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Cabeço de Vide, excerto 41

LocalidadeCabeço de Vide (Fronteira, Portalegre)
AssuntoO linho, a lã e o tear
Informante(s) André

Text: -


[1]
INF Eu gramei o linho dois anos [pausa] com um homenzito que era da Beira.
[2]
Havia aqui um tipo qualquer que corria aqui o Alto Alentejo todo a fazer cordas [pausa] de linho, de cabelo, de junça, [vocalização] de várias coisas.
[3]
E então havia ali a quinta do Peão.
[4]
O homem semeava muito coiso,
[5]
porque tinha uma lavradoria muito grande.
[6]
E então [pausa] houve um ano que o homem veio para ali com a gramadeira [pausa] à frente dos dos que viu que faziam as cordas.
[7]
Porque era para quando os os que faziam as cordas chegarem,
[8]
estava
[9]
Porque aquilo o que fica é a pele do linho.
[10]
O que faz as cordas é a p- a pele da da planta.
[11]
INF Linho.
[12]
Cordas de linho.
[13]
É [vocalização] Era o nome que tinha era cordas de linho.
[14]
E então, quer dizer, a passagem dos do coiso ia moendo [vocalização] o pau o pauzinho que tinha o linho dentro.
[15]
Ia moendo
[16]
e ia caindo para baixo.
[17]
Ia caindo.
[18]
o que andava por cima era, era era [vocalização] o que fazia a corda;
[19]
era a pele.
[20]
E então, ali andávamos coiso.
[21]
E [vocalização] E aquela gente era um bocadinho judeus uns para os outros.
[22]
Eu tinha visto fazer aquilo;
[23]
e [vocalização] e [vocalização] era um um grado
[24]
e era um pequenino.
[25]
E o, e o E o grado, de cada vez em quando, estava a rodar assim para além,
[26]
voltava de repente
[27]
e pregava com a maniota com a outra maniota no coiso.
[28]
Porque é, eu para onde roda uma, roda a outra.
[29]
[pausa] E eu, no fim, quando foi aos dois anos, eu digo assim para o rapaz que estava [pausa] a gramar o linho que era o que ia por conta do tal mestre Antoliano ,
[30]
eu digo assim:
[31]
"Ó Antolino, [pausa] eu gostava que tu me fizesses a mim [pausa] estândomos a gente a falar o que vocês costumam a fazer aos gaiatos, bater-lhe com as maniotas na mão".
[32]
[pausa] "É ".
[33]
O gajo para mim:
[34]
"É ".
[35]
[pausa] Digo assim:
[36]
"Pronto!
[37]
Em tu querendos"!
[38]
E diz-me ele assim para mim:
[39]
"Mas você não me segure a maniota".
[40]
"Não seguro;
[41]
eu deixo-a andar à vontade".
[42]
Porque, é claro:
[43]
buuum-buuum!
[44]
[vocalização] Buuum-buuum!
[45]
INF Pois.
[46]
Cada um tocava em sua maniota.
[47]
[vocalização] O gajo quando parou estava estafado!
[48]
[pausa] E faz assim para mim:
[49]
"Ó alma dum raio, que não sou capaz de lhe tirar a maniota da mão"!

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