Representação em frases

Alvor, excerto 20

LocalidadeAlvor (Portimão, Faro)
AssuntoOs barcos e a pescaOs peixes e outros animais marinhos
Informante(s) Apolinário Ápio

Texto: -


[1]
INF1 Uma cobra?
[2]
Uma eiró.
[3]
INF2 Ah!
[4]
Eiró.
[5]
É enguia
[6]
INF2 , é, no norte,
[7]
e , é eiró.
[8]
São dois nomes.
[9]
INF2 Havia e .
[10]
INF2 E .
[11]
Havia e .
[12]
E eu
[13]
Havia muitos,
[14]
mas como o rio está [pausa] assim um pedacinho estragado,
[15]
mas ainda.
[16]
Ainda .
[17]
, bastante.
[18]
INF2 Pesca-se, quando calha.
[19]
Assim, ele passa principalmente de Inverno
[20]
[pausa] o que não havia de haver:
[21]
as fisgas que arrebentam com elas logo em pequeninas.
[22]
INF2 Que eu sou pescador e condeno.
[23]
tenho ali uma vara para comprar uma fisga,
[24]
mas [pausa] vejo que é injusto,
[25]
não compro fisga.
[26]
Elas arrebentam com elas pequeninas, porque estão no criadouro, estão nos olheiros, e eles vão, traçam.
[27]
As pequeninas, traçam pelo meio que não têm utilidade nenhuma logo do tamanho duns alfinetes!
[28]
INF1 Põem sal para apanhá-las!
[29]
INF2 Pouco começam a crescer do tamanho duns alfinetes.
[30]
Assim como tenham da grossura do dedo mindinho ou mesmo mais pequenas, eles [vocalização] arrebentam com elas todas, com a fisga.
[31]
Nunca existiu a fisga!
[32]
E é proibido.
[33]
E os faróis
[34]
Isto, isto está tudo mal!
[35]
uns que andam hoje que apanham o linguado, desde pequenino, para três ou quatro homens que se dedica dedicam à bebida.
[36]
Porque esses homens não querem trabalhar e andam sempre na bebida e vão ganhar quinze ou vinte mil réis, ou ou duzentos ou trezentos mil réis
[37]
Esses, não pagam eles direitos ao Estado.
[38]
Esses, não pagam eles direitos ao Estado.
[39]
E matam o linguadinho desde o pequenino [pausa] até o grande, [pausa] desde que eles nascem!
[40]
[pausa] Que gente para tudo.
[41]
Enrolam aquilo com farinha
[42]
e comem.
[43]
Mas aquilo não lucro nenhum.
[44]
o que é que eles ganham cinquenta ou setenta mil réis ou oitenta para bebida.
[45]
Afinal aquilo é alguma fartura?!
[46]
Mas então eles podiam ir mariscar de dia,
[47]
com os pés apanhavam [pausa] cinco ou seis peixes daqueles,
[48]
vendiam
[49]
Era lucro [pausa] para quem comia
[50]
e era lucro para toda a gente.
[51]
Assim, matam logo em pequeninos que isto não vai parar nada neste rio.
[52]
A um rio tão rico, não vai parar nada!
[53]
Isto está num relaxo que ninguém faz caso disto.
[54]
[vocalização] Hoje em dia ninguém faz caso do nosso rio de Alvor.
[55]
Está desprezado.
[56]
Numa terra de tanto pescador, ninguém olha.
[57]
E às vezes a olhar:
[58]
"Vai-se fazer aqui quê"?!
[59]
"Eu não conheço ninguém".
[60]
Se eu conhecesse, eu falava!
[61]
Falava
[62]
e sabia.
[63]
E sabia pouco mais ou menos.
[64]
Assim não sabia es- não sabia as palavras muito [pausa] políticas,
[65]
mas falava como sabia.
[66]
Sabia resolver o assunto, pouco mais ou menos.

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