Os dois primeiros fólios encontram-se degradados, com apagamento da tinta e enrugamento do pergaminho nas margens de dorso, o que resulta em várias lacunas materiais, que serão descritas em nota apenas na primeira ocorrência.
O texto estrutura-se em Prólogo mais quatro grandes unidades textuais. Chamemos-lhes Livros, seguindo B.Maler (Bitagap Bibid 1443). Os Livros, por sua vez, estruturam-se em capítulos, os quais contêm número variável de Exemplos. O planeamento da produção do códice previu para todas estas unidades textuais rubricas introdutórias seguidas de letrinas coloridas, de maiores (prólogo e Livros) ou de menores (capítulos e exemplos) dimensões. Estas últimas têm regularmente duas linhas de altura, com uma única excepção no capítulo iniciado no fl. 85d com uma letrina de três linhas de altura. Do programa semiográfico, apenas as letrinas foram completamente executadas. Quanto às rubricas introdutórias, as de capítulo apenas foram inscritas para os três primeiros Livros, com falhas no segundo capítulo do Livro III (fl.17b), onde falta o número do capítulo, e no 15º capítulo do mesmo Livro (fl.35a), onde falta toda a rubrica, embora o copista tenha deixado espaço em branco para a sua inscrição. Quanto ao Livro IV, o mais extenso (fls.36d-154d), apenas em dois capítulos foi inscrita a rubrica (capítulos iniciados nos fls. 39c e 44d e numerados 2º e 4º, embora este último seja erro por 6º). Em todos os restantes, foi deixado em branco o espaço necessário. Há excepções: os capítulos dos fls. 48d, 94d e 124a, para cujo início, provavelmente por este estar em início de coluna, não foi deixado espaço (porém, a presença das letrinas e o modo discursivo não deixam dúvidas). Pelo espaço deixado em branco, correspondente, em média, a cerca de meia linha, e pelas duas rubricas efectivamente inscritas, deduz-se que os capítulos seriam apenas numerados (Capítulo primeiro, Capítulo segundo, etc.), como os do Livro III e não intitulados como os dos dois primeiros Livros. Há raras excepções que serão devidamente assinaladas em nota. A rubrica Exemplo foi regulamente inscrita até ao fl. 56 (com uma falha no f. 39). Nos restantes fólios, a rubrica em falta localiza-se pelo espaço em branco deixado pelo copista. Em três casos (fls. 38c, 49c, 53d) há títulos de espera. Todas as lacunas serão assinaladas no texto com a dimensão correspondente à palavra Exemplo ou ao título em falta, sem necessidade de nota descritiva, a não ser para situações excepcionais cuja descrição vá além do que aqui fica dito, nomeadamente erros na inscrição das rubricas.
O ms. apresenta intervenção de várias mãos posteriores, notoriamente leitores que fazem notas de leitura. Uma das mãos posteriores, que faz emendas no texto, sempre pequenas adições, escreve em tinta que se assemelha muito à da cópia mas em letra informal, diferente da da cópia, mas que pode ser contemporânea. Não é impossível que estas pequenas intervenções se devam ao copista em momento posterior à cópia e mais desligado das suas obrigações formais. Mas pode também tratar-se de um simples leitor. Esta ambiguidade exige que sejam registadas em nota as intervenções desta mão, a que chamaremos primeiro revisor.
Existe ainda uma outra mão, a que chamaremos segundo revisor, provavelmente do séc. XVI, a julgar pela letra, que faz pequenas intervenções consistentes ao longo de todo o ms., que parece, assim, ter sido sujeito a uma campanha de revisão tardia. As intervenções desta mão não podem ser ignoradas, visto que, por vezes, ela retoca o texto, aumentando o módulo de cedilhas muito ténues, acrescentando pontos de interrogação e refazendo letras em tinta menos nítida, o que tem como consequência o ocultamento do que resta da letra original. Faz, além disso, várias emendas, nem sempre eficazes, ao texto. Quando necessárias à decifração e compreensão do texto, serão descritas as intervenções deste segundo revisor. As restantes mãos alógrafas não serão registadas em nota.
O copista usa plicas sobre vogais duplas abertas. Normalmente a segunda, na qual o copista aplicou menor intensidade de traço, é menos visível do que a primeira. Nalguns casos, provavelmente, a segunda plica deixou de estar visível devido à degradação da tinta. Nestes casos, regista-se apenas a primeira plica, sendo porém de supor que a segunda existiu. As plicas são ainda usadas como marca de nasalidade, em vez de til, em palavras como mááos, casos em que serão sempre conservadas. Por outro lado, o til sobre dupla vogal assinala frequentemente a abertura da vogal, podendo algumas leituras resultar ambíguas: por exemplo mããos (maus). Na maior parte dos casos, o contexto permite a desambiguação, pelo que não se considerou necessário fazê-la em nota. Apenas alguns casos menos evidentes poderão ser assinalados em nota.