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Cabeço de Vide, excerto 46

LocationCabeço de Vide (Fronteira, Portalegre)
SubjectO lenhador e o forno de carvão
Informant(s) André
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Aquilo quando é que [vocalização] que se começava a fazer um forno desses que era o que se chamava também era um forno , [vocalização] punha-se; [pausa] uns paus [pausa] assim no chão.
[2]
[pausa] Um aqui, o outro além.
[3]
E aqueles madeirões às vezes, troços de árvores, inteirinhas e direitas punha-se atravessado em cima daqueles paus,
[4]
[pausa] que era para não ficarem assentes no chão.
[5]
[pausa] Que era para quando o lume chegava,
[6]
[pausa] eles estavam no ar,
[7]
e o lume apanhava-os bem.
[8]
E se estivessem assentados assentes no chão, o lume não os apanhava.
[9]
Porque a parte que estava assente no chão ficava sempre crua.
[10]
Não ficava cozida;
[11]
não ficava a fazer carvão.
[12]
E então [pausa] aquilo era posto assim
[13]
e depois dali era ir encostando madeira, madeira, madeira.
[14]
[vocalização] Quer dizer, ficavam uns deitados, assim a fazer um certo vulto,
[15]
e depois era postos assim de .
[16]
Encostados;
[17]
todos encostados;
[18]
todos encostados.
[19]
Mas, quer dizer, [vocalização] a deixar [pausa] buracos pequenos;
[20]
[pausa] porque, é claro, a madeira encostada uma à outra fica sempre buracos e [vocalização] .
[21]
E se ficasse buracos grandes, aquilo avagava muito [pausa] e podia abrir uma aberta na terra;
[22]
[pausa] e desde essa aberta, começava a sair o lume por ,
[23]
começava a fazer cinza em vez de fazer carvão.
[24]
INF Estava a enfornar.
[25]
INF Isso era depois de a terra estar posta, [pausa] é que ficava [pausa] uns buracos assim [vocalização] perto do chão.
[26]
[pausa] .
[27]
E depois assim ao meio d-, do, do da altura do do coiso [pausa] ficava também outros buracos na terra [pausa] para coiso.
[28]
E ficava um no cimo.
[29]
E quando [pausa] o lume perseguia um sítio daqueles buracos [pausa] via-se logo.
[30]
Por o fumo, via-se logo que o lume que estava a trabalhar forte naquele sítio.
[31]
Punha-se-lhe um terrão em cima
[32]
[pausa] e se se visse que aquilo que estava a demasiar um bocadinho, punha-se-lhe terra para cima
[33]
que era para tapar a respiração,
[34]
que era para o lume não ir .
[35]
Porque se o lume começasse continuasse a fazer, fazia era cinza;
[36]
não fazia carvão.

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