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Montes Velhos, excerto 31
Text: -
INF1 Nesse tempo, às vezes quando era assim…
INF1 Porque isso cá [vocalização] fora de [vocalização] povos, assim coiso, não tinha dúvida.
Mas, por exemplo, ali em Aljustrel, Aljustrel, pois, é um meio grande
e havia muito pássaro, muito pardal.
E o pardal faz muito mal.
Oh, pois, se ali aos arredores, se havia ali uns farrejais, algum que se descuidava a semear ou cevada branca ou trigo, pois via-se à nora porque os pássaros andavam por cima daqueles telhados
e iam-se caminho daquelas searas.
Algum trigo que vinha assim mais cedo, quando um gajo lá ia, não estava lá nada.
Parecia uns espiguitos ali.
depois vieram os espantalhos.
Um pau tanchado com uns trapos,
faziam o jeito dum boneco.
E iam com um saco qualquer…
INF1 Havia sítios que faziam bonecos.
E havia E havia quem fizesse moinhos, moinhos de cana, uns moinhos grandes de cana
Em o vento lhe dando, aquilo fazia ali um barulho que era um disparate
Mas haviam alguns que tinham já tanta prática disso que, às vezes, iam pousar mesmo em cima do moinho.
E quando se punham lá bonecos, ora, às vezes, ia a gente lá,
até a cabeça do boneco estava já cagada dos pássaros!
Até lhe cagavam em cima a dar cumprimentos!
Que o que eles queriam era comer!
Risos [vocalização] Havia coisa,
e agarravam-se a um latão, a uma coisa,
e davam em dar voltas naquilo,
E um ano, lá ao pé do moinho, havia lá uns eucaliptos lá da mina,
e aquilo era muito certeiro lá em pássaros e em pardais – havia muito pássaro nesse tempo, muito pardal –,
os cabrões mamaram-me a cevada branca que eu lá tinha.
INF2 Ali onde é o correio [pausa] Ali onde é o correio, agora já é tudo cheio de casas, ali era certo,
era tudo era tudo terreno para semear.
INF1 Semeava-se ali onde estão essas casas…
INF2 Semeavam até até mesmo ali já rente quase ao ao correio.
INF1 Onde estão essas casas que vocês falaram aqui ontem à noite, essa parte toda aí por aí abaixo, direito lá à avenida, lá em baixo, essa zona toda donde estão esses prédios aí coiso, isso era tudo semeado.
Aquilo era terreno da Câmara
e a Câmara semeava ali, cevadas mesmo.
Porque eles tinham sempre duas, três bestas lá no matadouro para carregar a carne, [vocalização] e bestas para carregar o lixo.
Nesse tempo, o lixo era todo carregado em carrinhas, em coisas,
tinham sempre duas ou três bestas.
E então a Câmara semeava ali aquilo tudo de cevada.
até vendiam a pessoas que que tinham falta, que tinham animais,
Pois isso era tudo semeado ali,
tudo, tudo, tudo, ali por aí abaixo, até lá à avenida, aquela parte toda até à avenida, até lá quase à bomb- donde há umas bombas de gasolina.
INF1 Lá em cima, uma parte que chamam a casa ali do Ivo, onde há uma oficina…
INF1 Tem umas bombas de gasolina ali à direita.
Aí onde estão essas bombas de gasolina, havia ali um chafariz onde a gente ia dar água às o- às bestas.
E na banda de cima, havia ali um poço – ainda lá está, esse ainda lá está –,
havia ali um poço que era também da Câmara,
como é que se chamava além àquilo?
INF1 Aquilo era conhecido ali por a Romeira.
tinha lá um [vocalização] coiso…
INF2 Tinha umas torneiras,
punha-se lá [vocalização] …
Ia-se lá encher as bilhas.
INF1 Pois, porque a gente enchia lá as quartas ou barris.
E de lá vinha um tubo que vinha parar cá a esse coiso onde a gente chegava ali [vocalização] e, por exemplo…
É que mesmo a cavalo na carrinha, o animal chegava lá e bebia.
Ah, pois isso foi-se modificando,
o Ivo [vocalização] pôs lá aquelas bombas de gasolina
e isso desapareceu, essa coisa toda.
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