INQ1 Nunca havia assaltos aí pelas serras?
INF1 Não. Não, não, lá não Lá nisso nunca nos [vocalização]…
INQ1 Nunca houve problema?
INF1 Não havia assaltos. Lá
INQ2 E ia, ia quê? Uma vez por mês lá à Covilhã, ou?…
INF1 Ia… Era conforme. Era conforme os que a gente ajuntava: se a gente então falava em juntar-se, era todos os sábados… [vocalização] Todos os domingos lá havia praça, havia [vocalização] se vendia. Todos os domingos se vendia se a gente lá estivesse. Era: em tendo em tendo carrego para levar, a gente falava com as outras vizinhas que quisessem ir com a gente e [vocalização] e íamos.
INF2 Era numas cestas. As cestas
INQ2 Pois.
INF1 Ah, pois. Era uma cesta grande! E aquilo era cada carrego! Quanto maior quanto maior era o carrego, mai- mais dinheiro a gente fazia.
INQ1 Claro.
INF1 Mais dinheiro.
INQ2 Normalmente conseguia vender tudo?
INF1 Vendíamos tudo. Aquando não acabávamos de vender na praça, íamos às portas [pausa] acabar de vender. Íamos às [vocalização] portas, [vocalização] acabávamos de vender lá aquilo lá por um lado e por outro – cada uma por onde podia.
INQ2 E esse caminho que disse que fazia passava pelo Fundão ou não chegava ao Fundão, ia por c-, mais por cima?
INF1 A gente não ia pelo Fundão.
INQ2 Ia mais por cima.
INF1 A gente era aqui [vocalização] por Silvares – vossemecê também se calhar sabe.
INQ1 Silvares?
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 Sim, sei.
INF1 Sabe? Era por Silvares, Ourondo… Ourondo, não; ele não íamos por Ourondo; [vocalização] engano-me; ele Ourondo é quando a gente vai no no carro. Ele íamos ao redor de Ourondo, íamos pelo Barco [vocalização] …
INF2 De Silvares ao Barco?
INF1 [vocalização] Era pelo Barco, uma terra que chamam o Barco. E [vocalização], e E ali havia uma passagem, ali hav- havia umas passagens… [vocalização] Ali o rio era assim assente…
INQ1 Qual era o rio que passa aí?
INF1 Era este.
INQ1 É este aqui? O Zêzere?
INF1 Era este rio, que que vem da Serra de Estrela. Este é o rio que vem da Serra de Estrela para ci- para baixo.
INF2 O rio Zêzere.
INF1 O rio Zêzere é o que nasce na na Serra de Estrela, mas vem ajuntando, ajuntando, ajuntando, há muitas ribeiras e
INQ1 Pois.
INF1 e barrocos por aí baixo [vocalização], quanto mais para baixo é, mai- mais água leva. E [vocalização] E nós [vocalização] passávamos naquele naquele rio. Havia ali… Aquando era no Verão, ele era ali umas, umas ali um tabuão – chamamos uma que é de pinheiros assim –, um tabuão muito largo, e e assim co- com uns vergueiros de, de, de – chamamos nós cá – dos que estão dos que estão à beira do rio, de de salgueiros, assim aqueles vergueiros a atar a as tábuas por baixo…
INQ1 Os vergueiros é o quê?
INF1 Os vergueiros é [vocalização]…
INQ1 Ah! Aqueles coisos para, que servem para atar?
INF1 [vocalização] Esses coisos que é que era para atar. Que eram aqueles vergueiros fortes, assim para atar, por cima da tábua. Mas havia muitas… E eu hoje também já lá não era capaz de passar. Se fosse hoje, da minha cabeça, já não era capaz de de lá passar. Que ali no rio é assim muito assente, e e daí era muito largo! Metia a água, ia a água assim muito espalhada, era ele mais largo. E eu ia muito… Levava… [vocalização] Ia passar muitos carregos das outras, [pausa] porque havia muitas que não eram capazes de lá passar, que metia medo. Era mu- [vocalização] Aquilo só por uma tábua! Ora a gente carregada e assim muito…, e com aqueles vergueiros que tinha a atravessar por cima da tábua, a dar para empeçar com o pé e de a gente ir para o rio.
INQ1 Pois.
INF1 Que havia… E chegavam lá a cair [vocalização] para o rio.
INQ1 Ai é?