
mas também gosto da carne do sal.
[54]
INF Do sal!
[55]
Até, pelo contrário, no princi- no princípio não,
[56]
não sabe tão bem,
[57]
mas depois para o resto até é melhor que a outra.
[58]
INF Porque a outra é fresca de mais.
[59]
Na arca, fica até fresca de mais.
[60]
E a gente para comer a carne da arca, sabe o que lhe a gente faz? a minha nora e nós!
[61]
[vocalização] Vamos dizer suponhamos tira [pausa] uns bocados de carne,
[62]
porque tem aquilo em sacas até na arca,
[63]
e ela tira,
[64]
bota-lhe o sal,
[65]
uns dois ou três dias, ou quatro ou cinco, e ela ganha sal.
[66]
E depois então é que a gente [pausa] come dali, [pausa] daquela.
[67]
INF Mas a gente ma-
[68]
Mato sempre cinco, seis porcos, durante o ano.
[69]
INF [vocalização] Em Novembro mato três e um,
[70]
quatro.
[71]
INF E agora mato três,
[72]
mato dois;
[73]
e depois quando for para Agosto, conforme o tempo que der
[74]
Eu compro pequenino.
[75]
Eu não compro porcos grandes!
[76]
Compro-os pequeninos!
[77]
E crio-os em casa.
[78]
INF Boto-lhe o leite das vacas,
[79]
boto-lhe farinha [vocalização] aquela farinha centeia, que é o que eles medram com uma escuma.
[80]
E eu boto-lhe farinha cen-
[81]
INF Ah, ah!
[82]
É a coisa que lhes faz melhor aos porcos!
[83]
INF Faz aos pequeninos, assim, assim no leite.
[84]
[vocalização] Compro-lha
[85]
e depois mato cada um!
[86]
INF Não tenho,
[87]
não, não, não.
[88]
Não tenho porcas para criar, não.
[89]
INF [vocalização] Não tenho
[90]
Não,
[91]
não é por ter muito trabalho;
[92]
é que não temos vagar,
[93]
não temos tempo, para lidar com aquilo.
[94]
INF É muita lavoira,
[95]
não temos vagar nenhum.
[96]
E eu compro-os a tirar do leite,
[97]
compro-os assim pequeninos
[98]
e depois
[99]
INF crio-os em casa.
[100]
INF E é E é a carne melhor que tem, é é criados em casa.

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