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Cabeço de Vide, excerto 44

LocationCabeço de Vide (Fronteira, Portalegre)
SubjectNão aplicável
Informant(s) André
SurveyALEPG
Survey year1994
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Aqui muitos anos [vocalização], aqui, estas áreas aqui, era aqui combatida dos lobos.
[2]
E os lavradores queixavam-se [pausa] que, de vez em quando, [pausa] ovelhas, cabras, coisas dessas assim, os lobos perseguiam isso .
[3]
E depois, a serra de São Mamede é que era que pagava, [pausa] que era o quartel do, do dos lobos.
[4]
[vocalização] E então os lavradores [pausa] fizeram uma reclamação ao Estado
[5]
[pausa] e e fizeram uma batida na serra na serra de São Mamede, aos lobos.
[6]
Apanharam tantos como é que se não fossem.
[7]
[vocalização] Eu fui .
[8]
[pausa] A gente fomos começar para o lado de Alegrete é que a gente começou na serra direito mesmo à serra de São Mamede.
[9]
[pausa] Oh , então eu, [pausa] eu passei a sítios
[10]
[pausa] tinha que fazer assim aos pinheiros para ser capaz de passar!
[11]
[pausa] Porque era pinheiros que davam para vergar.
[12]
Mas no sítio onde eu passei, dali para baixo, havia ali [vocalização] um coiso qualquer de [vocalização] de corrente de água,
[13]
e em baixo havia um rochedo,
[14]
e ao fundo do rochedo fazia um grande pego [pausa] de água.
[15]
E donde estava pus-me a contar o pessoal que estava .
[16]
Ao Ao desse pego contei trinta pessoas!
[17]
Estou convencido que de, de de mim até aonde estavam esses, não ia não passou ninguém.
[18]
[pausa] Os lobos tinham muito campo para ficarem.
[19]
Não passou ninguém
[20]
porque o caso era este:
[21]
é que [vocalização] o mato, juntamente ao- aos pinheiros, [pausa] era muito.
[22]
E então a carumba ia caindo em cima daquele mato,
[23]
ia acamando o mato.
[24]
Mas acamava até um certo ponto.
[25]
Havia vezes que eu levava assim um pau
[26]
e punha o pau assim
[27]
e sumia-se-me o pau [pausa] todo [pausa] para chegar ao chão.
[28]
[pausa] E outras vezes eu não punha o pau,
[29]
eu punha os pés,
[30]
ia logo para baixo, [pausa] até chegar ao chão.
[31]
Era a carumba que estava [pausa] no coiso.
[32]
Parecia que era o chão
[33]
mas não era o chão.
[34]
Era o mato que estava debaixo da carumba.

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