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Montes Velhos, excerto 22
Text: -
INF1 Oh, também tão bons!
Se vossemecê apanhasse apanhasse uma injecção, que eu apanhei uma vez!
Um amigalhaço meu – eu tenho muita história! –, um amigalhaço meu foi caminho do Algarve, fazer lá um negócio.
Depois viu lá umas velas dum barco.
Como eu tinha moinho, o que é que o gajo se lembrou?
Diz ele: "Vou comprar aqui uma coisa dessas lá para o meu parente"!
e traz umas velas dessas.
E depois aparece-me ali com aquilo.
Digo eu: "Então não vês que isto está queimado já do mar, homem"!
"Eh, parecia-me que tinha feito lá um negócio"!
Eu aproveitei lá só umas cordas que lá vinham agarradas àquilo: "Tu não vês que isto está já queimado de lá da água do mar, homem?!
Então isso não presta para aí,
vou meter isto lá nas velas do moinho nem um raio"!
Mas pus aquilo ali à porta do moinho.
[pausa] O Algarve, [pausa] não havia casa nenhuma no Algarve que não estivesse atafulhada em percevejos.
[pausa] O Algarve é muito quente
e isso é tudo bichos de de tecido quente.
INF2 Agora também já não há [pausa] nada.
[pausa] Agora também já não há.
INF1 É tudo bicho É tudo bicho de tecido quente.
O tal, o tal, o percevejo O tal percevejo era tudo bicho de coisa e tal, de tecido quente.
INF2 Isso era uma aflição.
INF1 Olhe, [pausa] fui um dia lá tirar às velas, e tal…
pus aquilo ali ao à porta do moinho, mas do lado de dentro.
Ai, tanto percevejo, tanto percevejo!
Desviei aquilo lá para fora,
Então de noite tinha lá a luz acesa,
estava o moinho trabalhando,
dava em ver aqueles bichinhos além.
Depois havia lá muita madeira no moinho, com buracos,
enchia aqueles buracos todos de DDT
e vou-lhe dizer uma coisa: parece-me que quando me vim embora, que deixei lá o moinho,
ainda lá ficou percevejos dum cabrão.
Ainda lá apareceu essa porqueira.
INF1 Isso era a maior porqueira dum cabrão!
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