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Porto da Espada, excerto 66
Text: -
No tempo do azeite, [pausa] também ainda fui.
Mas eu [vocalização] fui pouco tempo.
Ainda bem não, acab- acabou-se o dinheiro,
INF1 Íam- Íamos levar aqui.
Íamos buscar ali, aonde lhe chamam as Hortas, Porto de Roque.
Aí é que o íamos buscar, de noite, às escuras –
[vocalização] noites muito escuras!
mas era dos bonés, dos guardas.
O mais, lá assim de medos, não tínhamos medo.
Se apanhávamos aí cada molha aí por essas serras!
[vocalização] Pois, era isso.
chegámos a ser cinquenta.
INF1 Tudo enrabeirado uns atrás dos outros.
Aquilo parecia já só uma chibatada.
Aqui se esbarrondava uma uma pedra, além outra.
[vocalização] Pois bem, a gente por aqueles por aqueles campos fora, por essas serras.
Ora, mas eles, ainda bem não, lá lá chegavam ao pé da gente.
Aquilo, ainda bem não, era uma derrota.
INF Ora, tiravam-nos co- os coiros.
E corriam atrás da gente para nos apanharem.
INF1 Os coiros, onde a gente trazia o azeite.
Com umas peles de cabra é que trazíamos o azeite.
Pois, era umas coisas assim;
[pausa] eram as peles das cabras
e depois preparavam-nas para a gente trazer o azeite.
Pois, era a pele inteira.
Até mesmo propriamente nas patas.
Até, por exemplo, assim ao meio da pata
e vinha [pausa] até mesmo à onde era a cabeça, também.
Lá trazia a gente aquilo às costas.
INF2 Foi sempre na pobreza.
INF1 Era o tempo da pobreza, naquele tempo era…
INF2 Por isso é que se chamava a pobreza.
INF1 Pois, era o tempo da pobreza.
[vocalização] Então Foi só o contrabando que usei foi aquele.
Foi aí só uma questão aí de dois meses, talvez.
Ainda bem não, tiraram-nos os coiros,
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