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Cabeço de Vide, excerto 41
Text: -
INF Eu gramei o linho dois anos [pausa] com um homenzito que era aí da Beira.
Havia aqui um tipo qualquer que corria aqui o Alto Alentejo todo a fazer cordas [pausa] de linho, de cabelo, de junça, [vocalização] de várias coisas.
E então havia ali a quinta do Peão.
O homem semeava muito coiso,
porque tinha uma lavradoria muito grande.
E então [pausa] houve um ano que o homem veio para ali com a gramadeira [pausa] à frente dos dos que viu que faziam as cordas.
Porque era para quando os os que faziam as cordas chegarem,
Porque aquilo só o que fica é a pele do linho.
O que faz as cordas é a p- a pele da da planta.
É [vocalização] Era só o nome que tinha era cordas de linho.
E então, quer dizer, a passagem dos do coiso ia moendo [vocalização] o pau o pauzinho que tinha o linho dentro.
Só o que andava por cima era, era era [vocalização] o que fazia a corda;
E então, ali andávamos coiso.
E [vocalização] E aquela gente era um bocadinho judeus uns para os outros.
Eu já tinha visto fazer aquilo;
e [vocalização] e [vocalização] era um um grado
E o, e o E o grado, de cada vez em quando, estava a rodar assim para além,
e pregava com a maniota – com a outra maniota – no coiso.
Porque é, eu para onde roda uma, roda a outra.
[pausa] E eu, no fim, quando foi aos dois anos, eu digo assim para o rapaz que estava [pausa] a gramar o linho – que era o que ia por conta do tal mestre Antoliano –,
"Ó Antolino, [pausa] eu gostava que tu me fizesses a mim – [pausa] estândomos a gente a falar – o que vocês costumam a fazer aos gaiatos, bater-lhe com as maniotas na mão".
E diz-me ele assim para mim:
"Mas você não me segure a maniota".
eu deixo-a andar à vontade".
[vocalização] Buuum-buuum!
Cada um tocava em sua maniota.
[vocalização] O gajo quando parou estava estafado!
[pausa] E faz assim para mim:
"Ó alma dum raio, que não sou capaz de lhe tirar a maniota da mão"!
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