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Alcochete, excerto 20
Text: -
INF Como é que se faz o carvão?
[pausa] É cortado a sobreira aos bocados [pausa] – é como a madeira da sobreira –,
podem até deitar uma sobreira podem dei- até deitar uma sobreira abaixo, ou duas.
É serrada, [pausa] aos traços,
e depois é feita dentro dum, dum mo- dum monte –
chama-se aquilo um forno.
E ali é que fazem o carvão.
Está a moer debaixo daquela terra.
Está lá a moer debaixo daquela terra
[pausa] De maneira que depois, passado uns tempos, vem lá os homens todos destapar aquilo –
Depois é ensacado em ca- em sacas
e vem vendido para os carvoeiros, para venderem.
INF Isso os buraquinhos é por onde é que deita o fumo.
Está sempre a deitar aquele fumo
e está a respirar para fora.
INF Quando está a meter a madeira?
Está a meter a madeira para, para para largar mais fogo.
INF Empoar? [vocalização]
que é para abafar, que é para deixar deitar a aquela coisa.
Havia tantos fornos – disto!
[pausa] [vocalização] Houvia gente mesmo a fazer isso.
[vocalização] Aqui, agarrado aqui, isso juntava-se se juntava sempre gente aí a fazer fornos de carvão.
Houvia aí dois homens que vendiam carvão com duas parelhas de mulas [pausa] – como esses carros lá do Alentejo –,
e era o… – chamava-se Aretino.
Tinha uma parelha de mulas cada um
e andavam sempre a carregar carvão aí da charneca, para venderem aqui em Alcochete.
Andavam à roda da vila a vender às sacas
e tinham casas a vender mesmo de propósito aos quilos.
INF E não se vê já um homem aqui perto fazer um forno de carvão – [pausa] mesmo dentro da charneca.
Já [vocalização], agora, mesmo o carvão, [pausa] se há algum, é lá para o Alentejo!
[pausa] Que está aí dois carvoeiros:
[vocalização] aquele ali nem tem carvão,
[pausa] É mesmo pouco que vem para aí.
[pausa] É mesmo pouco que vem para aí!
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