Corpus de Textos Antigos

Menú principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

M1614T12967

Vida e milagres de Santa Senhorinha de Basto (G1)

TítuloVida e milagres de Santa Senhorinha de Basto (G1)
EditorCristina Sobral
Translation/RedactionRedigido originalmente em português
Translation/Redaction Date1248-1284
AttestationArquivo Municipal Alfredo Pimenta (Guimarães), Ms. da Colegiada 793, fls. 211r-236r
Attestation Date1620-1645
BITAGAPManid 1614, cnum 27628, Texid 12967
Text typeHagiografia

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

index   Milagre da água e do vinho < Milestone[@type="milestone[@type="chapter"]"] Milagre da chuva > Milagre do difamador da santa, milagre do pão e milagre das rãs

Millagre da Chuiua

Viuendo esta santa ainda aconteçeo que naquella igreia onde o seu corpo jaz grande millagre que Deos quis mostrar aos seus seruos por esta santa, en o tempo do verão quando soem a colher o pam aduzer as eiras, veerom os lauradores daquella terra per mandado do Preposto da egreia per malharem o pam, e leuarão no as tulhas, os quaes lauradores apostarão loguo a eira, e lançarão o pam em ella, e desi foram comer, pera pera: falta a conjunção: pera que. melhor, e com mor força malhassem o dito pam, então estaua o çeo tam claro, e o dia tam claro, que nhum homen non poderia ver solamente hũa nuuem, em o ceo, per que homen podesse entender que choueria, aquel dia, depois aconteçeo que os ditos lauradores comerão, malharam muito a pressa duas eiras de pam, e estando na terçeira com grande trabalho pera se auerem desembarguar, e sendo o dia bem claro veio hum gram toruam de contra o abreguo e veio loguo hũa chuiua tão grande que nhum dos ditos lauradores non podera mais estar na eira, e colherão se as casas, e falauão nas virtudes e millagres de Deos, e dos seus santos, antes os quaes clerigo que a dita igreia regia com grande noio e amargura da chuiua que assi fazia, cheguou a esta santa dona e dise lhe bradando, senhora non vees o que nos Deos fes, e que grande iniuria nos fez oie auiamos o dia mui claro, e a aguoa he tornado em treuas, e os obreiros senhora todos fogirom da eira, e o triguo he perdudo com a chuiua, e pois assi he, ora fosse perdudo todo o mundo, estas cousas dezia o dito clerigo, come homen sem siso, entom ella come molher de grande paçiençia, e de grande fiuza que auia en Deos, disse ao dito clerigo filho grande he a misericordia e piedade de Deos, ca por esso se asanha Deos contra os peccadores, pera lhes depois acorrer, e ameaça os pera lhes depois perdoar, pero esta santa alcou se e veio ataa o soar da porta, onde podesse ver a eira, mas empero que grande fiuza ella auia en Deos, nhũ non o sabe, pero como ella cheguou, loguo veio a misericordia de Deos, ca todos quantos ahi estauão erão espantados, porquanto a claridade do sol ia mais nunqua se partiu da eira, per guisa que na eira, nem aredor della non chouia, e asi esteue todo aquel dia, ata que todo o triguo foi limpo, e posto no çelleiro, diguo uos amigos que tal foi este milagre, come o que Deos fes por Dom Gedeon, e ainda podemos comparar que Deos fez por dona Escolastica, irmã de são Bento, quando pedio que lançasse chuiuas, po lla seu irmão non auer de leixar, e esto roguando ella a Deos com grandes lagrimas, Deos allançou as ditas chuiuas, e assi fes a esta santa senhorinha pello roguo da outra alcançou as, e pollo roguo desta aleuantou as, e por amançar o curaçom mao do cleriguo, roguou a Deos que lhe guardase o dito triguo, ora me dij se era este mor milagre que Deos fes por esta santa senhorinha, de seu roguo reter as chuuas no ar, que lhe non chouesse en sua eira, ou maior o que Deos fes por santa Escholastica de alçar as chuuas, que non chouesse, Diguo te que aquele senhor que era esposo d’ambas estas virgens, esso medes fes os ditos millagres, por hũa e polla outra.


Download XMLDownload text