R&D Unit funded by

Sentence view

Camacha, excerto 16

LocalidadeCamacha (Porto Santo, Funchal)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Acidália Afonso

Text: -


showing 1 - 100 of 174 • next


[1]
INF1 Vive, sim senhor.
[2]
INF1 Tenho, sim senhor.
[3]
INF1 É.
[4]
é um senhor que [vocalização] [pausa] Quem vem do aeroporto, [pausa] quem vem da vila para o aeroporto,
[5]
INF1 ele fica ali [pausa] mesmo ao daqueles poços de [vocalização] da água, ali ao da [vocalização] no Tanque, an- ao entrar o ao aeroporto.
[6]
Vem-se da vila,
[7]
INF1 tem uma estrada para aqui, que vem para a gente,
[8]
e tem outra que vai para o coisa.
[9]
À esquerda, tem uma casa um um refo-, um refug-.
[10]
INF1 Uns [vocalização], qua- Mais ou menos quantos metros, Afonso, para chegar àquele [vocalização] [pausa] ao poço da água?
[11]
INF2 De onde?
[12]
INF1 De [vocalização] acolá, à partilha daqui da Camacha para o [vocalização] aeroporto?
[13]
INF2 Cinquenta metros.
[14]
INF1 Mais ou menos uns cinquenta metros.
[15]
E- Ele depois tem,
[16]
passa-se aquele reforço, que é da água
[17]
e depois tem uma entrada com uma casa velhinha ali.
[18]
E é mesmo ali naquela casa,
[19]
perguntam onde é a casa do Senhor Ab- Senhor Abdão, que eles vão-lhe dizer.
[20]
Ah, se esse se
[21]
INF1 se esse senhor se esse senhor que foi moleiro tantos anos!
[22]
Agora, é que, se sabe, está um senhor velhote e [vocalização] não [vocalização]
[23]
INF1 Ele, ele até Ele até tem um casal consigo por causa que a mulher morreu
[24]
e ele agora [pausa] tem esse casal consigo.
[25]
INF1 Ora, fazia-se o pão
[26]
Quando era de trigo da terra, peneirava-se a farinha, [pausa] duas vezes
[27]
e depois é que [pausa] se deitava dentro da vasilha.
[28]
Era uma va- Podia ser uma vasilha de pau
[29]
e podia ser uma vasilha de barro
[30]
e, agora, praticamente, é nestas [vocalização] banheiras plásticas.
[31]
Tenho a minha banheira que é mesmo daquele [vocalização] serviço.
[32]
INF1 Era uma selha.
[33]
INF1 Uma selha ou um alguidar.
[34]
Quando era redondo, que havia, dum [vocalização] dum tronco de madeira, fazi- de primeiro faziam:
[35]
daquele tronco grande, cortavam um pedaço,
[36]
tiravam-lhe aquela [vocalização] parte toda
[37]
e ficava [pausa] inteiro.
[38]
[pausa] Era o alguidar.
[39]
INF1 Chamava-se o alguidar.
[40]
E [vocalização] havia outros que eram [pausa] com as tabuinhas postas, tal e qual como as cartolas.
[41]
É como as cartolas,
[42]
eram mais
[43]
INF1 Sim senhora.
[44]
Minha mãe chegou a amassar bastantes vezes numa dessas.
[45]
E agora praticamente, isso acabaram
[46]
[pausa] e é nestas [vocalização] banheira plá-, uma banheira plástica.
[47]
INF1 Peneirava-se.
[48]
Peneirava-se duas vezes,
[49]
tirava-se [pausa] a gente dizia tirava-se o farelo
[50]
e depois coava-se para [vocalização] para tirar o rolão.
[51]
Desse mesmo rolão, havia gente que fazia o pão.
[52]
Fazia o pão do rolão para [vocalização] torrar ou comer mesmo assim.
[53]
Ficava gostoso, do trigo da terra!
[54]
Esta farinha da padaria não tem rolão!
[55]
INF1 E a outra amassava-se, se sabe, amassava-se o pão,
[56]
depois acendia-se o forno.
[57]
Quando a gente via que o forno estava muitos dias [pausa] sem cozer pão, dava-se-lhe mais uma coisinha de lenha para [vocalização] para fazer o desconto.
[58]
E quando a gente amassava de oito em oito dias, se sabia, mais ou menos, o forno, [pausa] que a temperatura que andava quente
[59]
[pausa] e o pão [pausa] deixava-se a levedar na, na banh- no alguidar
[60]
INF1 Não,
[61]
Nem é o fermento.
[62]
É o fermento e o sal.
[63]
INF2 É para ele entrar.
[64]
Aquele, filha, cabe?
[65]
INF1 Botava-se o fermento e o sal.
[66]
INF1 A gente tinha o nosso fermentinho sempre de casa.
[67]
A gente chamava o crescento deixava-se [vocalização] .
[68]
INF1 É o crescento.
[69]
Tinha Aquilo [vocalização] é deitado numa [vocalização] tacinha e tapado
[70]
e era à noi- na sexta-feira à noite.
[71]
A gente deitava uma coisinha de água quente, oh, oh;
[72]
[pausa] deitava-se uma coisinha de água quente,
[73]
[pausa] aquilo amolecia mais;
[74]
de- uma coisinha de farinha que a gente via, mais ou menos, que dava para o pão;
[75]
deitava-se aquele pedacinho de fermento,
[76]
no outro dia amanhecia lêvedo.
[77]
Aquele fermentozinho que a gente tinha feito.
[78]
Abafava-se bem abafado
[79]
e no outro dia com licença no outro dia estava lêvedo,
[80]
deitava-se naquele pão,
[81]
depois fazia-se-lhe a acabava-se de de amassar, fazia-se assim,
[82]
deitava-se uma coisinha de farinha por cima,
[83]
uma cruz,
[84]
as toalhas por cima.
[85]
[pausa] Quando a gente via que estava bom de tender para cima da mesa, tendia-se, ao [vocalização] passo que o forno ia aquecendo
[86]
e depois estava o pão [vocalização] quente o forno estava quente,
[87]
deitava-se,
[88]
fazia-se uma rosquilhinha faz-se uma rosquilhinha para experimentar mais ou menos o calor do forno.
[89]
Quando a gente vir que abrasa, deixa-se ficar mais um pedacinho.
[90]
Mais ali uns cinco minutos, seis minutos que a gente que a rosquilhinha que não [vocalização] não tostava de calor, botava-se o pão.
[91]
Depois
[92]
INF1 Quando, às vezes Às vezes tirava-se um pão ou dois,
[93]
experimentava-se,
[94]
batia-se:
[95]
"Então, ainda está pesadinho,
[96]
cozia mais um bocadinho"!
[97]
E assim é.
[98]
INF1 Batia-se por baixo,
[99]
fazia-se assim,
[100]
aquilo ia coiso

Edit as listText view