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Cabeço de Vide, excerto 12

LocationCabeço de Vide (Fronteira, Portalegre)
SubjectOs cereais
Informant(s) André
SurveyALEPG
Survey year1994
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF Eu depois abalei de lá
[2]
e fui para a Câmara.
[3]
Dessa vez que eu fiz essa mudança, fui para a Câmara.
[4]
Mas passava lá à porta.
[5]
[pausa] Um dia entra entro lá dentro do do pátio
[6]
e digo assim:
[7]
"Senhor Anfidemos, [vocalização] venho-lhe aqui fazer uma procura".
[8]
No fim duns dias já depois de aquilo estar tudo nascido.
[9]
[vocalização] "Que tal está a sementeira do Almo"?
[10]
– Que era essa herdadola –.
[11]
"Que tal está a sementeira do Almo?
[12]
Que tal está lá o trigo"?
[13]
E diz ele assim:
[14]
"Está bom, ó tio André".
[15]
"Mas ouça lá:
[16]
está bom para me fazer jeito ou está mesmo de verdade bom"?
[17]
"Não.
[18]
Está mesmo de verdade.
[19]
Está bom".
[20]
"Então e diga-me uma coisa:
[21]
e então a alpista no Terracha"?
[22]
– Era outro sítio –.
[23]
"A alpista no Terracha, que tal está a alpista"?
[24]
[vocalização] "Está boa".
[25]
"Mas está boa para me fazer jeito [pausa] ou está de verdade mesmo boa"?
[26]
"Está mesmo de verdade.
[27]
Está boa".
[28]
E eu volto-me para ele
[29]
e digo-lhe aqui digo eu aqui assim:
[30]
"Ouça lá, senhor Anfidemos,
[31]
você lembra-se daquilo que lhe eu disse ali?
[32]
Que os patrões dão cabo da sementeira e depois os trabalhadores é que ficam com a carga?
[33]
Se eu fizesse como você queria…
[34]
Se ela está boa, então não ficava boa de certeza"!
[35]
Porque o caso é este:
[36]
ora, eu via muito bem o que ia fazer.
[37]
Mas quando o vento me dava de costas, eu fazia assim
[38]
e abria [pausa] a semente à minha vontade.
[39]
Mas quando o vento me dava de caras – aquilo era uma semente leve –,
[40]
não podia ser eu levar elevar essa largura,
[41]
porque eu na- a semente não alcançava a largura que eu que eu queria.
[42]
E então [pausa] levava a largura que eu via que podia alcançar – por causa do vento.
[43]
De maneiras que o homem não f-…
[44]
Ah, e quando eu acabei de dizer aquilo, ele diz assim:
[45]
"Ó tio André!
[46]
Essa não vem embalde.
[47]
O que você está a dizer eu já estava à espera que você dissesse isso".
[48]
"Ai sim?
[49]
Então se você estava à espera era porque você via que efectivamente que era verdade o que lhe eu tinha dito".

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