R&D Unit funded by

Sentence view

Cedros, excerto 11

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Joana

Text: -


[1]
INF Ora, depois de o porco estar aberto, era com as pessoas da casa que se fazia.
[2]
Portanto, o que é que se comia nesse dia?
[3]
Ora, nesse dia se era muito cedo que se matava o porco
[4]
, matava-se o porco e depois ia-se comer sopinhas de leite com inhames e pão de milho na manhã, a primeira refeição.
[5]
Ao meio-dia, tirava-se um bocado de [vocalização] de fígado, depois de o porco estar aberto, portanto um bocado de fígado, e [vocalização] um bocadinho de bife de, de de carne, de bife de lombo, mas para a família da casa comer.
[6]
Havia alguém que fazia caçoila mas para a ceia, junto com a morcela, quando cozia a morcela.
[7]
Portanto, lavavam-se as tripas e depois fazia-
[8]
Mas então depois de o porco sangrado, ia-se misturar o [vocalização] o sangue nas cebolas que tinham sido partidas na véspera.
[9]
[pausa] O que é que se punha nas morcelas?
[10]
Pois punha-se aguardente, um copo de aguardente nunca me lembro de fazer aguar- [vocalização] morcelas sem ter um copo de aguardente , aguardente, alho-bravo, umas folhinhas de alho-bravo, salsa e a cebola que tinha sido partida na véspera, cominhos, canela moída e [vocalização] e um pouquinho de colorau, pouco.
[11]
INF Pão não.
[12]
E jamaica.
[13]
Era isto o que se fazia na morcela.
[14]
E ficava aquela cebola a absorver aquele sangue enquanto se iam lavar as tripas.
[15]
Depois das tripas lavadas, pois vínhamos para casa encher as tripas e cozer as morcelas.
[16]
[pausa] Era então o estilo do lugar ter um pratinho com figos passados e aguardente.
[17]
E os vizinhos ia tudo ver os porcos uns dos outros.
[18]
Ninguém desmanchava o porco sem que o, os fosse visitado o porco pelos vizinhos.
[19]
E então eles diziam que era a luz,
[20]
porque queriam a luz para ver o porco.
[21]
Era então o copinho de aguardente com o figo passado.
[22]
[vocalização] E era Depois, para desmanchar o porco, era a família da casa .
[23]
Não havia festa de matanças.
[24]
INF No próprio dia à noite.
[25]
No próprio dia à noite.
[26]
Havia muito então entusiasmo em criar o porco melhor.
[27]
Havia [vocalização] ver qual é que tinha mais toucinho,
[28]
porque o porco era apreciado era por ter muito toucinho.
[29]
Portanto, as pessoas iam,
[30]
até havia alguém que trazia as medidas:
[31]
"Olha, o meu porco tinha tanta medida"!
[32]
Até eles diziam que era couto.
[33]
O couto era menos de palmo
[34]
mas era uma distância.
[35]
o que tinha quatro dedinhos de toucinho não era muito
[36]
mas era razoável.
[37]
Depois, [pausa] em minha casa nunca aconteceu isso,
[38]
mas muitos vizinhos meus coziam as morcelas
[39]
e iam no outro dia de manhã vender as morcelas e vender um bocadinho de fígado,
[40]
alguns iam vender a cabeça, para ajuda da vida.
[41]
Alguns para ajuda de comprar um outro porquinho para pôr na rua porque havia
[42]
Praticamente toda a pessoa pouca gente criava porcos porcas para leitões.
[43]
Era o porquinho do Natal;
[44]
quando matavam um, punham outro para o outro Natal a seguir.
[45]
[vocalização] Vendiam,
[46]
iam
[47]
Ficavam as uns a derreter o porco em casa
[48]
e os outros iam fazer o seu negócio.
[49]
Como os porcos eram todos mortos no mesmo dia, as pessoas tinham todos o seu negócio ele pronto para ir fazer no dia seguinte.
[50]
[vocalização] Iam para a cidade, para Cima da Lomba, vender as morcelas e vender muitas vezes a cabeça do porco.
[51]
Algumas pessoas, que iam fazer esse dito negócio dos tapetes, deixavam as suas cabeças e as suas morcelas,
[52]
traziam-nas encomendadas para quando as tivessem, ir vender.
[53]
[vocalização] Depois, faziam a vinha-de-alhos, ele os, os seus praticamente poucos torresmos, muita linguiça.
[54]
Faziam muita linguiça porque a linguiça era muito vendida.
[55]
As pessoas usavam pouca linguiça não é porque não a gostassem de a comer,
[56]
é porque precisavam do dinheirinho
[57]
e era uma maneira de fazer o dinheiro.
[58]
Muita gente ia vender a sua linguiça.
[59]
[vocalização] Faziam as vinha-de-alhos
[60]
e depois, ao fim de quatro, cinco dias, enchiam a linguiça,
[61]
rosavam-na
[62]
e iam,
[63]
ven- vendiam a linguiça ao metro.
[64]
Não era ao peso.
[65]
[vocalização] [pausa] Alguns também não eram muito sérios,
[66]
depois também as pessoas nem gostavam muito das linguiças, porque às vezes eram falsificadas.
[67]
Metiam mui- Em vez de meter carne boa, metiam muitas gorduras para para acrescentar o tamanho da vara.
[68]
De maneira que depois de o porco [pausa] depois de as pessoas, [vocalização] à noite, terem o porco desmanchado olha! , não ha- não havia [pausa] festa familiar.
[69]
Mesmo que houvesse pessoas
[70]
Que eu conhecia aqui um caso, que era um pai que tinha aqui três, quatro filhos a viver junto, na sua vizinhança,
[71]
mas estavam matando o seu porco.

Edit as listText view