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Alvor, excerto 25

LocalidadeAlvor (Portimão, Faro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Ápio

Text: -


[1]
INF Eu fui um, um um escravo em escr- escravidão
[2]
Quando quis orientar a minha vida porque nada tinha, é claro, as coisas são assim, e eu fui um escravo , eu cheguei a d- a me deitar ao mar, de noite, ir daqui [pausa] a remo.
[3]
Ia-me deitar além à barra, de noite, ao mar, com água pelos peitos, nu, [pausa] para vencer a maré, para vencer a vida, para não voltar para trás, por causa que a maré não deixava a gente seguir.
[4]
Porque não tinha-se motores, não tinha nada.
[5]
Cheguei a ir nu.
[6]
Chegava de fora da barra, dentro do Hugo, a tremer com o frio, quase quase a rilhar com a frieza.
[7]
A gente chegávamos ao Hugo,
[8]
que não tinha medo nenhum.
[9]
Pois, e agora, agora, a pessoa vai mais [pausa] tendo mais tremor, mais medo!
[10]
Ele nunca me olhava a nada, nunca tinha medo nenhum!
[11]
E mesmo
[12]
[vocalização] Então, que eu, eu andei vários anos aqui à vela, ao dia.
[13]
Ia ao dia.
[14]
Mas o senhor agora pode perguntar,
[15]
pode calhar ali,
[16]
ou pode perguntar a qualquer pessoa: o tio Aprígio, o rapaz que está abaixo, que foi contramestre.
[17]
Sem ser Aprígio dois:
[18]
o tio e o sobrinho.
[19]
Aprígio foi contramestre.
[20]
Aprígio!
[21]
E eles dizem-lhe
[22]
Se um qualquer querer dizer mal, mas os outros não deixam.
[23]
À confiança.

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