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Fontinhas, excerto 69
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INF1 Pois a gente para aqui, [vocalização] com respeito à lavoura, a gente se for a principiar no princípio, no princípio, tem um romance muito grande.
A lavoura hoje, a lavoura hoje está boa.
Mas no princípio não aboava.
No princípio, era só economizar.
[pausa] O fulano fazia um prédio de renda [pausa]…
Até eu vou dizer ao senhor…
INF1 [vocalização] Eu vou dizer ao senhor ainda duma outra maneira:
[vocalização] fazia-se um [vocalização] pequeno pasto…
Fazia-se um alqueire de pasto [pausa] por dois escudos e meio.
Bom, é como hoje há uma moeda de dois escudos e meio,
não sei se no continente também há?!
INF1 Mas é uma moeda de dois escudos e meio,
mas naquele tempo era, em dinheiro, fraco – o senhor está percebendo o que é?
INF1 Um alqueire de pasto por dois escudos e meio, um alqueire de terra [pausa] a saco – a saco, é seis alqueires…
Os senhores lá há-de ser outra conversa,
INF1 E de maneira que isto agora foi trepando por aí acima.
foi trepando que hoje arrenda-se um alqueire de pasto a mil e quinhentos escudos, hã?!
Veja lá o senhor, de dois escudos e meio [pausa] para este dinheiro, a que é que se chegou, hã?!
INF1 As terras é a mesma cousa:
mil escudos, mil e quinhentos.
Naquele tempo dos tais dois escudos e meio, [vocalização] semeava-se um cerrado.
[pausa] A terrinha mais fraca era para o tremoço, ou cevada, ou [vocalização] umas favas de grão;
e a terrinha melhor, a gente ia cultivar com umas soquinhas de milho, mas tudo em fraco, porque não havia o dinheiro para botar o adubo.
Hoje semeia-se em qualquer uma parte,
dá sempre muito porque o adubo é que faz dar – está o senhor percebendo o que é?
INF1 E agora naquele tempo não era assim.
Naquele tempo era miséria!
Naquele tempo era miséria!
Mas hoje é uma abundância em tudo.
Eu tive aqui neste curral, aqui de diante, e numa hortazinha que estava aqui…
[pausa] Eu tenho ali batatas naquela casa
[pausa] e já vendi dez sacas de batatas!
Só da metade do que esta produziu aqui – que a outra metade foi para casa dum filho meu ali para a banda de baixo – só esta terra, hã, um nada de terra,
Se não se botasse o adubo não não havia.
Porque naq- naquele tempo semeava-se um bocadinho de batatas,
mas era na terrinha mais fraca, que a melhor era para semear umas soquinhas de milho para a gente comer.
INF1 Era na terrinha mais fraca!
Então naquele tempo, a gente dizia: [pausa] "Homem!
[pausa] É batata-carvalha!
E era as sementes daquele tempo.
Hoje vai-se ao grémio da Praia [vocalização] para arrolar batatas, para vir de fora para aqui.
Já querem sementes novas.
Sem- Trazem este ano semente nova,
já para o ano carece trazer outra.
mas já carece trazer outra para ir reformando, para ir dando – a senhora está percebendo o que é?
INF1 Senão [vocalização] É que ele as coisas hoje estão diferentes dominado à moeda.
A moeda é que está fazendo isto.
Se não houvesse a moeda como não havia naquele tempo, [pausa] não se fazia isto.
Mas naquele tempo não havia a moeda,
era só se fosse com estrume ou ou uma coisa qualquer que é que podia dar.
De resto ele mais não dava.
Hoje está tudo na lavoura,
está tudo nos terrenos, tudo dominado ao adubo.
Hoje talvez se crie – txhh!, eu não quero mentir mas –, talvez mais duas partes ou mais do que o que se criava naquele tempo.
É o adubo é que não é o mesmo, porque naquele tempo não havia adubo e hoje há o adubo.
Dá para o dobro de sustentar os [vocalização] animais que havera de sustentar, está o senhor percebendo o que é?
INF1 Hoje as coisas estão todas assim desta maneira.
A gente naquele tempo, os animais [pausa] eram esfregados
Porque [vocalização] era tudo trabalhado com os animais.
Ainda tenho ali uma grade, [vocalização] cangas, tamoeiros, [vocalização] coisas ainda daquele tempo.
Elas faziam lama, que apanhavam mau tempo amarradas naqueles lugares,
aquela lama secava, sem lhe poderem chegar a ela,
a gente ia para ela com os animais,
Arrebentava torrãzada para ali!…
Que depois a gente ia para partir aquilo,
às vezes até era com o próprio malho de bater nas estacas,
a gente ia batendo naqueles torrães para ver se explodia aquilo!
E depois com as grades é que gente ia partindo aquilo!
Hoje a gente chega ao cerrado,
senta-se assim contra a parede,
aí está o tractor [pausa] para trabalhar a terra!
Acaba de trabalhar a terra, a gente…
Ou [vocalização] Há mesmo hoje quem faça isso com um cavalo, [pausa] outros com uma junta de reses.
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